Respeitoso ao Japão, Zaccheroni diz que não cantará hino da Itália
Alberto Zaccheroni, 60 anos, confessa jamais ter pensado que um dia enfrentaria a seleção italiana – ainda mais em uma competição oficial. Pois é exatamente isso que acontecerá com o treinador natural de Meldola, na Emília-Romanha, nesta quarta-feira. A partir das 19h (de Brasília), o técnico do Japão enfrentará o país natal pela segunda rodada da Copa das Confederações, na Arena Pernambuco.
Zaccheroni admite que contra a Itália “não é uma partida como as outras”, mas promete tomar uma precaução instantes antes de a bola rolar: “creio que, também por respeito ao país que confiou a mim a sua seleção, não devo cantar o hino. É verdade que sou italiano. Quer dizer que vou encontrar só oponentes, e não inimigos”.
Sem falar japonês, o treinador concedeu entrevista em italiano nesta terça na Arena Pernambuco, onde comandou o treino de reconhecimento do gramado antes do confronto. Ele dirige o Japão desde agosto de 2010 e, após ser campeão asiático no ano seguinte, tornou-se o primeiro treinador a garantir vaga na Copa do Mundo de 2014 – à exceção do Brasil, o país-sede.
Campeão italiano com o Milan em 1999, Zaccheroni passou sem conquistas por Lazio, Inter de Milão, Torino e Juventus na sequência, mas diz não ter conseguido assumir nenhum desses trabalhos do início – como fez no Japão. No país oriental, lembra que a pressão não é tão grande quanto na Itália.
“Não aprendi a ler japonês, então a pressão midiática chega menos”, afirma. “As pessoas são sempre gentis e pacientes, mas ainda falta um ano (de contrato), não sei se continuarão a se comportar assim. Eles me deram as melhores condições para trabalhar e o ambiente é extraordinário. O está sempre lotado, há muita paixão de crianças e mulheres que nos fazem sentir tanto calor”.
Certamente o Japão joga “muito melhor” em casa do que fora, analisa o treinador. Seu desafio é fazer o país se soltar e propor o jogo também longe da Ásia, o que não aconteceu no último sábado, na derrota por 3 a 0 para o Brasil, em Brasília, pela estreia na Copa das Confederações. “Estou procurando aumentar o nível de coragem para tentar jogar contra os times superiores, o que estávamos conseguindo até a partida contra o Brasil, quando vi um time tímido”, afirmou.
Questionado se acreditava na vitória sobre o país-natal, ele respondeu: “devo acreditar. No futebol jogamos sempre para vencer. Se o adversário depois é melhor...”. Ele elogiou o trabalho do técnico Cesare Prandelli na seleção italiana e disse haver poucos defeitos na equipe – mas eles existem e é em cima deles que Zaccheroni trabalha junto a seus jogadores.
“Obviamente não posso fazer uma partida física contra a Itália. Temos características técnicas, devemos colocá-la sobre o plano técnico", disse. Essa foi a principal pista sobre o modo como ele pretende encarar o país natal. O treinador preferiu não divulgar a escalação para o encontro.