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Hell is Us é intrigante e desafiador, mas não escapa de falhas

Atmosfera densa e combate brutal dão identidade ao jogo, mas algumas escolhas o impedem de ir mais longe

1 set 2025 - 09h41
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Hell is Us é intrigante e desafiador, mas não escapa de falhas
Hell is Us é intrigante e desafiador, mas não escapa de falhas
Foto: Reprodução / Nacon

Todo ano surge um título que tenta se destacar por trazer uma proposta ousada e diferente, buscando se afastar do lugar-comum dos grandes lançamentos. Essa ousadia, no entanto, sempre caminha em uma linha tênue entre ser lembrada como uma ideia genial ou acabar se perdendo em uma execução pouco inspirada. Hell is Us, novo projeto publicado pela Nacon, se posiciona justamente nesse dilema, tentando conquistar espaço ao propor um mundo sem mapas, criaturas bizarras e um combate que mistura brutalidade e reflexão.

A comparação pode até remeter ao conto de Ícaro, que voou alto demais tentando alcançar o sol, mas o resultado aqui não chega a ser uma queda desastrosa. O jogo consegue brilhar em momentos de criatividade e atmosfera, mas também tropeça em pontos importantes que afetam o ritmo da experiência. O resultado é um título curioso e intrigante, que nem sempre aproveita todo o potencial da própria proposta.

Em busca de respostas

Hell is Us nos leva diretamente ao coração do país fictício de Hadea, um território isolado e devastado por uma guerra civil que deixou marcas profundas em cada região. Como se não bastassem os horrores do conflito, criaturas sobrenaturais passaram a surgir durante esse período, em um evento conhecido como a Calamidade. A aparição desses seres trouxe ainda mais sofrimento ao povo local, levantando dúvidas sobre sua origem e os motivos que os levaram a atacar uma população já fragilizada.

Assumimos o controle de Rémi, um soldado da paz enviado para investigar os acontecimentos em Hadea. Porém, além da missão oficial, ele também carrega um propósito pessoal: entender por que foi levado ainda criança durante a guerra civil e descobrir o destino de seus pais, que permanecem como uma incógnita em sua vida.

A história em si, é bastante enigmática, e isso acaba sendo bastante positivo nela, Rémi é um personagem cheio de duvidas, principalmente nas conversas com outros personagens, e o que me deixou mais intrigado por um bom tempo é o interrogatório que ele está passando antes de começarmos a jogatina de fato, teve um momento que acabei perecendo contra um dos inimigos, e o personagem que está nos interrogando afirma que aquilo não aconteceu daquele jeito, o que me deixou com mais duvidas do que respostas.

As cenas no interrogatório deixam mais dúvidas do que respostas
As cenas no interrogatório deixam mais dúvidas do que respostas
Foto: Reprodução / Matheus Santana

O único pesar fica por conta dos personagens secundários, que não chegam a ser memoráveis. Isso pesa ainda mais em um jogo que exige lembrar deles para avançar. O próprio Rémi também tem momentos pouco interessantes, já que a trama se perde em alguns desvios. Ainda assim, a história consegue nos puxar de volta em momentos importantes e reforça o papel do protagonista como um forasteiro em uma terra isolada, tentando lidar tanto com os fantasmas do passado quanto com os problemas atuais.

E para quem tem receio de se perder na história por não dominar o inglês, o jogo conta com legendas em português e ainda oferece a opção de jogar em francês, já que o estúdio responsável está localizado em Montreal. Em relação aos gráficos, o título apresenta momentos visualmente muito bonitos, principalmente nos cenários e até mesmo nos inimigos, algo que fica ainda mais evidente no modo qualidade. No entanto, alguns personagens da história deixam a desejar, com modelos que lembram o início da geração passada. O contraste chama atenção, já que certas expressões faciais possuem um nível de detalhe elevado, enquanto o restante do modelo parece bem inferior.

Siga seu próprio caminho 

Um dos principais chamativo desse título, é a forma como a desenvolvedora prometeu que seguir nossos instintos era a chave para terminar o jogo, pelo fato de não termos um mapa, bussola ou qualquer outro meio de indicativo para onde ir. Mas jogando ele de fato, não acabou sendo exatamente isso tudo, nosso protagonista tem sim uma bússola, que por mais que ela seja quase inútil, podemos sim utilizar uma. E sobre o mapa, durante as fases realmente não temos nenhum norte exato para onde ir, e é aqui que ele acerta bastante, principalmente com a quantidade de quebra-cabeças, boas ações e tesouros espalhados pelas áreas dos locais que podemos visitar. 

Um dos meios que utilizamos para ir até outras regiões, é com o nosso APC, um veículo militar que desbloqueamos na primeira área. Com ele temos uma visão ampla da região de Hadea, e podemos escolher para qual local desejamos ir. Obviamente os locais só são desbloqueado ao avançar mais na investigação de Rémi , e conversando com mais personagens.

