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Tarifaço de Trump pode ajudar setor automotivo brasileiro, diz especialista

Taxa aplicada em países asiáticos deve abrir mercado para o Brasil, avalia o especialista em comércio exterior Jackson Campos

15 abr 2025 - 05h59
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Tarifaço de Trump terá impacto na indústria automotiva do Brasil
Tarifaço de Trump terá impacto na indústria automotiva do Brasil
Foto: REUTERS - Dado Ruvic / RFI

Anunciado no início de abril, o tarifaço de Donald Trump deve impactar o mundo todo trazendo consequências mais pesadas para setores que dependem de comércio bilateral e o automotivo entra neste segmento. Para o Brasil, entretanto, o ganho de apenas 10% nas taxas deve ser uma vantagem frente aos países asiáticos.

Segundo o Sindipeças, os Estados Unidos foram o segundo maior destino das peças brasileiras, com US$ 1,4 bilhão embarcados (17,5% das exportações de autopeças) e, a médio prazo, estas tarifas devem deixar o produto brasileiro mais competitivo no mercado americano, já que países, como a China, receberam taxas ainda maiores. Para o especialista em comércio exterior Jackson Campos, esta é uma oportunidade para explorar o mercado americano e ganhar ainda mais espaço.

“Por mais que encareça nossas peças, o valor que será acrescido ainda é muito inferior ao que vai acontecer com os produtos fabricados na União Europeia e China, por exemplo. Temos que aproveitar essa diferença no custo e abrir ainda mais o nosso mercado, porque qualidade temos de sobra e podemos conquistar uma fatia dos EUA muito expressiva para nossa indústria”, analisa Campos.

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Por outro lado, a médio prazo essa perda de competitividade pode levar à redução nas exportações, afetando negativamente as receitas, aumentando a ociosidade produtiva e, possivelmente, impactando o nível de emprego no setor automotivo brasileiro. As indústrias e a cadeia produtiva deverão se adaptar rapidamente, buscando novos mercados internacionais, reposicionando produtos ou renegociando preços com parceiros comerciais nos EUA.

Além disso, o Brasil sentirá efeitos indiretos das medidas dos EUA, já que, aumentando as tarifas para fornecedores de itens para as peças, o preço do produto acabado ficará mais alto e será ainda mais caro para os importadores brasileiros, o que pode causar uma inflação nos preços dentro do mercado brasileiro.

“A tendência é o encarecimento de peças e produtos que venham de lá, o que irá impactar diretamente no nosso mercado interno. Itens que trazemos de lá, como motores, transmissões e outros devem chegar com um preço maior e prejudicar diretamente o setor. É interessante que o Brasil explore outras opções no mercado, buscando o mesmo produto com um valor menos ou negociando com os EUA por uma tarifa menor, já que os países são, tradicionalmente, muito parceiros quando pensamos no segmento automotivo” explica o especialista.

As empresas brasileiras com manufatura nos EUA também devem ser afetadas, pois precisarão incorporar custos adicionais ao importar insumos brasileiros, o que eleva o custo final dos seus produtos fabricados localmente. Isso pode gerar perda de competitividade frente às empresas locais ou que importam de outras origens com tarifas menores.

Já as empresas com apenas centros de distribuição nos EUA enfrentarão impactos indiretos e mais brandos. O desafio principal destas será lidar com um possível aumento dos preços dos produtos brasileiros importados, podendo perder mercado para fornecedores locais ou de outros países. Elas poderão, inclusive, considerar buscar alternativas de fornecimento para manter sua competitividade.

Entretanto, quem deve pagar mesmo a conta são os consumidores finais, que terão um custo ainda mais alto na hora que precisarem repor peças em seus veículos. “Essa taxação deve ser diretamente repassada ao consumidor final, que encontrará produtos ainda mais caros e passará a optar por itens de menor qualidade para manter as manutenções em dia. Esperamos que o Itamaraty consiga negociar essa taxa pensando em como isso pode impactar o povo”, conclui Campos.

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