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GWM Tank 300 é um SUV híbrido que anda bem – e sobe a serra mesmo recarregar

Em um teste completo, o SUV híbrido rodou na cidade, foi para a praia, encarou o 4x4 e ainda subiu a serra "sem bateria"

22 dez 2025 - 10h27
(atualizado às 12h09)
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GWM Tank 300 2025
GWM Tank 300 2025
Foto: Flavio Silveira/Reprodução

Sempre compro carros de modo racional, talvez porque eu já tenha acesso a uma boa dose de automóveis “emocionais” durante os testes que realizo há mais de duas décadas. Ainda assim, confesso que alguns me deixam tentados a querer uma relação que dure mais do que uma semana. O GWM Tank 300 certamente é um deles.

O chinês atrai logo à primeira vista com suas imponentes linhas de SUV, que podem não ser exatamente originais, pois lembram bastante o maior alvo e rival, o Jeep Wrangler, vendido por R$ 499.990. Detalhe: o americano tem motor 2.0 turbo a gasolina de 272 cv e 400 Nm, enquanto a novidade também tem um 2.0 turbo, com o mesmo torque e menor cavalaria (163 cv), mas que conta com a ajuda de um motor elétrico, somando quase o dobro de potência e do torque: 394 cv e 750 Nm.

Mas esse jipe/SUV "raiz" chinês me conquistou mesmo – e também à minha família – ao longo de quase 600 quilômetros rodados entre a selva de pedra em São Paulo e a Mata Atlântica de Ubatuba, no litoral norte do estado – o que incluiu a temida rodovia Oswaldo Cruz, a famosa “serra de Ubatuba”, que cruza a Serra do Mar.

GWM Tank 300 2025
GWM Tank 300 2025
Foto: Flavio Silveira/Reprodução

Aventura urbana

Antes de falar mais sobre a viagem, devo dizer que o Tank 300 se saiu muito bem no ambiente urbano, que não é exatamente seu habitat – se bem que, considerando a qualidade média do asfalto brasileiro, os enormes pneus 265/60 R18 evitam preocupações com os buracos, os 22,2 cm de vão livre do solo e os ângulos de ataque de 32º e de saída de 33º impedem raspadas nas deformadas valetas e a capacidade de superar alagamentos de 70 cm de profundidade pode salvar em situações extremas.

Outra vantagem, tão procurada nos SUVs urbanos (também chamados de SUVs urbanos ou de shopping), é a posição de dirigir elevada – e de verdade, muito acima da média deles, garantido uma visão de fato bem privilegiada do trânsito adiante.

Além disso, não deixa de ser curioso circular pela cidade em um jipão imponente como o Tank 300, com 4,76 metros de comprimento, 1,93 m de largura e 1,90 m de altura, sem emitir qualquer ruído – exceto um discreto alerta para pedestres.

GWM Tank 300 2025
GWM Tank 300 2025
Foto: Flavio Silveira/Reprodução

Carregando diariamente e rodando não mais do que 75 a 100 quilômetros entre recargas, você pode passar a vida sem precisar do motor a combustão, sem emitir ruídos ou poluentes. Mas vale notar que isso representa cerca de 3 km/kWh, o que equivale a cerca de R$ 2 para rodar seis quilômetros (carregando em casa), quando um jipão equivalente gastaria facilmente quase dois litros de gasolina para percorrer a mesma distância (o que representa mais que o triplo do custo).

Também testei o modo híbrido na cidade, para simular uma situação em que a recarga constante não seja viável. Em percursos como os 16 quilômetros entre a GWM e a minha casa, fiz 28 km/l de média. Mas vale observar que gastei também 10% da bateria, ou 3,79 kWh, o que representa cerca de 4,5 km/kWh mais meio litro de combustível (total de R$ 9,50). Um jipão equivalente só a gasolina gastaria mais que o dobro.

Lama com luxo

Embora pertença a um nicho de mercado que costuma prezar pela capacidade off-road e ter interior espartano por razões econômicas – ou para permitir uma lavagem completa da cabine por dentro, a do Tank 300 lembra mais a do luxuoso Classe G. Assim como ele, é um veículo todo terreno que não abre mão de luxo e de conforto.

GWM Tank 300 2025
GWM Tank 300 2025
Foto: GWM/Divulgação

Muito espaçoso graças ao ótimo entre-eixos, o Tank 300 ainda tem acabamento impecável e uma lista de equipamentos quase interminável: tem quase tudo disponível no mercado, de sistema de GPS nativo a teto solar com cortina manual, de sistemas ADAS completos (volto a eles) e câmeras 360º a comandos de voz para controlar funções do carro – de Android Auto e Apple CarPlay a iluminação em LEDs multicoloridos. Senti falta só de tomadas AC 110V, para quem gosta de acampar. 

