Review: Chevrolet Blazer EV é fascinante e mostra do que a GM é capaz
Todos os elogios são poucos para o Chevrolet Blazer elétrico, que roda (mesmo) cerca de 500 km com uma carga de bateria
Nosso primeiro contato com o Chevrolet Blazer EV aconteceu em agosto, num circuito fechado, e naquela ocasião ele mostrou que é rápido, macio e muito diferente. Agora rodamos uma semana com o carro na vida real, ou seja, na cidade e estrada. E a conclusão é: trata-se de um carro fascinante.
O melhor do Blazer EV nesta versão RS RWD – a única que a GM trouxe para o Brasil – é a capacidade de combinar um desempenho excelente com um alcance que viabiliza viagens de carro. Além disso, por estar conectado ao sistema Google, o Maps informa não apenas o trajeto, mas também quanto restará de energia na bateria no destino (e na volta).
O sistema é confiável. Já dirigimos carros elétricos da BYD e da Volvo que nos obrigaram a fazer contas, pois o alcance mostrado no painel não era confiável. O do Chevrolet Blazer EV é. Ele roda (mesmo) cerca de 500 km com uma carga de bateria – vai de 480 a 520 km dependendo das condiçõs do caminho e da forma de conduzir.
Para avaliar o alcance real dos carros elétricos, rodamos sempre na velocidade máxima permitida na estrada. Não é preciso dirigir em passo de tartaruga. É impressionante a rapidez com que ele vai de 120 a 190 km/h (retomada que testamos no circuito fechado). O Blazer EV RS acelera como esportivo (5,8 segundos para ir de 0 a 100) e mantém perfeito equilíbrio da carroceria.
Se você não gosta do comportamento direcional titubeante dos (ótimos) carros elétricos chineses, o Chevrolet Blazer EV é uma grande opção. O carro é quase tão estável como um SUV esportivo a combustão. Mérito da suspensão traseira com braços sobrepostos e da traseira com multibraços. O ajuste é macio, mas o curso dos amortecedores é pequeno para pisos muito irregulares.
A versão RS vendida no Brasil tem motor elétrico traseiro e tração traseira. São 255 kW de potência, o que é muita energia. Isso equivale a 347 cavalos. O torque é de 400 Nm. A plataforma Ultium realmente mostra do que a GM é capaz quando o tema é carro elétrico a bateria.
A General Motors está muito mais avancada do que a Toyota, a Honda, a Nissan, a Stellantis… e acreditamos que supera também a Volkswagen, em alguns aspectos. Ainda não podemos opinar sobre Hyundai e Kia, por pouco contato com seus modelos elétricos. A bateria do Chevrolet Blazer EV tem 102 kWh de capacidade e diferentes níveis de renegeração de energia.
É notável a potência de recarga: 22 kW no carregamento lento (AC) e 190 kW no carregamento rápido (DC). Dá para recuperar até 80% da carga em 40 minutos. Na compra, o cliente ganha um Dual Smart Charger (cabo para levar no carro) ou um Wall Charger da WEG de 22 kW para instalar em casa. Nesse caso, cada hora de carregamento acrescenta 40 km de alcance.
Visto por fora o Chevrolet Blazer EV não se parece com um SUV, por ser comprido (4.884 m), baixo (1.651 mm) e largo (1.982 mm). Porém ele tem um vão livre de 200 mm e isso é muito mais do que oferece o Chevrolet Tracker (157 mm). Apesar disso, o Blazer EV não é muito prático na cidade, pois ocupa muito espaço nas vagas de estacionamento.
Na estrada, o Blazer EV é primoroso. Os 3.094 mm de entre-eixos garantem espaço generoso para quem anda na frente ou atrás. Porém, essa característica do carro prejudica o “handling” em estradas com curvas muito fechadas, como uma subida de serra, para quem gosta de se “divertir” ao volante.
O motorista pode se sentir um rei, com um painel digital configurável de 11 polegadas muito bem desenhado e informativo, além de uma enorme tela multimídia de 17,7 polegadas e som Bose de alta qualidade.
Os pneus bem largos (275/45) calçam rodas enormes (aro 21) e ajudam na estabilidade, mas o perfil baixa provoca alguns “bumps” em ruas ruins. Não há estepe, só kit de reparo, mas no Brasil isso não é um grande problema porque há borracheiros em todo lugar.
O porta-malas tem 436 litros, com um buraco para acomodar objetos estreitos, e a capacidade de carga é de 427 kg. Para conseguir dar ao Blazer EV RS um ótimo desempenho e uma notável autonomia, a GM precisou instalar uma enorme bateria. Por isso, o carro pesa quase duas toneladas e meia (2.495 kg).
Por óbvio, pela velocidade máxima de 190 km/h e pelo peso, o Chevrolet Blazer EV RS tem freios a disco bem grandes e ventilados na dianteira e na traseira. Há também outros itens de segurança como alerta de colisão frontal com frenagem, alerta e frenagem de tráfego traseiro cruzado, aviso na abertura das portas, indicação de ponto cego com correção, além de detecção de pedestres e ciclistas.
Felizmente, vários itens são configuráveis, caso contrário o carro se torna até meio chato de conduzir. Há um interessante modo para “motoristas iniciantes”, que certamente aumenta a confiança de quem está ao volante sem muita experiência. Enfim, o carro é um show de tecnologia em todos os sentidos e também de bom gosto, começando pelo design.
No Brasil, não há um carro elétrico exatamente como o Chevrolet Blazer EV. Mas podemos considerar o Ford Mustang Mach-E um eventual concorrente. Afinal, o Blazer EV custa R$ 495.790 e o Mustang Mach-E sai por R$ 486.000. O Ford, apesar de ser considerado um “SUV”, tem apenas 129 mm de distância para o solo.
O Mustang Mach-E é menor e tem 103 kW a mais de potência (+140 cv) e, portanto, é bem mais rápido: vai de 0 a 100 em apenas 3,7 segundos. Mas, em compensação, roda 100 km a menos do que o Blazer EV. Em janeiro, a Ford vendeu 10 Mustang Mach-E e a GM vendeu 6 Blazer EV.
Se a GM quiser, no futuro poderá trazer mais duas opções do Chevrolet Blazer EV para o Brasil. Há duas versões de 292 cv (215 kW), com tração eAWD, bateria de 85 kWh e até 450 km de alcance: LT eAWD por US$ 43.690 (R$ 253.800) e RS eAWD por US$ 47.095 (R$ 273.600).
Com tração RWD (traseira), o Blazer EV RS que avaliamos tem 374 cv (255 kW), bateria de 102 kWh, até 520 km de alcance e custa US$ 48.670 (R$ 282.700). Portanto, há 213 mil reais entre impostos de importação, homologação, transporte, custos e lucros embutidos no preço.
O Chevrolet Blazer EV é uma demonstração do que a GM pode fazer no segmento de veículos elétricos, caso as condições do país sejam favoráveis. Por enquanto, para volume, a aposta será no modelo chinês Baojun Yep Plus, rebatizado de Chevrolet Spark EV para os mercados que o importam.