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Craques e torcedores

Holanda tem história marcada por craques e fracassos

Seleção que revolucionou o futebol nos anos 1970 é a única grande potência do esporte que nunca ganhou uma Copa do Mundo

9 jul 2014 - 08h01
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Robben comemora a vitória nos pênaltis diante da Costa Rica. Kluivert, ao fundo, já foi um dos craques da seleção, e hoje é assistente do técnico Louis Van Gaal
Robben comemora a vitória nos pênaltis diante da Costa Rica. Kluivert, ao fundo, já foi um dos craques da seleção, e hoje é assistente do técnico Louis Van Gaal
Foto: Dean Mouhtaropoulos / Getty Images

Com as incríveis arrancadas de Robben, os passes decisivos de Sneijder e as finalizações precisas de Van Persie, o futebol apresentado pela seleção da Holanda está entre os mais encantadores desta Copa do Mundo. Isto, porém, não é nenhuma surpresa para o país, que apesar de jamais ter vencido um mundial, acumula grandes times e craques ao longo de sua história, como Johan Cruyff, Johan Neeskens, Marco Van Basten, Ruud Gullit, Clarence Seedorf e Patrick Kluivert.

Até meados dos anos 1960, a Holanda era um país sem muita expressão no futebol mundial, e sua seleção havia sido eliminada na primeira partida das duas Copas que tinha disputado até então – as de 1934 e 1938. A situação só começou a mudar quando o técnico Rinus Michels assumiu o comando do principal clube do país, o Ajax, que contava com jovens promessas como Cruyff, Neeskens, Johnny Rep e Ruud Krol.

Apostando em uma nova filosofia batizada de “futebol total”, na qual os jogadores não guardavam posições fixas no campo e atacavam e defendiam em bloco, o time ganhou três campeonatos holandeses consecutivos (1966 a 1968) e três Ligas dos Campeões da Europa na sequência (1971 a 1973).

A geração Laranja Mecânica

O sucesso no Ajax levou Michels ao comando da seleção holandesa, onde ele montou uma base com os principais atletas de seu ex-clube, complementada com outros grandes jogadores como Rob Rensenbrink e os gêmeos René e Willy van de Kerkhof. Logo na estreia da Copa de 1974, a Holanda assombrou o mundo do futebol ao derrotar a seleção do Uruguai, que havia sido semifinalista quatro anos antes.

Apesar do placar pouco elástico de 2 a 0, o que se viu dentro de campo foi um verdadeiro massacre, com jogadas ensaiadas, muito toque de bola e vários lances em que três ou quatro holandeses iam ao mesmo tempo para cima de um uruguaio que detinha a posse da bola. Por causa da constante troca de posições, o esquema de jogo foi batizado de Carrossel Holandês e a equipe foi apelidada de Laranja Mecânica, em referência à cor de seu uniforme.

Depois de um decepcionante empate sem gols com a Suécia no jogo seguinte, a Holanda voltou a mostrar sua força com uma vitória por 4 a 1 sobre a Bulgária. Os resultados classificaram o país para a fase seguinte, quando o time caiu em um grupo que contava com Brasil, Argentina e Alemanha Oriental. Logo de cara, os holandeses promoveram um novo massacre, ao bater nossos hermanos por 4 a 0. Na sequência, foi a vez dos alemães orientais assistirem a um novo espetáculo na derrota por 2 a 0.

Com os resultados do grupo, Brasil e Holanda chegavam para a última rodada disputando uma vaga na final. Os holandeses tinham a vantagem do empate, mas não se acomodaram e mostraram a craques como Rivellino e Jairzinho que o futebol agora tinha novo dono. Sem dar chances ao time verde a amarelo, venceram a partida por 2 a 1 e se classificaram para a final, na qual enfrentariam a Alemanha.

Logo na saída de bola da última partida da Copa, o genial Johan Cruyff mostrou porque até hoje é considerado o maior jogador da história da Holanda. Com menos de um minuto de jogo, ele recebeu a bola no meio de campo e, sozinho, passou pelos marcadores, invadiu a área adversária e sofreu pênalti. Neeskens cobrou e abriu o placar, sem que a Alemanha Ocidental tivesse tocado na bola uma única vez.

Jogando em casa e contando com craques como Paul Breitner, Gerd Müller e Franz Beckenbauer, a Alemanha Ocidental se superou em campo e conseguiu virar a partida, faturando seu segundo título mundial. Apesar disso, o futebol mostrado pela Holanda naquela Copa segue como referência até os dias de hoje, tendo inspirado, por exemplo, o esquema do Barcelona dos últimos anos.