Além de a posição de dirigir ser altíssima – é preciso usar o estribo para subir no carro –, ela é extremamente confortável, graças aos bancos enormes, que ainda podem ser aquecidos ou ventilados, têm ajuste elétrico (motorista e passageiro) e se movimentam automaticamente para facilitar entrada e saída do motorista.

Quem viaja atrás também tem saídas de ar dedicadas, tomadas USB, espaço generoso para as pernas, e, como a cabine é bem larga e o assoalho é plano, o quinto ocupante viaja com mais conforto que a média (mas o assoalho, como é comum em modelos sobre chassi, é um pouco alto demais).

Sendo da mesma GWM que faz o Haval H6, os comandos do Tank 300 são surpreendentemente fáceis. Aqui há botão de volume, e nada de os comandos estarem todos escondidos em submenus na tela central. Ainda que haja essa opção, e funções menos usadas exijam usá-la, a maioria dos comandos essenciais – ligar o ar, aumentar a diminuir a temperatura, recirculação, modos de condução, tração, etc. – são facilmente acessadas por comandos físicos redundantes, com deve ser.

GWM Tank 300 2025
GWM Tank 300 2025
Foto: GWM/Divulgação

Outro ponto positivo é que o Tank 300 Também foge da tendência adotada por quase todas as marcas chinesas (e copiada por algumas ocidentais): tem um painel de um tamanho decente e bastante completo diante do motorista e uma tela central que não é desproporcionalmente exagerada, simplesmente por ser.

Tudo é elegante e proporcional, os comandos no volante são numerosos e também fáceis de usar, e os ajustes de todas as dezenas de funções off-road são feitos por botões no largo console central, junto da bela alavanca de câmbio e dos controles do freio de estacionamento e do auto-hold.

Por fim, para quem se interessa, o Tank 300 tem um pacote de ADAS bastante completo: é capaz até de fazer balizas totalmente sozinho, dirigir de modo autônomo na estrada (é preciso manter as mãos no volante) e ainda tem alertas todos os tipos, incluindo de abertura das portas na hora da saída do carro (pisca os LEDs da porta e emite um sinal sonoro), de colisão (traseira e dianteira), de tráfego cruzado, mudança de faixa, pedestres, bicicletas… mas ajuste bem o que lhe interessa, porque os “bipes” podem ficar excessivos.

De defeitos, o mais irritante, sem dúvida, é a seta que não retorna sozinha, como no elétrico GWM Ora 03: depois de fazer uma manobra, a seta não desliga sozinha, e você tem que acioná-la cuidadosamente para o lado oposto para desligá-la – muitas vezes acaba acionando pro outro lado, deixando o motorista atrás de você maluco. Incomodam também os erros de tradução nos menus e o cinto de segurança do passageiro que, quando não utilizado, faz barulho (solução: manter o cinto sempre afivelado).

GWM Tank 300 2025
GWM Tank 300 2025
Foto: Flavio Silveira/Reprodução

Além disso, o porta-malas tem fundo alto demais (porque a bateria fica abaixo dele), não tem tampa (deixando a bagagem exposta) e ainda tem abertura horizontal (por causa do estepe pendurado) e para o lado “errado” (exige bem mais espaço para abertura, o que pode ser ruim em vagas nas ruas). E ele pode até parecer pequeno, mas, até o teto, acomoda generosos 863 litros. Até a altura do encosto do banco traseiro, deve ter cerca de 500 litros, segundo meus cálculos/utilização média).

Nas estradas

Para testar o carro em mais condições e aproveitar uns dias na praia, segui com minha família para Ubatuba, em busca de estradas mais desafiadoras e também para fazer um teste de consumo em situações reais – já que os números oficiais do Inmetro para os PHEV, por questão de “quando se carrega”, não digam muito (18,4 a 18,7 km/l “equivalente” no modo 100% elétrico e 7,5 km/l na cidade e 7,7 km/l na estrada com a bateria vazia). 

Na primeira estrada – a excelente Ayrton Senna – as impressões foram ótimas. Apesar de o Tank 300 ter suspensão traseira com eixo rígido e molas helicoidais, como a maioria das picapes, e pneus mistos, o rodar no asfalto se mostrou mais confortável do que o esperado (na dianteira, por outro lado, tem um sofisticado duplo A). Foram raras as vezes em que as crianças reclamam de solavancos.

Saí no modo híbrido e, a 120 km/h constantes, muitas vezes o motor a combustão desligava e o Tank seguia no modo elétrico – mas, na verdade, era até difícil notar o que de fato estava acontecendo, tamanha a sutileza da mudança entre os modos – e graças, também, ao sofisticado cancelamento de ruídos na cabine (surpreendeu principalmente na subida de serra, sem bateria, quando a mecânica foi mais exigida).

