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A história da sacerdotisa africana que foi inspiração da maior revolta de escravizados do Brasil

Ludovina Pessoa é tema do samba-enredo da Unidos da Viradouro no Carnaval do Rio de Janeiro

12 fev 2024 - 05h00
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Viradouro leva para avenida a história da sacerdotisa africana Ludovina Pessoa
Viradouro leva para avenida a história da sacerdotisa africana Ludovina Pessoa
Foto: Reprodução/Facebook/unidosviradouro

A história das guerreiras de Daomé, caçadoras que formavam um exército feminino africano, foi tema do samba-enredo da paulista Independente Tricolor neste Carnaval. E na Sapucaí, a carioca Unidos da Viradouro faz uma espécie de continuação da história apresentando Ludovina Pessoa, que foi escravizada e traficada do Reino do Daomé, atual Benim, para o Brasil.

O livro "A Formação do Candomblé - História e Ritual da Nação Ojeje na Bahia", de Luis Nicolau Parés da editora Unicamp, conta que Ludovina foi responsável pela iniciação de uma série de figuras importantes da religião de matriz africana no país, como Marta Luiza do Sacramento e Valentina Emiliana, por volta de 1870. 

Tarcisio Zanon, carnavalesco e autor do enredo, credita à Ludovina a criação de terreiros consagrados como o Hundé, na cidade de Cachoeira no Recôncavo Baiano, e o Terreiro de Bogum, em Salvador. 

"No Bogum, casa centenária de liderança feminina, foram plantadas sementes em liberdade, tornando-se importante local de apoio à revolta dos Malés, ocorrida em Salvador na primeira metade do século", conta o carnavalesco.. 

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O historiador João José Reais explica, no "Dicionário da escravidão e liberdade", que a revolta dos Malés foi uma das trinta revoltas de escravizados que aconteceram na primeira metade do século XIX. Ela contou com a participação de mais de 600 pessoas escravizadas que foram às ruas de Salvador na luta pela liberdade. A cidade tinha, então, 65 mil habitantes. 

A revolta dos Malés levou a batalhas em diversos pontos da cidade e se estendeu por quatro horas, resultando na morte de 70 africanos que haviam sido traficados para o Brasil. O historiador conta que os outros participantes tiveram como punição prisão simples, prisão com trabalho, açoite, morte e deportação para a África. Houve também casos de africanos sentenciados a sofrer 1.200 chibatadas e 16 foram condenados à morte. Desses, 12 reverteram sua pena e quatro foram de fato executados.

"Se por um lado a revolta foi sufocada, por outro, os laços entre as sacerdotisas e a fé dos povos trazidos ao Brasil se fortaleceram, assim como as ancestrais guerreiras do Daomé, foi preciso lançar mão da lealdade para que suas práticas de magia atravessassem tempos e fronteiras nesse novo território marcado pela perseguição às suas crenças. Irmandades que contribuíram para inserção social e religiosa dessas sacerdotisas, líderes de uma legião de irmãs de fé", conclui.

Na avenida, Ludovina será representada pela sambista e musa da Viradouro, Bellinha Delfim.

Fonte: Redação Nós
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