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Janaina Santana, a mineira que brilhou na Maratona de Tóquio

A corredora amadora foi a latino-americana melhor classificada nessa prova

28 mar 2024 - 11h21
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Não se engane com a altura da mineira Janaína Santana. Com 1,52m de altura ela é gigante nas corridas de rua.  Janaína é cientista política de formação e policial rodoviária federal. Quietinha, ela vem se destacando nas maratonas dentro e fora do país. Logo na estreia dos 42km, em 2019, venceu a Maratona de Florianópolis. Em 2022, quando as corridas de rua voltaram, foi lá e defendeu seu título. E a mais recente façanha foi ser a melhor atleta latino-americana na Maratona de Tóquio, no início de março. Chegou em 57º lugar, com o tempo de 2:50:38. Para este ano, as novas metas são:  Meia Maratona do Rio e  Maratona de Porto Alegre. Detalhe, ela é corredora amadora.

"São 15 anos nessa labuta que me traz muita satisfação, a corrida de rua me complementa, é parte fundamental do que eu sou hoje", destaca a corredora amadora, que também é triatleta.

Para dar conta do recado, ela tem que "esticar" o dia. Janaína acorda às 4h30  para começar os treinos diários às 5 da matina. Mas nem sempre foi assim, na adolescência era se frutou muito, por conta da estatura não conseguia destaque em nenhuma modalidade.  "Já no início da vida adulta, eu fazia, às vezes, caminhada, mas como não tinha paciência para caminhar, às vezes dava uma corridinha, e as pessoas comentavam que eu levava jeito para correr, que devia me inscrever numa corrida de rua", lembra. Ela nunca fez isso, até que um dia, um colega resolveu dar uma inscrição de presente para ela, numa prova de 5km. Janaína ficou sem graça de não ir. "Foi uma corrida aqui em Belo Horizonte, no Clube Libanês, foi até no Dia Internacional da Mulher de 2019. Cheguei em quarto lugar e gostei demais de tudo", acrescenta.

Em 2013, ela passou no concurso da PRF, e no curso de formação, em 2016, conheceu o instrutor de Educação Física e triatleta Fred Corralo (foto abaixo), que se tornou o técnico dela, para iniciar no triatlo. Em 2018, ela já estava pronta para o primeiro Ironman. E no ano seguinte repetiu a dose. O que ela mais gostou no triatlo foi correr a maratona, e decidiu focar em uma nova meta, correr a primeira maratona abaixo de 3 horas.

Janaina se inscreveu na Maratona de Florianópolis de 2019 como qualquer outro corredor amador. Treinou bastante e largou confiante para bater seu RP. "Eu sai bem atrás, bem conservadora mesmo. Fui passando uma, passando outra e quando eu vi,  no  quilômetro 28, eu estava em primeiro. Eu nem acreditei. E aí consegui manter a liderança até o final da prova. Foi uma surpresa muito  gratificante ter vencido essa maratona, que foi a minha primeira", destaca. A ideia era ir em 2020, defender o título, sonho interrompido pela pandemia. Mas em 2022, ela se inscreveu novamente, foi lá e venceu, sagrando-se bicampeã dessa prova, cruzando a linha de chegada com 2:49:29. "Tive 100% de aproveitamento, se quisesse parar ali já estava ótimo", brinca. Mas com esses pódios ela sonhou mais alto, foi para a Maratona de Boston, porém uma lesão no quadril atrapalhou a performance. Como tudo já estava pago, e Boston é a mãe das maratonas, ela correu de teimosa.

Para equacionar as maratonas com seu trabalho, tudo é planejado com antecedência. Para correr a Maratona de Tóquio, por exemplo, ela marcou férias. "Me inscrevi para o sorteio da Maratona de Tóquio e para minha surpresa fui uma das sorteadas. Saí do Brasil em 26 de fevereiro e cheguei lá no dia 28. "A viagem já é uma maratona dentro da maratona, é muito desgastante, principalmente para quem vai na classe turística como eu, você chega moído. E tem o desafio do sono, nas três noites antes da maratona eu não dormi direito. É muita adrenalina", relata. Ela escolheu se hospedar perto da largada, para não se preocupar com o transporte. "Nessa maratona a largada e a chegada são em locais distintos", explica.

Metódica como os japoneses, ela fez tudo como sempre faz, tomou café, comeu, o intestino funcionou. Calçou seu Nike Vaporfly 2 e largou sem medo de ser feliz. Dois dias depois da prova, quando saíram os resultados, ela soube que chegou em  57º lugar, a melhor classificação de uma latino americana. "Como me lesionei em 2022, a maratona do Japão era uma oportunidade de me reafirmar como o atleta, como maratonista, a expectativa principal era correr bem, de voltar a ter confiança. E o resultado foi muito gratificante", revela.

Depois desse feito, Janaína ficou três semanas de pernas pro ar, e nesta segunda-feira retomou os treinos para encarar a Meia Maratona do Rio, em 1º de junho, e na sequência a Maratona de Porto Alegre, em 16 de junho. "Será a primeira vez que vou correr em Porto Alegre", conta. Gurias de POA se preparem que a Jana está chegando!

Estadão
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