PUBLICIDADE

Copa das Confederações

"Mestiça”, Itália pega Japão com Balotelli como bandeira antirracismo

19 jun 2013 - 07h29
(atualizado às 14h34)
Compartilhar
Exibir comentários
<p>Balotelli foi decisivo na vitória diante do México por 2 a 1</p>
Balotelli foi decisivo na vitória diante do México por 2 a 1
Foto: Daniel Ramalho / Terra

Entre as grandes seleções europeias, a italiana foi a última a ter um negro em seu plantel. O primeiro foi o volante Fabio Liverani, em 2001, seguido pelo defensor Matteo Ferrari. Hoje, o jovem Mario Balotelli, 22 anos e filho de ganeses nascido em Palermo, é a principal esperança de gols da equipe comandada por Cesare Prandelli. Cada passo seu dentro de campo será novamente seguido de perto por torcedores e jornalistas nesta quarta-feira, a partir das 19h (de Brasília), quando a Itália enfrenta o Japão, na Arena Pernambuco, pela segunda rodada da Copa das Confederações.

Confira todos os vídeos da Copa das Confederações

O futebol italiano sofreu com episódios de racismo em 2013. Em 3 de janeiro, o Milan abandonou um amistoso contra o Pro Patria, na casa do adversário, quando torcedores começaram a imitar sons de macaco ao ver jogadores negros – especialmente o ganês Kevin-Prince Boateng – tocarem a bola.

Em um contexto como esse, a presença de nomes como Balotelli na seleção italiana é importante, conforme analisa Prandelli. O treinador, no entanto, não se esquece de fazer uma observação quanto às atitudes controversas do jogador. “(O racismo) é um assunto do qual já tratamos. Estamos convencidos de que vamos superá-lo e precisamos estar muito atentos. Mario pode ser um exemplo e talvez precise melhorar o comportamento para nos ajudar nesse ponto de vista”.

Seleção Italiana chega a Recife com gritos de torcedores:

Balotelli foi um dos temas principais da entrevista de Prandelli na véspera da partida contra o Japão, que pode garantir a vaga italiana na semifinal da Copa das Confederações.

“Falar de Mario sempre é difícil porque de uma hora para outra pode acontecer alguma coisa", disse o treinador. "Penso que ele tenha uma grande motivação, a camisa azzurra transmite isso. Ele encontrou um grupo de jogadores que venceu (a Copa do Mundo de 2006) e tem vontade de vencer de novo, isso dá ânimo ao time. Todas essas coisas podem ajudá-lo a crescer. Digamos que há anos ele tem um potencial extraordinário: ele tem que colocar tudo, tem que dar alguma coisa dele também”.

De estilo disciplinador, Prandelli barrou, por exemplo, Balotelli da seleção em março de 2012, logo após o jogador, então no Manchester City, ser suspenso por quatro jogos por um pisão no volante Scott Parker, do Tottenham. No último domingo, o técnico deu uma bronca pública no atacante apesar do gol marcado na vitória por 2 a 1 sobre o México, no Estádio do Maracanã: “ele já fez todo mundo ver seus músculos e deve parar de tirar a camisa”, disse Prandelli, irritado pelo cartão amarelo recebido pelo jogador na comemoração.

<p>Durante a Eurocopa de 2012, o deputado italiano Paolo Ciani postou montagem de cunho racista de Balotelli em rede social&nbsp;</p>
Durante a Eurocopa de 2012, o deputado italiano Paolo Ciani postou montagem de cunho racista de Balotelli em rede social 
Foto: Facebook / Reprodução

Balotelli estreou pela seleção italiana justamente sob o comando de Prandelli, em agosto de 2010. Em novembro de 2011, tornou-se o primeiro jogador negro da história a fazer um gol pela equipe azul. Durante a Eurocopa de 2012, calou com dois gols decisivos na semifinal contra a Alemanha uma polêmica criada pelo deputado Paolo Ciani, de Friuli-Venezia Giulia. Este postou no Facebook uma montagem na qual Mario aparecia como lavrador e escreveu: “este palhaço deveria estar nos campos, trabalhando”.

Desde então, Balotelli se firmou e, com nove gols em 23 encontros, é o artilheiro da era Prandelli na seleção. O atleta é o símbolo de uma seleção italiana mestiça não só na cor, mas também nas etnias: o atacante Stephan El Shaarawy, 20 anos, é filho de pai egípcio e deve ser opção na reserva nesta terça.

O treinador já convocou também jogadores como o centroavante Amauri e o volante Thiago Motta, nascidos no Brasil e detentores da cidadania italiana, e o atacante Osvaldo, natural da Argentina. Este foi cortado da Copa das Confederações por criticar no Twitter o técnico da Roma, Aurelio Andreazzoli, após a derrota para a Lazio na final da Copa da Itália.

Eis mais um traço da disciplina de Prandelli, à qual Balotelli deve estar atento. “Há a regra da suspensão depois de dois cartões amarelos. Eu não sabia e peço desculpas. Não tirarei mais a camisa, juro”, disse, em meio à bronca recebida na partida contra o México, o homem que ao mesmo tempo pode ser a solução e o problema da Itália.

Escalações

Prandelli não confirmou a formação que enfrenta o Japão, mas admitiu que pode fazer algumas mudanças porque os jogadores vêm em final de temporada e “se desgastaram muito” diante do México.

Em relação ao time que atuou no Maracanã, é provável que Christian Maggio substitua Ignazio Abate na lateral direita e que Alberto Aquilani substitua Claudio Marchisio no meio-campo. O esquema tático 4-3-2-1 deve ser mantido. Há ainda a possibilidade de Leonardo Bonucci ser titular na zaga.

O Japão tem como destaque o técnico italiano Alberto Zaccheroni, a quem Prandelli disse temer pela capacidade tática. Zaccheroni enfrentará o país natal pela primeira vez na carreira e disse que não deve cantar o hino italiano por respeito aos japoneses. Sem dar detalhes sobre a escalação em entrevista na terça-feira, o técnico falou em se aproveitar os “poucos defeitos” da Itália e tentar impor o jogo sobre um “plano técnico”, não físico.

A equipe titular deve ser quase a mesma que perdeu para o Brasil por 3 a 0, no último sábado, no Estádio Nacional Mané Garrincha, em Brasília: a única alteração seria entre o meio-campo e o ataque, com a entrada de Ryoichi Maeda no lugar de Hiroshi Kiyotake.

Itália: Buffon; Maggio (Abate), Barzagli (Bonucci), Chiellini e De Sciglio; Pirlo, De Rossi e Montolivo; Aquilani (Marchisio) e Giaccherini; Balotelli

Japão: Kawashima; Uchida, Yoshida, Konno e Nagatomo; Hasebe e Endo; Maeda (Kiyotake), Honda e Kagawa; Okazaki

Veja quem foi o primeiro negro a jogar pelas principais seleções europeias:

França: Raoul Diagne (1931)

Portugal: Guilherme Espirito Santo (1937)

Alemanha: Erwin Kostedde (1974)

Inglaterra: Viv Anderson (1978)

Espanha: Vicente Engonga (1998)

Itália: Fabio Liverani (2001)

&amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;lt;a data-cke-saved-href=&amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;quot;http://esportes.terra.com.br/infograficos/monte-selecao-copa-confederacoes/iframe.htm&amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;quot; href=&amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;quot;http://esportes.terra.com.br/infograficos/monte-selecao-copa-confederacoes/iframe.htm&amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;quot;&amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;gt;veja o infogr&amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;aacute;fico&amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;lt;/a&amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;amp;gt;
Fonte: Terra
Compartilhar
Publicidade
Publicidade