Como eu disse, são quase quase 400 cv e 800 Nm na soma dos motores, mas o Tank 300 pesa 2.630 quilos em ordem de marcha – ou seja, a mecânica precisa “empurrar” quase três toneladas. Ainda assim, o Tank 300 é surpreendente rápido em acelerações, com 0-100 km/h em 6,8 segundos e ultrapassagens sempre seguras, com as retomadas 80-120 km/h e 80-140 km/h ligeiras, apesar de certa hesitação do câmbio automático de nove marchas – mesmo quando optei por usar trocas manuais por aletas no volante.

Como todo híbrido plugável, na estrada e no modo híbrido, quanto menos se roda, melhor a média de consumo. Saí de casa com o tanque cheio e bateria a 93%, com o jipão prometendo 619 quilômetros de autonomia a gasolina e 96 de autonomia elétrica, somando um total de 715 quilômetros – o que seria mais do que suficiente para a viagem.

GWM Tank 300 2025
GWM Tank 300 2025
Foto: GWM/Divulgação

Nas primeiras duas horas de viagem e 187 quilômetros – com paradas em pedágios, trânsito e picos de 130 km/h, o Tank se aproveitou da bateria de 37,1 kWh e fez média de 10,9 km/l – mas também gastou 25 kWh, não se esqueça desse valor na conta. O próprio Tank faz a adaptação, e indicava no painel meia hora depois, após um trecho com algumas subidas e descidas, que a média dos últimos 100 quilômetros estava em “10,3 km/l + 13 kWh/100km = 7,3 km/l” (ainda melhor que um Wrangler só de gasolina).

Chegou a hora de descer a hiper-íngreme SP-125, a conhecida serra de Ubatuba ou “serra das calotas”: os freios esquentam tanto que as peças se soltam; centenas delas ficam abandonadas à beira da rodovia e muitos veículos ficam sem freios – principalmente por não saberem usar freio-motor (e na subida sempre há carros fervendo/quebrados).

Nessa hora, as aletas no volante foram úteis para selecionar marchas e aumentar o freio motor e a “regeneração” de energia. As primeiras curvas mostram que é bom não usar os 397 cv de uma vez. Apesar da dinâmica elogiável para um SUV, o Tank 300 ainda é um veículo altíssimo e que pesa quase três mil quilos. Não dá para chamar de esportivo, e, mesmo andando “na boa”, a pobre Stella, de 8 anos, passou mal.

Depois, sempre devagar como os demais veículos, e com trechos de para-e-anda, o consumo acabou não melhorando. Mesmo nas curvas tão fechadas onde os poucos ônibus autorizados a circular são obrigados a manobrar, o Tank 300 mostrou boa manobrabilidade, além de agradar pelo assistência elétrica ajustável e pela oscilação apenas moderada da carroceria nas curvas mais rápidas.

GWM Tank 300 2025
GWM Tank 300 2025
Foto: Flavio Silveira/Reprodução

Após o fim da serra e alguns quilômetros de Rio-Santos, chegamos ao destino sem mais paradas, com um total de 243 quilômetros rodados e consumo médio de gasolina de 10,5 km/l, o que é ótimo para esse tipo de veículo – e ainda tínhamos dois terços da carga original da bateria (que começou a descida da serra com 29% e terminou com 32%).

Aqui, uma observação valiosa: se tivesse onde carregar no destino, eu poderia ter selecionado o modo EV antes da descida da serra para “esgotar” a bateria (o Tank 300 permite baixar até 15%) e melhorado bem a média. Mas, na pousada, infelizmente não rolava, e ninguém queria parar no eletroposto na ida. Íamos deixar a carga rápida (o Tank aceita até 50 kW DC) apenas para antes de voltar (já dei spoiler, também não rolou).

Verdadeiro fora de estrada

Embora o Tank 300 seja totalmente viável para o uso urbano e rodoviário, ele nasceu para bem mais que isso. Entra no restrito grupo dos citados Wrangler e Classe G, Troller T4, Suzuki Jimny e outros off-road brutos e extremamente valentes, com construção sobre chassis, como picaponas e, o mais importante, bloqueios mecânicos e independentes dos diferenciais central, dianteiro e traseiro.

Para completar, o chinês ainda tem uma parafernália eletrônica completa para uso fora de estrada, que inclui seletor de terreno, modo de condução autônoma off-road, assistente de descidas e até um modo “especialista em 4x4”, que permite configurar e visualizar a atuação de todos os sistemas em tempo real.

