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Pandemia faz narradores esportivos se adaptarem para passar emoção ao 'novo futebol'

Ausência de torcida obriga profissionais a buscarem novo ritmo durante a cobertura dos jogos

10 jul 2020 - 08h11
(atualizado às 12h17)
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Os narradores esportivos precisam se adaptar às mudanças ocorridas nas transmissões dos eventos após a pandemia do coronavírus. A falta de ritmo, a ausência do público e as novas formas de trabalho são alguns dos obstáculos a serem superados para que os profissionais levem emoção aos fãs do "novo futebol". Para Cesar Augusto, locutor da plataforma DAZN, a falta de público exige mudança no ritmo da narração. "Sem torcida, o futebol é um esporte novo para ser narrado. Este é o grande desafio do narrador. A voz é mais exigida neste sentido. É um ritmo novo de narração, não pode ter espaço em branco, que era preenchido anteriormente pelo grito de gol da torcida."

Segundo o ex-repórter da TV Globo nos anos 90, "não temos mais o respiro da comemoração da torcida após um gol. Em um jogo do Boca Juniors não existe mais o caldeirão de La Bombonera". "Eu narro futebol turco e a torcida é muito participante, mas não há mais isso", disse o jornalista.

Cleber Machado, com mais de três décadas como um dos principais narradores da TV Globo, concorda. "A falta de público na arquibancada talvez seja a mudança mais sentida. Vai dar para ouvir treinadores e jogadores em campo. Outro ponto será não perder o ritmo da transmissão. Precisamos estar bem atentos a este ponto, respeitando o momento que se passa no mundo por conta da pandemia", disse ao Estadão.

Ao mesmo tempo, o experiente narrador destaca eventos diferentes que pôde fazer neste momento diferenciado. "Mudou o trabalho. Paramos momentaneamente de narrar, mas tivemos programas para fazer, o que foi muito bom. No meu caso, participei do 'Seleção SporTV' e do 'Bem, Amigos!'. Eu ainda tive a oportunidade de fazer a 'Faixa Especial' do SporTV, narrar jogos antigos, como os da Copa de 1970, que foi muito agradável de fazer. Mas é um outro tipo de trabalho. Você tenta contextualizar para os telespectadores."

Fernando Nardini, da ESPN, se sentiu "meio engessado, com ferrugem" com o longo período fora dos microfones. Ele aponta o trabalho em casa como uma das adaptações a serem feitas. "A dinâmica é diferente. Você mistura o seu dia a dia doméstico com o profissional. Trabalha onde tem também lazer e descanso. Interditei minha casa, mudei a rotina, não pode haver grande barulho. Fechei a porta e trabalhei, com camisa da TV e bermuda por baixo, pois só apareço da cintura para cima."

Nardini também chama a atenção para a saúde mental neste período oscuro de confinamento. "O mais importante é controlar a cabeça e não pirar por conta do isolamento", diz o narrador, especialista em tênis.

No Fox Sports, Eder Reis é a "voz" das lutas e também narra os diversos campeões europeus do canal. Para ele, a parte técnica é outro obstáculo a ser superado. "Por fazer as transmissões de casa, tenho de entrar no ar muito antes do que quando o trabalho era feito na sede. É preciso uma boa conexão para entrar com o link da transmissão, além de modular o microfone", disse o narrador.

Eder descreve como é feito seu trabalho. "Anoto todas as informações dos clubes e dos jogadores no papel, pois o computador é usado para receber as imagens. O celular também é um aliado na transmissão. Aí preciso acompanhar o jogo em uma tela de 15 polegadas, onde os lances não são tão detalhados." O futebol mundial está de volta e tenta superar a pandemia, assim como os profissionais que contam a história para cada torcedor dentro de casa. Eles estão renovados e prontos para gritar: "Gooooooooool".

Estadão
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