'Vem o filme de um ano todo': Yago Dora revela tensão antes de conquistar mundial de surfe
Brasileiro venceu o norte-americano Griffin Colapinto no WSL Finals, em Fiji, e coroou melhor temporada da carreira
Yago Dora conquistou o título mundial de surfe no WSL Finals em Fiji, vencendo Griffin Colapinto, coroando uma temporada marcante de sua carreira e reforçando o domínio brasileiro no esporte.
"Começa a vir o filme de um ano todo na cabeça, de todas dúvidas, toda pressão, todas as adversidades que a gente tem de enfrentar para conquistar um título mundial": é assim que Yago Dora define os instantes que viveu antes de ser anunciado como o mais novo campeão mundial de surfe. O curitibano criado em Florianópolis (SC) ergueu o troféu após vencer o WSL Finals no pico de Cloudbreak, em Fiji.
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Líder do ranking mundial e dono da lycra amarela, Dora aguardou o desenvolvimento dos confrontos e assistiu o norte-americano Griffin Colapinto derrotar Italo Ferreira, campeão mundial de 2019, e o sul-africano Jordy Smith para, então, cair na água e disputar a última bateria do Finals, na última segunda-feira, 1º.
Ainda que o 'swell' não estivesse em suas melhores condições em Cloudbreak, Dora apresentou o vasto repertório que o levou a ter a melhor temporada da carreira, incluindo a conquista de dois títulos: assertivo, o brasileiro se adaptou à adversidade das ondas e cometeu poucos erros na bateria.
O resultado da estratégia foram duas notas altas que totalizaram a pontuação de 15.66 (7.33 + 8.33), enquanto Colapinto, com 12.33 (6.33 + 6.00), precisaria acertar uma onda com nota superior a 9. O norte-americano tentou, mas não foi capaz de alcançar a marca do brasileiro.
Com o visual 'Cascão' e um leve mal-estar após festejar o título na noite anterior, Yago Dora falou ao Terra sobre o momento em que aguardava, ainda no mar, a definição da disputa e a 'coroação' de uma temporada bem-sucedida e marcada por mudanças na carreira.
"Assisti a um pedaço da onda dele, e ele precisava de uma nota bem alta. Vi ele surfando e já vi que a nota não ia sair. Mas é doido, passa um filme na cabeça. A sensação que veio é que o momento foi muito rápido, do tipo: 'É isso? Acabou?'", relembra.
"Mas aí começa a vir o filme de um ano todo na cabeça. Tudo que a gente tem de passar e superar para conquistar um título mundial e seguir, se manter na briga, se manter acreditando o tempo todo. É bem emocionante", acrescenta.
Com a vitória, Yago Dora reforçou o domínio da 'Brazilian Storm' no surfe mundial: oito títulos conquistados nas últimas 11 temporadas. Apenas o havaiano John John Florence conseguiu frear a hegemonia do Brasil sobre as pranchas.
Dora também se juntou a Gabriel Medina, Adriano de Souza, Filipe Toledo e Italo Ferreira no rol de brasileiros campeões mundiais da elite do surfe. Para Ivan Martinho, presidente da WSL na América Latina, o Brasil vive um 'ciclo virtuoso' no surfe mundial.
"Dentro d’água, nossos atletas acumulam títulos históricos. Fora dela, somos palco dos maiores eventos, líderes de audiência e de base de fãs. Esse movimento se retroalimenta: cada vitória amplia nossa relevância global, e as consequências são condições cada vez maiores para novos campeões surgirem", analisa.
O mais novo campeão mundial, que venceu a etapa de Trestles, na Califórnia, Estados Unidos, na atual temporada, projeta os próximos desafios e vê com bons olhos a participação nos Jogos Olímpicos de Los Angeles, em 2028.
"Estou bem ansioso para lutar pela minha vaga nas Olimpíadas. Esse ano eu venci em Trestles, e isso me dá uma confiança muito boa, uma vontade a mais de estar lá nos Jogos de Los Angeles. Ainda falta um tempo, mas com certeza é uma meta minha. Tendo conquistado um título mundial, essa experiência me ajuda também", disse.