Até procurei mais estradas de terra e dirigi na areia em algumas praias onde é permitido. Mas, com tempo firme (a chuva esperada não chegou) e sem um espaço especialmente preparado para desafiar um SUV desse calibre, infelizmente acabei não usando 10% da capacidade off-road do Tank 300.

GWM Tank 300 2025
GWM Tank 300 2025
Foto: GWM/Divulgação

Na areia fofa, onde a maioria dos veículos iria atolar, passei no 4x2 sem nem sentir. Cavei um pouco, só para testar, coloquei tudo no “auto” e ele imediatamente distribuiu a tração corretamente e saiu sem reclamar. Com reduzida, bloqueios, nove modos de direção e até mesmo “assistente de cruzeiro Inteligente off-road”, é difícil achar desafio para o Tank, que tem sido elogiado nos grupos de jipeiros.

Em estradas de terra e/ou areia esburacada, andar muito devagar fica um pouco desconfortável por causa do acerto da suspensão: é melhor adicionar um pouco mais de velocidade para o Tank “flutuar” pelos buracos, também sem reclamar. É um carro que gosta de ser “maltratado” (só feche o teto solar antes).

Manco "sem bateria"?

Depois de alguns dias e somado 314 quilômetros, a média caiu a 8,9 km/l – após as aventuras na areia e circulação entre praias, a maior parte do tempo com o ar-condicionado (eficiente) ligado. Ainda restava 32% de carga na bateria, e o plano era recarregá-la antes de subir a serra, o que levaria 25 minutos e evitaria que ela “acabasse” e o carro “ficasse manco sem bateria”, como dizem por aí.

Saí para a viagem de volta já no modo elétrico, pronto para carregar... Mas não é a primeira vez que tenho problemas com carregadores quebrados. Desta vez, o Shell estava “em manutenção”. Havia uma opção de carga lenta, mas quem vai esperar 6 horas para poder viajar? Feliz por não estarmos em um EV, partimos, mesmo “sem bateria”, para provar de vez que os internautas estão errados.

GWM Tank 300 2025
GWM Tank 300 2025
Foto: Flavio Silveira/Reprodução

Comecei a subir a serra com 27% de bateria e segui com o carro lotado e sem dó, dirigindo como faria normalmente. A carga foi baixando, baixando, mas chegou a 11% e estabilizou. A partir daí, deu para perceber que o motor a gasolina passou a trabalhar mais “pesado”, mas ainda assim não chegou a fazer ruídos que incomodassem os ocupantes.

O mais importante é que o Tank 300 não ficou “manco” nem mesmo após acabar a parte mais radical da subida da serra, nas curvas mais abertas, quando tentei forçar a carga a ir abaixo dos 10%, dando várias esticadas além do limite permitido e razoável. O Tank subiu a serra bem e ainda continuou forte depois dela, sem se queixar. Chegando na Ayrton Senna e estabilizando em 120/130 km/h, ele foi carregando a bateria até 30%, aos poucos, como deixei nas preferências (sempre modo Auto e “save” de 30%).

No fim dos 592 quilômetros, a média total – sem nenhuma recarga – havia caído a ainda bons 8,2 km/l. Nada excepcional para um veículo híbrido, mas eu fiz o mesmo em uma viagem de Volkswagen Tiguan 4WD 2.0, e é um número ótimo para um jipe híbrido cujo equivalente a gasolina faria 5 ou 6 km/l. Ficou próxima do consumo oficial na situação “sem bateria” (7,7 km/l).

GWM Tank 300 2025
GWM Tank 300 2025
Foto: GWM/Divulgação

Mas é preciso frisar que foi uma situação excepcional. Se eu tivesse carregado na chegada, no destino e antes de voltar, se tivesse usado mais o modo elétrico, certamente teria economizado bem mais. O fato é que, para um carro “aspiracional”, capaz e divertido, além de carismático, luxuoso, grande e confortável, está ótimo – e, acima de tudo, ninguém sofreu de “ansiedade de autonomia” e dos atrasos e preocupações típicos de EV. E você ainda pode rodar de 75 a 100 quilômetros, seja no litoral, seja na cidade grande, silenciosa e economicamente, como se estivesse em um carro elétrico.

Enfim, o GWM Tank 300 é um jipão nascido para o off-road, extremamente alto e capaz, mas que é muito luxuoso e não decepciona na estrada e na cidade – nem nos leva à falência em viagens mais longas (se achar carregadores funcionando).

Se eu o compraria? A família aprovou e eu fecharia negócio agora, até porque o maior atrativo do Tank 300 é o preço: em vez de meio milhão, custa R$ 339.000. E pode até rolar um desconto na concessionária, pois uma versão atualizada está para chegar em breve. Será que ainda dá tempo de pedir para o Papai Noel?

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