Script = https://s1.trrsf.com/update-1765905308/fe/zaz-ui-t360/_js/transition.min.js
PUBLICIDADE

A imprudência do Estado na punição de brancos e o assassinato de Laudemir de Souza

Gari foi morto pela imprudência do estado em não punir brancos. Existe uma condescendência institucional com o assassinato de corpos negros

15 ago 2025 - 14h17
Compartilhar
Exibir comentários
O empresário René da Silva está preso preventivamente
O empresário René da Silva está preso preventivamente
Foto: Reprodução/Redes Sociais

Nesta semana, mais um homem negro foi morto sem motivo algum. Laudemir de Souza Fernandes era gari e, ao discutir com o empresário Renê da Silva Nogueira Júnior durante o exercício do seu trabalho, foi alvejado. Segundo relatos, Renê estava com pressa para ir à academia e mandou o caminhão de coleta de lixo sair da frente. A motorista mostrou ao suspeito que havia espaço para ele passar. Ele se irritou, esbravejou e passou a ameaçar as pessoas que estavam trabalhando. Não houve discussão, apenas a irritação do suspeito.

Não é a primeira vez, e não será a última, que uma pessoa negra e pobre tem sua vida ceifada por banalidades. Pessoas negras no Brasil são constantemente assassinadas sem motivo algum. Essas mortes vêm por diversas formas, de maneira "velada", mas também de forma ostensiva pelas mãos das polícias.

Tendo o estado como exemplo, vários cidadãos de bem, em sua esmagadora maioria brancos, abastados e arrogantes, se sentem no direito de lidar com corpos negros da maneira que bem entenderem. Afinal, um estado que escraviza seres humanos pela cor da pele e depois os ignora, sem nenhum tipo de ressarcimento, legitima qualquer violência sobre esses corpos.

Para além do histórico escravista e dos assassinatos em demasia da população negra periférica, a visão da justiça sobre as pessoas negras também corrobora para que alguns privilegiados se sintam à vontade para exercer força e repressão sobre determinados estereótipos. Não apenas as punições judiciais são mais rígidas para pessoas negras, mas também parece que, quando são vítimas, pessoas pretas geram sentenças menos rigorosas ou mais brandas, principalmente, como já dito, se seus algozes são brancos e ricos.

Alguém consegue imaginar o que seria feito caso o contrário tivesse acontecido? A gente não precisa nem fazer o exercício da reflexão com o gari como assassino, mas, se esse homem negro tivesse apenas agredido o empresário, ele possivelmente teria um tratamento mais ríspido do que o que foi empregado ao branco rico.

A sensação que fica é que, na lógica institucional, existe um corpo visto como passível de empatia e um corpo ao qual a presunção de inocência não se aplica.

É triste e desesperador notar que os anos passam, mas as lógicas que mitigam a vida da população negra seguem intactas.

A tranquilidade com que pessoas negras são mortas, a forma como seus carrascos agem após a morte, o jeito que essas pessoas são tratadas pelo estado durante a condução da investigação — tudo isso é fruto do racismo estrutural. E enquanto seguir dessa forma, a democracia não existirá em plenitude, será apenas um delírio que mascara a opressão e privilegia uma minoria que se aproxima do ideal burguês.

Fonte: Luã Andrade Luã Andrade é criador de conteúdo digital na página do Instagram @escurecendofatos. Formado em comunicação social e membro da APNB. Luã discute questões étnico raciais e acredita que o racismo deva ser debatido em todas as esferas da sociedade. As opiniões do colunista não representam a visão do Terra.
Compartilhar
Publicidade

Conheça nossos produtos

Seu Terra












Publicidade