Em 1978, a Holanda chegava para a Copa do Mundo sem sua principal estrela, pois Cruyff havia se aposentado no ano anterior. Apesar disso, a seleção conseguiu chegar à final aos trancos e barrancos, com três vitórias, dois empates e uma derrota. Na decisão contra a Argentina, que também era a dona da casa, os europeus até conseguiram segurar o empate por 1 a 1 no tempo normal, mas acabaram perdendo por 3 a 1 na prorrogação, acumulando seu segundo vice-campeonato consecutivo, que decretou o fim da geração da Laranja Mecânica.

A geração Gullit, Rijkaard e Van Basten

Não demorou muito, porém, para novos craques surgirem no país. Após ficar de fora das Copas de 1982 e 1986, o técnico Rinus Michels voltou ao comando da seleção, e mais uma vez conseguiu montar uma equipe forte. Contando com nomes como Gullit, Frank Rijkaard e Ronald Koeman, a seleção finalmente conseguiu uma conquista de expressão ao se sagrar campeã da Eurocopa de 1988. No torneio, o time passou por adversários como Inglaterra e Alemanha Ocidental. Na final, contra a União Soviética, Van Basten sacramentou o triunfo com um gol antológico.

O título e os grandes jogadores deram status de favorita à Holanda na Copa de 1990, mas o país mais uma vez decepcionou. Depois de empatar com Egito e Inglaterra, os laranjas se acomodaram com uma nova igualdade diante da Irlanda, resultado que classificava os dois países. Na fase seguinte, no entanto, eles enfrentaram a Alemanha de Matthaus, Klinsmann, Brehme e Rudi Völler, que acabou vencendo por 2 a 1.

A geração De Boer, Kluivert e Seedorf

Para a Copa seguinte, os holandeses promoveram uma nova reformulação, marcando a ascensão de jogadores como Frank de Boer, Dennis Bergkamp e Marc Overmars. Depois de fazer uma campanha irregular na primeira fase (duas vitórias e uma derrota), a Holanda embalou com um triunfo por 2 a 0 sobre a Irlanda nas oitavas de final. Na fase seguinte, buscou um difícil empate contra o Brasil de Romário após estar perdendo por 2 a 0, mas sucumbiu com a memorável cobrança de falta de Branco nos minutos finais de jogo.

Em 1998, uma nova geração do Ajax, que havia sido campeão europeu três anos antes, viria a fortalecer ainda mais o país, cedendo grandes jogadores como o goleiro Van der Sar, Seedorf, Edgar Davids e Kluivert. Mais uma vez, os laranjas começaram a Copa devagar, empatando com Bélgica e México e goleando a Coreia do Sul por 5 a 0. Nas oitavas de final, Davids deu a classificação nos acréscimos marcando o segundo na vitória por 2 a 1 contra a Iugoslávia. Na fase seguinte, foi a vez de Bergkamp marcar um belo gol no último minuto, eliminando a Argentina de Batistuta, Crespo, Verón e Ortega. Na semifinal, o adversário seria mais uma vez o Brasil. Depois do empate por 1 a 1 em 120 minutos de muito equilíbrio, Taffarel fez a diferença pegando as cobranças de Cocu e Ronald de Boer, eliminando os holandeses mais uma vez.

A geração Sneijder, Robben e Van Persie

Sem conseguir se classificar para a Copa de 2002, o time passou por uma nova renovação, marcando a ascensão da quarta geração de craques do país, liderada por Wesley Sneijder, Arjen Robben e Robin van der Persie. Em 2006, o trio não conseguiu levar o país além das oitavas de final, quando o país acabou eliminado por Portugal em um jogo que entrou para a história como o mais violento de todas as Copas.

Quatro anos depois, o trio conduziu a Holanda até a final da Copa da África do Sul, passando por grandes seleções como Brasil nas quartas de final e Uruguai na semifinal. No entanto, o país mais uma vez foi derrotado, desta vez pela Espanha, acumulando seu terceiro vice-campeonato.

Com o fracasso, os laranjas chegaram pouco badalados para o mundial do Brasil. Com a bola rolando, no entanto, já deram show contra a Espanha e venceram duros adversários, como Chile e México. Resta saber se o bom futebol mostrado até aqui por Robben, Sneijder e Van Persie será suficiente para enfim acabar com o carma holandês de sempre montar grandes equipes que acabam fracassando em momentos decisivos.

Fonte: PrimaPagina
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