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Alemanha é o terceiro país que mais sofre com clima extremo

5 dez 2019 - 18h02
(atualizado às 18h13)
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Com o aquecimento global, aumentam os desastres relacionados ao clima, e cada vez mais pessoas morrem em consequência de ondas de calor, secas e tempestades. Japão e Filipinas estão no topo do ranking dos mais atingidos.Até que ponto os eventos climáticos extremos causam mortes e prejuízos financeiros ao redor do mundo? E quais são os países mais afetados? As respostas para essas perguntas estão no Índice Global de Risco Climático.

As perdas relacionadas ao clima extremo na Alemanha somaram 4,5 bilhões de euros em 2018
As perdas relacionadas ao clima extremo na Alemanha somaram 4,5 bilhões de euros em 2018
Foto: DW / Deutsche Welle

Há 14 anos a organização ambientalista e de desenvolvimento alemã Germanwatch divulga seu relatório anual no âmbito da Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas, como a que ocorre nesta semana em Madri (COP25).

Os dados referentes ao ano de 2018 revelam que os três países atingidos mais intensamente pelo clima extremo foram o Japão, as Filipinas e a Alemanha.

As informações são obtidas no banco de dados NatCaTSERVICE, da empresa resseguradora Munich Re. - um dos maiores bancos de dados do mundo sobre o clima - e cobrem 30 mil desastres naturais em todo o mundo, possibilitando a comparação de eventos meteorológicos extremos em países diferentes.

Além disso, o NatCaTSERVICE permite que especialistas determinem um ranking global a partir do número de mortes por milhão de habitantes e do total de prejuízos ao Produto Interno Bruto (PIB) de cada país.

No topo do ranking em 2018 está o Japão, que registrou 1.282 mortes em razão de chuvas extremas, ondas de calor e tufões no ano passado. Os prejuízos chegaram ao equivalente a 32 bilhões de euros e resultaram em uma perda de 0,6% no PIB do país.

Em 2018, o país asiático foi atingido por três eventos climáticos extremos. Em julho, chuvas de intensidade acima do normal geraram enchentes e deslizamentos de terra, causando mais de 200 mortes. Mais de 5 mil residências foram danificadas, e 2,3 milhões de pessoas tiveram de deixar suas casas. Os prejuízos foram de 6 bilhões de euros.

Algumas semanas após as fortes chuvas, uma onda de calor intenso elevou a temperatura nacional para o patamar recorde de 41,4 ºC, registrados na cidade de Kumagaya, na região central do Japão. Ao menos 138 pessoas morreram, e mais de 70 mil tiveram de ser hospitalizadas por exaustão e choques de calor.

Já em setembro, o tufão Jebi se tornou o mais forte a atingir o país em 25 anos, gerando prejuízos de cerca de 11 bilhões de euros.

As Filipinas, em segundo lugar no ranking, sofreram os efeitos do tufão Mangkhut, o mais forte registrado em todo o ano de 2018, que devastou o norte do país com ventos de até 270 quilômetros por hora. Mais de 250 mil pessoas foram afetadas, com várias mortes causadas por deslizamentos de terra.

Segundo o NatCaTSERVICE, o clima extremo gerou em 2018 nas Filipinas 455 mortes, além de prejuízos que chegaram a mais de 4 bilhões de euros, o que corresponde a uma perda de 0,5% do PIB do país.

A Alemanha ficou em terceiro na lista de países mais afetados pelo clima extremo após sofrer ondas de calor e secas intensas. Entre abril e julho de 2018, a temperatura média no país foi de 16,6 ºC - 2,9 graus mais alta do que no período pré-industrial (por volta do ano 1870). Foi a média mais alta já registrada nessa época do ano.

De acordo com o banco de dados da Munich Re., a onda de calor foi responsável por 1.246 mortes em 2018, com o país enfrentando enormes perdas em suas colheitas. A Associação dos Fazendeiros Alemães (DBV) calcula que os prejuízos em algumas regiões variaram entre 50% e 70%. Em torno de 8 mil produtores rurais entraram com pedidos de ajuda emergencial, fazendo com que os governos federal e estaduais liberassem 340 milhões de euros.

A Alemanha também sofreu graves prejuízos com as chuvas entre janeiro e setembro. Ao todo, as perdas relacionadas ao clima extremo no país somaram 4,5 bilhões de euros em 2018, o que corresponde a uma queda de 0,1% no PIB.

Um relatório recente do governo alemão alertou contra os graves efeitos das mudanças climáticas no país. O documento revela que a temperatura média do ar aumentou 1,5 grau entre 1881 e 2018, e 0,3 grau apenas nos últimos cinco anos. "É inimaginável o que significaria se [o aquecimento] se mantiver nesse nível", disse a ministra alemã do Meio Ambiente, Svenja Schulze, ao apresentar o relatório em novembro.

Ajuda a países pobres

"O Índice Global de Risco Climático mostra que os enormes impactos das mudanças climáticas estão aumentando em todo o mundo", afirma Maik Winges, coautor do relatório.

"Países industrializados como Alemanha ou Japão estão sendo cada vez mais afetados. Em comparação, os países mais pobres do mundo estão expostos a riscos ainda maiores, especialmente porque receberam até agora pouca ajuda diante dos prejuízos e perdas que sofreram pela ação dos maiores culpados pelas mudanças climáticas", diz.

Mais de 495 mil pessoas em todo o mundo foram mortas pelo clima extremo nos últimos 20 anos, diz o relatório da Germanwatch. O total de prejuízos econômicos durante esse período chegou a 3,2 trilhões de euros.

Os autores do relatório mencionam Porto Rico como um exemplo do crescente número de países em quem um único furacão devastador é capaz de causar danos de grandes proporções que necessitam de anos para serem reparados.

Outra tendência também está em crescimento: "Em países como Haiti, Filipinas e Paquistão, as condições extremas do clima ocorrem em intervalos tão curtos que os deixam com poucas possibilidades de se recuperarem desses desastres", afirma Vera Künzel, coautora do relatório, durante a COP25 em Madri.

Por esse motivo, ela afirma ser importante que as nações mais pobres recebam o apoio adequado dos países que impulsionam as mudanças climáticas, não apenas no que diz respeito à adaptação, mas também em relação aos inevitáveis prejuízos e perdas. Sete dos dez países mais afetados pelo clima extremo nas últimas duas décadas são classificados como nações em desenvolvimento.

"Essa Conferência do Clima deve encontrar respostas para a questão de como a quantidade de apoio necessária nos países pobres deve ser determinada regularmente, e também como essa ajuda financeira pode ser fornecida", observa Künzel.

O Brasil está na 91ª posição do Índice Global de Risco Climático, com 38 mortes causadas pelo clima extremo em 2018, e prejuízos de cerca de 39 milhões de euros.

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