Stellantis abre centro de desmanche de carros em SP e vai vender peças usadas
Montadora inaugura planta em Osasco que vai desmontar 8.000 carros por ano com loja física para vender desde retrovisores a motores
A Stellantis inaugurou nesta quinta-feira (14), em Osasco, na grande São Paulo, sua primeira fábrica de desmanche de veículos na América do Sul. O Centro de Desmontagem Veicular Circular Autopeças é o segundo do tipo da montadora no mundo (há uma planta em Mirafiori, bairro de Turim, na Itália). Nele, serão desmontados 8 mil carros por ano, e as peças em bom estado, assim como componentes recondicionados, serão colocados à venda no mercado de reposição, em lojas físicas e digitais.
O projeto da fábrica em Osasco custou R$ 13 milhões e vai gerar cerca de 150 novos postos de trabalho. Além disso, conforme a Stellantis, o reaproveitamento de peças poderá evitar a emissão de até 30 mil toneladas de CO2 todos os anos. Neste início de operação, a maioria dos veículos a serem desmanchados virá da frota da própria montadora. Outros serão comprados em leilões, incluindo modelos de outras marcas. É o caso de um Honda WR-V batido que estava no início do processo de desmonte.
Peças usadas pela metade do preço (ou menos)
Tal como em outros desmanches pelo País, o Centro de Desmontagem Veicular da Stellantis vai oferecer peças dos mais variados tipos por preços muito menores que as equivalentes novas. Segundo Alexandre Aquino, vice-presidente de economia circular da Stellantis, os componentes selecionados e catalogados na planta de Osasco custarão cerca de 50% do valor de uma peça nova ou até menos que isso - a depender do estado.
Durante a inauguração da planta, pudemos conferir dezenas de componentes de perto. Há desde faróis e lanternas, até conjuntos de bancos, volantes, eletrônicos como multimídia, além de rodas de liga leve, radiadores, motores e caixas de câmbio. Tudo disposto em grandes estantes e catalogado, com selo de certificação do Detran-SP e códigos de barras (ou QR Codes) que informam a procedência de cada peça e a qual veículo ela pertenceu.
O procedimento é padrão para todos os modelos. Primeiro, os carros chegam e passam por um teste de funcionamento. Em seguida, vão para o setor de descontaminação, onde são removidos óleos, lubrificantes e químicos, que vão para descarte e reciclagem. Depois, o veículo começa a ser desmontado pelas partes pesadas (motor, câmbio, eixos, braços de suspensão, sistemas de freio, de escapamento e rodas e pneus).
Na sequência, são removidas as partes móveis, como, por exemplo, portas, capô e tampa do porta-malas. Por fim, retiram-se as peças de acabamento, cabos e eletrônicos. O que não é aproveitado segue para descarte. E os demais componentes são classificados com notas de 0 a 9, onde 0 é irrecuperável e 9 é uma peça com condição de nova - ou muito próxima disso. Segundo Aquino, peças com notas abaixo de 5 são descartadas, e as demais vão para a área de fotografia, onde são clicadas e catalogadas.
Já os componentes mais pesados, como motores e câmbios, são avaliados e, caso necessário, enviados à empresas parceiras para passar por processo de remanufatura. Enquanto isso, peças mais comuns, como faróis, lanternas e retrovisores, são separados e vão para o estoque nas mesmas condições que estavam. Assim, os preços de cada componente vão variar conforme o estado dos mesmos - Aquino conta que um cálculo com base em algoritmos é feito para precificar cada componente da forma mais adequada.
Como serão vendidas as peças
Todos os componentes em condições de reuso e remanufaturados serão vendidos em uma loja física montada em um container na própria fábrica da Circular Autopeças, em Osasco. Dois vendedores ficam à disposição do público, que pode ser Pessoa Física ou Jurídica. Além disso, uma loja digital da empresa no Mercado Livre também terá o estoque disponível para venda. E, em breve, a Stellantis lançará um e-commerce próprio. São 49 grupos de peças com rastreabilidade e certificação pelo Detran-SP.
Stellantis fala em mercado de reposição bilionário
Segundo a montadora dona de marcas como Citroën, Fiat, Jeep, Peugeot e RAM, o mercado brasileiro de reciclagem de carros tem um potencial de gerar aproximadamente R$ 2 bilhões de receita por ano. Isso porque a frota brasileira tem 48 milhões de veículos e cerca de 2 milhões chegam ao fim do ciclo de uso todos os anos, mas só 1,5% da frota recebe a destinação adequada.
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