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Mulheres negras precisam mesmo de um dia só para elas?

O dia 20 de julho trata das opressões de mulheres que, talvez, não foram acolhidas devidamente nem na luta de raça e nem de gênero

25 jul 2025 - 14h53
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Assim como o dia oito de março, o dia 25 de julho não é sobre festejos, e sim sobre fortalecer
Assim como o dia oito de março, o dia 25 de julho não é sobre festejos, e sim sobre fortalecer
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Hoje, 25 de julho, é celebrado o Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha. No Brasil, a presidenta Dilma Rousseff transformou o dia em comemoração nacional e ganhou a alcunha de Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra. Tereza foi líder de grande destaque do Quilombo do Quariterê no século XVIII, ela foi notável por otimizar não só questões de plantio e colheita, mas também exímia ao que tange produção de armas para defesa e fomentação da produção têxtil para comércio. Assim como o dia oito de março, o dia 25 de julho não é sobre festejos, e sim sobre fortalecer, divulgar e fomentar a luta das mulheres negras que são a maioria das vítimas justamente por carregarem o gênero e a raça que uma sociedade racista e machista mais odeia.

Quando falamos em questão de gênero é sabido que mulheres negras lideram os índices negativos de todas as opressões sofrida por mulheres cis. Então quando falamos de feminicídio, violência obstétrica, encarceramento, desemprego, baixos salários, mulheres em situação de rua, aborto espontaneo por falta de acompanhamento no pré-natal, entre outros, as mulheres pretas lideram em todos os niveis, infelizmente. Logo, pensar como a raça vem impactando esses corpos na diáspora brasileira é de suma importância para levar ao combate de tamanho descaso.

Quando falamos em questão racial as mulheres negras, apesar de não liderarem todos os índices, já que, homens negros, são a maioria dos mortos, ecarcerados, que abandonam a escola, e que, todos esses tem a ver com a ideia deturpada de masculinidade que atravessa também homens negros, elas tem atravessamentos particulares e que muitas vezes dentro do proprio movimento negro é mitigado em busca de promover apenas demandas de ambos os generos. Para além disso mulheres negras ainda recebem menos que homens negros, seguem sendo vitimas dos seus pares de raça e, por vezes, veem pouco movimento para mudanças significativas nesse sentido. Inclusive isso é, também, uma autocrítica.

Com o que foi dito, fica exemplificado que nem o 20 de novembro e nem o 8 de março são suficientes para trazer à evidência as violências particulares que as mulheres negras brasileiras, e em quase toda diáspora, sofrem. Então se faz muito necessário um dia para que elas busquem equidade dentro da sociedade respeitando suas dores particulares. Se mulheres negras não se sentiram acolhidas na totalidade no dia oito e no dia vinte, elas têm todo o direito de buscar uma data em que os holofotes estejam apontados para sanar suas dores. O que, nem de longe, queira dizer que os outros dias não tenham sua importância e impactam diretamente na vida desse grupo tão negligenciado. O que estou tentando dizer é que se uma determinada parcela da população, que carrega no seu corpo mais de uma opressão e sente que suas demandas não são completamente atendidas, essa parcela tem total direito de buscar uma data para ser ouvida. Negar ou diminuir esse direito, sobretudo sendo progressista, é ser engrenagem da máquina que mói mulheres negras diariamente em nosso país.

Fonte: Luã Andrade Luã Andrade é criador de conteúdo digital na página do Instagram @escurecendofatos. Formado em comunicação social e membro da APNB. Luã discute questões étnico raciais e acredita que o racismo deva ser debatido em todas as esferas da sociedade. As opiniões do colunista não representam a visão do Terra.
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