Script = https://s1.trrsf.com/update-1765905308/fe/zaz-ui-t360/_js/transition.min.js
PUBLICIDADE

Luto explora o terror psicológico para transformar dor em narrativa interativa

Jogo coloca o jogador em cenários que misturam medo e reflexão para contar sua história

15 ago 2025 - 16h53
Compartilhar
Exibir comentários
Luto explora o terror psicológico para transformar dor em narrativa interativa
Luto explora o terror psicológico para transformar dor em narrativa interativa
Foto: Reprodução / Broken Bird Games

Luto é um jogo de terror psicológico que utiliza a perda como força motriz para sua narrativa. Em vez de se apoiar em sustos frequentes, a experiência constrói tensão de forma gradual, conduzindo o jogador por ambientes carregados de simbolismo e desconforto.

A história se desenvolve como um mergulho na mente de um protagonista marcado pela ausência, explorando cenários que refletem fragilidade emocional e lembranças dolorosas. Combinando direção artística imersiva e uso preciso do som, o título propõe uma jornada que equilibra medo e contemplação.

Um labirinto de emoções

Luto coloca o jogador na pele de Samuel, ou apenas Sam como é chamado por muito tempo. Nosso protagonista está lidando com a perda de vários entes queridos. Sam se vê repetindo os dias sem ter um rumo direto por conta desses parentes que se foram. Até que a casa onde ele morava e estava prestes a realizar mudanças começa a agir de forma estranha. Os dias que pareciam sempre iguais acabam realmente sendo apenas isso. Sam recebe um telefonema com tom de ameaça sobre o que estava por vir. Após essa ligação, eventos e aparições estranhas começam a surgir na casa, e Sam se vê em um pesadelo que não parece ter fim.

Tudo sobre a trama vista no jogo é bem feito. Por mais que tenhamos apenas um personagem na história, ver como Sam está lidando com o luto, a solidão e o desespero de estar só é uma jornada que faz qualquer um refletir. Literalmente tudo no jogo parece ter sido feito para o jogador pensar sobre o que está acontecendo. Até mesmo a proporção da tela não ser completa é usada para complementar a narrativa.

A metalinguagem imposta na história foi muito bem implementada. O jogo mistura momentos que parecem trechos de um livro narrando o dia a dia de Sam e sua forma de lidar com o luto com outros em que fica claro que o próprio protagonista está preso em um jogo ambientado naquela casa.

Em um momento, após realizar uma série de ações para achar um macaco de pelúcia que Sam brincava com seu irmão, o jogador lê um dos roteiros que resumem o que deve ser feito durante toda a semana. O jogo simplesmente congela e aparece na tela que está carregando os arquivos novamente, e o narrador precisa fingir que estava tudo normal para seguir em frente. Em outros, ele aperta o botão de pausa e fala que o que acabamos de fazer não era certo, voltando para o menu principal.

Título brinca bastante com os lençóis que imitam fantasmas espalhados pela casa
Título brinca bastante com os lençóis que imitam fantasmas espalhados pela casa
Foto: Reprodução / Matheus Santana

O narrador é outro ponto que merece destaque. Ele serve praticamente como um personagem secundário, um guia para todos os eventos da trama. Quando narra uma ação que devemos fazer e demoramos para executá-la, ele comenta sobre isso. Em momentos de tensão e acontecimentos sobrenaturais, consegue transmitir bem o clima de medo. Em outros, debocha de Sam por ir na direção de algum fantasma.

Sobre a jogabilidade, não há muito mistério. Nosso personagem não tem como se defender ou qualquer tipo de combate presente no jogo, mas é justamente isso que o torna especial. A imersão presente em Luto é uma das melhores da geração, e o fato de beber da fonte de P.T. (Silent Hills, de Hideo Kojima) deixou tudo ainda mais memorável.

Por ser vendido como um jogo de terror, ele não decepciona nesse aspecto, mas também não chega a causar medo real. Uma figura usando um lençol para parecer um fantasma aparece diversas vezes, mas isso é pouco impactante. Apenas um momento apresentou o famoso jumpscare, quando uma porta se fechou com força e uma dessas figuras surgiu na tela. O que realmente me causou aflição foi o trabalho de som da desenvolvedora, com muitos momentos em que a trilha dava a sensação de que algo ruim estava prestes a acontecer.

Há diferentes tipos de quebra-cabeças ao longo da trama
Há diferentes tipos de quebra-cabeças ao longo da trama
Foto: Reprodução / Matheus Santana

Durante um bom tempo, o jogo consiste em empurrar o analógico para frente e sair pela porta para o dia de Sam recomeçar em frente ao espelho. Após descer para o porão é que o jogo realmente começa, com longas sessões de quebra-cabeças e exploração por cômodos na casa que o personagem nem imaginava que existiam. A atmosfera nesse momento é bem tensa, como se algo ruim fosse acontecer a qualquer instante. Esses quebra-cabeças foram um verdadeiro desafio, pois não há exatamente um senso claro de direção ou objetivo. É o tipo de puzzle que, quando resolvido, percebemos que era simples, mas que nos fez perder tempo por detalhes pequenos.

Graficamente e no desempenho, o título é bem acima da média. Os visuais são muito bonitos até mesmo no Xbox Series S, com a casa bem detalhada e iluminação que contribui para criar medo, com vultos aparecendo repentinamente. O áudio é excelente, com objetos caindo, sons passando atrás do personagem e portas rangendo que, em alguns momentos, me fizeram achar que o barulho vinha do meu próprio ambiente. Mas mesmo com essas qualidades, acabei tendo alguns problemas de fechamento repentino enquanto jogava.

Considerações

Luto - Nota 8,5
Luto - Nota 8,5
Foto: Divulgação / Game On

Luto entrega uma experiência intimista e bem construída, utilizando sua narrativa e ambientação para explorar o luto de forma sensível e imersiva. O uso da metalinguagem, aliado à presença marcante do narrador, amplia o envolvimento do jogador e reforça o caráter reflexivo da obra. Mesmo sem mecânicas de combate, a exploração e os quebra-cabeças mantêm o interesse, ainda que alguns desafios possam frustrar pela falta de direção clara.

O jogo não aposta no susto fácil como principal recurso, mas compensa com um trabalho de som impressionante e uma atmosfera que mantém a tensão constante. Visualmente, se destaca pelo cuidado com a iluminação e os detalhes, mostrando como uma produção focada em narrativa pode alcançar um alto nível técnico.

Luto está disponível para PC, PlayStation 5 e Xbox Series X|S.

Esta análise foi feita no Xbox Series S, com uma cópia do jogo gentilmente cedida pela ID@Xbox.

Fonte: Game On
Compartilhar
Publicidade

Conheça nossos produtos

Seu Terra












Publicidade