Hadea apresenta locais com visuais muito bonitos
Hadea apresenta locais com visuais muito bonitos
Foto: Reprodução / Matheus Santana

Por mais que seja um título com foco muito forte em memorizar cada local que visitamos, ele também conta com um sistema de conversas bem rico. Até mesmo os NPCs encontrados em certos pontos exigem que você se lembre de onde estavam, caso queira voltar a falar com eles, e recomendo fazer isso.

As conversas se baseiam nos lugares já explorados e também em elementos de investigação. É possível perguntar sobre as áreas visitadas, ouvindo a opinião sincera dos personagens, ou tirar dúvidas sobre quem eles são e seu passado. Também dá para pedir orientações de como chegar a determinados locais, mas nesse caso as respostas costumam ser mais vagas, geralmente indicando um ponto de referência e a direção cardeal a seguir.

Mais do que uma ferramenta de progressão, esse sistema de diálogos ajuda a dar corpo ao mundo de Hadea. Mesmo sem um mapa para guiar cada passo, ouvir o que os NPCs têm a dizer contribui para reforçar a atmosfera do jogo. Cada personagem traz sua própria visão sobre a cultura e os acontecimentos daquele universo, revelando histórias e opiniões que ampliam a imersão. Essa diversidade de perspectivas torna o cenário mais vivo e garante que cada encontro valha a pena, mesmo quando a informação parece apenas um detalhe à primeira vista.

Uma terra selvagem 

Hell is Us provavelmente vai entrar naquela velha discussão sobre ser ou não um título do gênero Soulslike, mas a resposta é clara: não é. Apesar de trazer alguns elementos familiares, como a barra de vigor que limita cada ação e a rolagem para desviar de ataques, o combate segue um caminho próprio. Rémi, por exemplo, possui dois tipos de golpes, o normal e o carregado, além de uma mecânica chamada “Energia Límbica”. Ao acertar vários ataques, se o personagem tiver perdido parte da vida, ele começa a carregar uma aura branca ao redor do corpo. Executando o comando no momento certo, a vida é restaurada de acordo com o dano causado no inimigo.

O drone apelidado de KAPI também é essencial. Durante a exploração, ele serve como lanterna e pode ser posicionado nas costas ou pairando sobre o ombro do protagonista. Nas lutas, funciona como uma ferramenta indispensável, capaz de distrair inimigos por alguns instantes quando aparecem em dupla. Conforme avançamos pela trama e exploramos o cenário, é possível equipar glifos que funcionam como aprimoramentos, tanto para o KAPI quanto para as armas. Além disso, no ferreiro é possível usar uma Esfera Límbica para aprimorar os equipamentos, adicionando efeitos semelhantes aos danos elementais vistos em outros jogos.

Enfrentar um inimigo por vez acaba sendo bem tranquilo
Enfrentar um inimigo por vez acaba sendo bem tranquilo
Foto: Reprodução / Matheus Santana

Os inimigos, chamados de Hollow Walker, têm um visual peculiar, lembrando humanoides brancos, sem rosto e com movimentos grotescos. Nas primeiras horas, enfrentá-los exige bastante paciência, mas a dificuldade cresce quando surgem acompanhados pelos Haze. Essas criaturas estão ligadas aos Hollow por um cordão umbilical, formando uma espécie de dupla. Nessas situações, o jogo recomenda eliminar o Haze rapidamente, já que ignorá-lo o torna ainda mais agressivo. As lutas contra eles são intensas, exigindo atenção no tempo dos golpes e na constante mudança de forma e padrão de ataque. Felizmente, os pontos de salvamento são frequentes e ajudam a amenizar a frustração, já que mesmo ao perecer a maioria dos progressos e descobertas permanece registrada.

Embora Rémi tenha acesso a diferentes armas, o repertório de golpes acaba se mostrando limitado com o tempo. Os glifos ajudam a expandir as possibilidades, mas ainda assim o combate cai em certa repetição. É uma pena, porque os confrontos contra os Hollow e os Haze são justamente os momentos mais intensos e desafiadores. O foco na brutalidade e na urgência em derrotar os inimigos funciona bem, mas faltou variedade para sustentar o sistema de combate a longo prazo.

Considerações

Hell is Us - Nota 7,5
Hell is Us - Nota 7,5
Foto: Divulgação / Game On

Hell is Us se mostra como um jogo ambicioso, com ideias que chamam atenção logo de início. A ausência de um mapa tradicional, a atmosfera densa de Hadea e o combate contra inimigos grotescos dão personalidade à experiência. No entanto, a execução nem sempre acompanha a ousadia, deixando alguns sistemas limitados e repetitivos. Ainda assim, é uma jornada que merece atenção, principalmente para quem busca algo fora da curva. Pode não ser o grande salto que parecia prometer, mas entrega momentos intensos e um universo que instiga a curiosidade.

Hell is Us será lançado em 4 de setembro para PC, PlayStation 5 e Xbox Series.

Esta análise foi feita no PlayStation 5, com uma cópia gentilmente cedida pela Nacon.

Fonte: Game On
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