João Fonseca: primeiro título no ATP 500 foi fácil ou merecido?
Embora Fonseca tenha desfrutado de uma rota menos exigente do ponto de vista físico, não foi o único.
A conquista de João Fonseca no ATP 500 de Basileia, ao vencer Alejandro Davidovich Fokina por 6-3, 6-4 na final, foi um marco para o tênis brasileiro e um momento simbólico para a nova geração. O torneio, no entanto, levantou uma discussão inevitável: o jovem carioca teve um caminho mais fácil até o título? E, se teve, isso diminui o seu mérito?
Trajetória até a decisão
A campanha de Fonseca na Suíça foi, no mínimo, curiosa. Ele estreou vencendo o francês Giovanni Mpetshi Perricard com firmeza, em sets diretos. Na fase seguinte, avançou por walkover (W.O.) após a desistência do tcheco Jakub Menšík antes mesmo de entrar em quadra. Nas quartas de final, enfrentou Denis Shapovalov, que abandonou a partida quando Fonseca vencia o terceiro set por 4-1. Depois, nas semifinais, derrotou o espanhol Jaume Munar em dois sets equilibrados e, por fim, superou Davidovich Fokina na decisão, em mais uma atuação sólida e confiante.
Um caminho mais fácil?
É inegável que o brasileiro contou com momentos de sorte. Em um torneio de nível ATP 500, um walkover e um abandono significam menos desgaste físico e mais tempo para se preparar entre as rodadas — uma vantagem real, especialmente para um jogador jovem, ainda em adaptação a torneios longos. Entretanto, é importante lembrar que o próprio Davidovich Fokina também se beneficiou de uma retirada: Ugo Humbert abandonou a semifinal quando perdia o terceiro set, permitindo que o espanhol chegasse à final sem completar a partida.
Assim, embora Fonseca tenha desfrutado de uma rota menos exigente do ponto de vista físico, não foi o único. E quando esteve em quadra, mostrou por que o circuito o enxerga como uma das promessas mais vibrantes do tênis atual.
Desempenho justifica o troféu
Na semifinal e na final, Fonseca apresentou um jogo maduro, agressivo e preciso, com o saque afiado e uma mentalidade que impressiona pela idade. Venceu os pontos importantes, manteve o controle emocional e demonstrou consistência técnica do início ao fim.
Dizer que João Fonseca teve um caminho mais fácil é, portanto, parcialmente verdadeiro — mas incompleto. O que se viu em Basileia foi um jogador que soube aproveitar as circunstâncias, sem se acomodar nelas. Ele enfrentou o que veio pela frente e venceu com autoridade.
Merecimento acima de tudo
O título não foi um presente, foi a consolidação de um talento que vem se afirmando com rapidez. No fim, o debate sobre sorte ou merecimento é legítimo, mas a resposta é clara: João Fonseca foi merecedor do título.
O tênis é um esporte em que fatores externos sempre influenciam — lesões, desistências, sorteios de chave. O que define um campeão é o que ele faz quando está em quadra, e Fonseca fez o necessário com sobras. Basileia 2025 ficará marcada não apenas como a semana em que o Brasil voltou a conquistar um ATP 500, mas também como o torneio em que João Fonseca deixou de ser promessa e começou a escrever, de fato, sua história no circuito.