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Mina em Barão de Cocais pode ter deslizamento na próxima semana

Temor da Defesa Civil é que colapso provoque rompimento de barragem de rejeitos; cidade foi colocada em alerta máximo há 2 meses

16 mai 2019 - 16h58
(atualizado em 19/5/2019 às 04h13)
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BELO HORIZONTE - Documento emitido pela mineradora Vale afirma que a mina Gongo Soco, em Barão de Cocais, na região central de Minas, pode sofrer deslizamento entre o próximo domingo, 19, e o sábado, 25. O principal temor da Defesa Civil estadual é que o colapso da estrutura provoque um abalo sísmico e o rompimento da barragem Sul Superior, que armazena rejeito de minério de ferro.

O documento foi obtido pelo Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), que afirma que uma deformação já foi identificada no talude ao norte da mina, uma estrutura feita de escadarias de grandes proporções formadas ao redor da cava, onde o minério de ferro é extraído. Segundo o Ministério Público, a deformação pode provocar a ruptura do talude. Como consequência, o abalo geraria uma vibração no solo capaz de ocasionar a liquefação da barragem de minérios. O rompimento da estrutura levarias a "danos sociais e humanos imensuráveis para a região", segundo o MPMG.

As informações, ainda segundo a promotoria, estão em relatório de monitoramento geotécnico feito pela Vale entre os dias 7 e 13 de maio. Conforme o MP, o relatório diz que "as trincas no talude estão evoluindo e os dados de monitoramento demonstram que a movimentação no talude norte da cava está aumentando."

"Caso venha acontecer a ruptura no talude norte, não é possível afirmar se a vibração decorrente desta ruptura poderá causar um gatilho para liquefação da Barragem Sul", prossegue o relatório.

Alerta máximo

A barragem foi colocada em alerta máximo de rompimento em 22 de março. Por este status, a estrutura pode ruir a qualquer momento. Moradores que estão muito próximos à represa e não teriam condições de fugir para local seguro, na chamada "área de autossalvamento" da barragem, foram retirados de suas casas em 8 de fevereiro.

Os moradores da chamada zona secundária, na qual se inclui a cidade de Barão de Cocais, e que têm tempo suficiente para escapar da lama, passaram por simulado de evacuação em 25 de março, com a indicação de pontos para os quais devem se dirigir em caso de rompimento da barragem.

Com a possibilidade de deslizamento, o MP expediu nesta quinta, 16, recomendação para que a Vale adote medidas com o objetivo de informar a população de Barão de Cocais, que tem cerca de 32 mil moradores, sobre os riscos.

A promotoria requer que a Vale passe "por meio de carros de som, jornais e rádios", informações claras sobre a atual condição da estrutura da barragem e os impactos de um eventual rompimento a quem estiver na área.

A recomendação prevê também que a empresa forneça imediatamente apoio logístico, psicológico e médico, além de alimentos, medicação e transporte. O MP recomenda que a mineradora mantenha o postos nas cidades de Barão de Cocais, Santa Bárbara e São Gonçalo do Rio Abaixo, com funcionamento 24 horas. Os municípios Santa Bárbara e São Gonçalo do Rio Abaixo também devem ser atingidos pela lama. O documento, emitido na tarde desta quinta, dá prazo de seis horas para que a empresa envie ao MP informações sobre as ações adotadas ou que estejam sob planejamento para o atendimento à população dos municípios.

'Não há elementos técnicos'

A Vale afirmou que "não há elementos técnicos até o momento para se afirmar que o eventual escorregamento do talude norte da cava da mina Gongo Soco desencadeará gatilho para a ruptura da narragem Sul Superior" e que, a empresa está "reforçando o nível de alerta e prontidão para o caso extremo de rompimento".

A mineradora ainda afirma que intensificará a veiculação de informações sobre a situação da mina, em rádios da região e por meio de panfletagem, conforme a orientação do MP. Um novo simulado de evacuação será realizado às 15h deste sábado, 18, segundo a mineradora, para reforçar o treinamento da população. "As equipes da Vale vão apoiar a realização do simulado, que será conduzido pela Defesa Civil", disse a Vale, em nota.

A empresa diz ainda já ter utilizado "meios de comunicação de massa para divulgar a situação na mina Gongo Soco", e que "foram enviadas notas para a imprensa nacional e regional, publicadas informações em redes sociais da empresa (incluindo postagens patrocinadas para aumentar a visibilidade das informações nas regiões possivelmente afetadas), além de informes para grupos de WhatsApps de comunidades das ZAS (Zona da Autossalvamento) e das ZSS (Zona de Segurança Secundária)".

Estadão
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