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Cerca de 21,4 milhões de brasileiras sofreram alguma violência nos últimos 12 meses, aponta pesquisa

Dados apontam que número de mulheres vítimas de violência aumentou e bateu percentual histórico

10 mar 2025 - 15h25
(atualizado em 11/3/2025 às 12h23)
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Resumo
Entre 2024 e 2025, 21,4 milhões de mulheres brasileiras sofreram violências, como física, sexual e psicológica. A pesquisa aponta que a maioria das vítimas não reage, e a violência doméstica é muitas vezes cometida por parceiros íntimos.
Foto: Elza Fiuza/Arquivo/Agência Brasil

Ao menos 21,4 milhões de brasileiras sofreram violências físicas, sexuais ou psicológicas entre fevereiro de 2024 e 2025. O dado corresponde a 37,5% da população, maior percentual histórico da pesquisa Visível e Invisível: Vitimização de Mulheres no Brasil, divulgada nesta segunda-feira, 10.

Realizada pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública e Datafolha, o estudo é feito a cada dois anos desde 2017. O número atual está 8,6% acima do último resultado, de 2023, ou seja, aumentou. A violência com maior percentual são insultos, humilhações e xingamentos, com 31,4%, ou mais de 17 milhões de mulheres. 

Em seguida, vem a violência física, manifestada por batidas, empurrões e chutes, que vitimaram 8,9 milhões (16,9%). As ameaças de apanhar, empurrar ou chutar acometeram 8,5 mi, correspondente a 16,1%. Empatado, a prática de stalking (perseguição) e amedrontamento, também atingiu 8,5 mi de mulheres. 

As ofensas sexuais ou tentativas forçadas de manter relação sexual vitimaram ao menos 5,3 mi, ou 10,7% das mulheres. O número corresponde uma a cada dez brasileiras. Enquanto isso, 4,3 milhões sofreram lesões corporais provocadas por algum objeto que lhes foi atirado. 

As maiores vítimas de violência no último ano foram mulheres entre 25 e 34 anos (43,6%), seguida por vítimas de 35 a 44 anos (39,5%) e de 45 a 59 anos (38,2%). Os principais autores são companheiros em 40% dos casos e ex, em 26,8%. 

“Ainda em relação à autoria, os dados apresentam a série histórica de quem é o autor da violência mais grave sofrida. Percebe-se que em 2017 os parceiros íntimos eram 19,4% dos autores, proporção que duplicou ao longo dos oito anos de pesquisa. A participação de ex- -parceiros íntimos também cresceu, passando de 16% para 26,8%”, aponta o estudo. 

Foto: iStock/kieferpix

Em 57% dos casos de violência grave, os episódios aconteceram em casa. Das mulheres entrevistadas, 91,8% disseram ter sido violentadas na frente de terceiros, e desse total, 47,3% foram amigos ou conhecidos. Uma a cada quatro mulheres sofreram violência diante de seus filhos nos últimos 12 meses, o que corresponde a 27% dos casos. 

“O que sabemos sobre violência doméstica e o ciclo que lhe é próprio, é que dificilmente um episódio de violência é isolado e único. Geralmente, essas violências ocorrem de forma encadeada e gradual, seguindo uma escalada de intensidade. E que, se não houver interrupção, pode ter um desfecho fatal. Portanto, no caso dos filhos, provavelmente estamos diante de indivíduos que não testemunharam um fato isolado de violência, mas um continuum de episódios violentos”, aponta o relatório. 

Uma nova categoria foi adicionada: a divulgação de fotos e vídeos íntimos sem a sua vontade. Presume-se que ao menos 1,6 milhão de mulheres com 16 anos ou mais sofreram com essa violência. 

Assédio

Pouco mais de 29 milhões de mulheres sofreram assédio no último ano, o que corresponde a 49,6% das brasileiras com 16 anos ou mais. Os tipos de assédios elencados foram:

  • Cantadas e comentários desrespeitosos na rua: 40,8% das mulheres;
  • Cantadas e comentários desrespeitosos na rua: 20,5% das mulheres;
  • Assédio físico em transporte público: 15,3% das mulheres;
  • Alguém tocou o seu corpo em festas e baladas: 11,3% das mulheres;
  • Agarradas ou beijadas sem consentimento: 9% das mulheres.

Maioria das vítimas não reage

O estudo aponta ainda que a atitude mais tomada em relação à violência sofrida foi a de não fazer nada, correspondente a 47,4% dos casos. Esse é um padrão que se repete desde a primeira edição da pesquisa, e “sugere a persistência de barreiras estruturais, emocionais e institucionais que dificultam a busca por apoio e proteção”.

A segunda atitude mais frequente é a busca por ajuda familiar (19,2%) ou de amigos (15,2%), e, somente em quarto lugar, aparece a busca por auxílio em órgãos oficiais, como a Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (14,2%), seguido pela delegacia comum (10,3%). A procura por igreja (6,0%) aparece na frente da ligação para a Polícia Militar (2,2%), e a ligação para a Central de Atendimento à Mulher (1,8%). O registro eletrônico aparece em último (0,7%). 

“Esses dados indicam um padrão persistente de resistência ou limitação no acesso das mulheres aos canais oficiais de apoio institucionalizados, mesmo diante da gravidade da agressão sofrida. Esse fenômeno, como visto nas séries históricas, não é novo, e pode ser parcialmente atribuído ao estigma social que ainda envolve as vítimas de violência doméstica. A vergonha de ser vista como “vítima”, ou o temor de que a violência seja minimizada dentro dos órgãos oficiais pode levar a mulher a hesitar em formalizar a denúncia ou a buscar ajuda em serviços públicos. O medo de julgamento ou de ser responsabilizada pela violência que sofreu também pode influenciar essa decisão”, diz o relatório. 

As principais justificativas levantadas na pesquisa para a falta de comunicação junto à Polícia é de que 36,5% conseguiram resolver a situação sozinha, enquanto 17,7% relataram falta de provas das agressões sofridas. Em terceiro lugar e empatadas, estão a crença de que a polícia pode resolver o problema e a falta de querer envolver a polícia, em 14% das entrevistadas. Ao menos 13,9% tiveram medo de sofrer represálias e 13,7% não considerava importante. 

A pesquisa foi realizada com apoio do Uber, com dados levantados pelo Fórum Nacional de Segurança Pública, e entrevistas realizadas em 126 municípios de pequeno, médio e grande porte, entre 10 e 14 de fevereiro de 2025. Ao todo, 2.007 foram entrevistadas, sendo 1.040 mulheres. A margem de erro para o total da amostra nacional é de 2 pontos para mais ou para menos.

Fonte: Redação Terra
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