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Craques e torcedores

De Kombi, brasileiro foi a três Copas e agora mira a Rússia

Apaixonado por aventura, Carlos Alberto Valentim conta sobre as aventuras que passou nas viagens para o México, Estados Unidos e França

27 jun 2014 - 08h00
(atualizado às 17h06)
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Seu Nenê foi a três Copas do Mundo de Kombi: México em 86, Estados Unidos em 94, e França em 98
Seu Nenê foi a três Copas do Mundo de Kombi: México em 86, Estados Unidos em 94, e França em 98
Foto: Bruno Meirelles / PrimaPagina

Aos 71 anos, Carlos Alberto de Valentim, o seu Nenê, já cruzou as Américas, atravessou o Atlântico e rodou pela Europa apenas para acompanhar a Seleção Brasileira. Nada que muitas outras pessoas já não tenham realizado, não fosse por um pequeno detalhe: ele fez tudo isso de Kombi.

A primeira grande aventura foi em 1986, quando a Copa foi disputada no México. Pouco antes do início da competição, ele foi demitido. “Em 1986, surgiram duas condições fundamentais que haviam me faltado antes: tempo e dinheiro. Então eu não pensei duas vezes. Vendi meu carro e minha moto, comprei uma Kombi e arrumei um amigo boliviano para repartir os gastos.”

O roteiro da viagem foi programado para que os dois conhecessem vários países das Américas. Assim, a Kombi partiu em 1º de abril de 1986, passando por Paraguai, Argentina, Chile, Peru e Equador. Ao chegar à Colômbia, foi preciso colocar o veículo em um avião, pois não havia estrada ligando o país ao Panamá. Após passar por Costa Rica, Nicarágua, Honduras, El Salvador e Guatemala, a dupla finalmente chegou ao México em 30 de maio, às vésperas do mundial.

“Fomos sem nenhum ingresso, e cada jogo era um desafio para entrar no estádio. No começo, íamos tocando instrumentos e falávamos que os ingressos estavam com a pessoa de trás. A pessoa do final da fila apresentava três ingressos, mas já haviam entrado mais de dez pessoas. Naquela época o pessoal não era tão rigoroso”, conta.

Com o tempo, a estratégia ficou visada, e seu Nenê adotou uma nova tática. Ao perceber que os guardas destacavam uma parte do ingresso e a jogavam em um canto, ele pegou a parte descartada do chão e pediu para um amigo com ingresso entrar, colocar sua parte em um maço de cigarro, e jogar para ele do alto do estádio.

“Eu peguei, juntei as duas partes e consegui entrar. Só que nas quartas de final, contra a França, meu amigo boliviano caiu ao tentar pegar ingresso e fraturou a rótula em quatro partes. Fomos para o hospital e perdemos o jogo, e o Brasil também acabou eliminado”, lamenta.

Depois de seu colega se recuperar, Nenê ainda passou por Estados Unidos e Canadá antes de voltar para o Brasil. Teve de embarcar a Kombi em um navio que fez o trajeto entre Miami e Venezuela. Chegaram a São Paulo em 20 de dezembro, nove meses depois de terem partido, tendo percorrido mais de 48 mil quilômetros e gasto apenas US$ 2,5 mil em todo o período.

Kombi pé-quente

Em 1993, a empresa em que trabalhava fechou, e mais uma vez ele conseguiu juntar tempo e dinheiro. “Comprei uma nova Kombi e levei comigo o filho de 18 anos de um amigo. Falei na rádio que a concessionária de um amigo havia feito um bom preço pelo veículo, e consegui dele um patrocínio de US$ 8 mil para ajudar nos custos da viagem”, recorda.

Desta vez, sua aventura teve grande repercussão. Quatro emissoras de TV foram acompanhar a partida dele, em 9 de abril, no Ibirapuera. Seu Nenê arriscou um caminho diferente, pelo interior do Brasil, mas não conseguiu fazer a travessia até as Guianas.

“Acabamos realizando o trajeto entre Belém e Manaus em um catamarã pelo rio Amazonas. Depois, enfrentamos uma estrada de terra com mais de 700 quilômetros, e fomos ajudados por um grupo de garimpeiros quando ficamos atolados.”

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Após passar por Roraima e chegar à Venezuela, ele deu um jeito de colocar a inseparável Kombi em um avião, que desembarcou em Miami. Na sequência, guiou até Los Angeles, onde seria a estreia do Brasil. Na frente do estádio, conheceu um homem que vendia ingressos pela metade do preço pedido pela Fifa.

“Ficamos com medo de que os ingressos fossem falsos, mas arriscamos e conseguimos entrar. Acabamos comprando dele para todos os jogos. Depois do título, fizemos uma carreata em Pasadena, onde havia vários policiais aprendendo a sambar na rua com os brasileiros”, conta.

Atravessando o Oceano

Para a Copa de 1998, seu Nenê, já aposentado, conseguiu um patrocínio de US$ 25 mil. Entrou em contato com um amigo que trabalhava com transporte de cargas e conseguiu mais uma vez embarcar a Kombi, desta vez para a Europa. “Desci em Amsterdã e fui dirigindo até a França. Fiz questão de ir com a Kombi, pois com ela me sinto em casa. Além disso, já tinha a história de sucesso em 94”, argumenta.

Mais uma vez sem ingressos, ele passou por alguns perrengues durante a Copa, especialmente na final. Na hora de entrar, procurou um segurança que parecia ser imigrante e colocou um ingresso usado dentro de um panfleto de informações com 200 francos. “Foi arriscado, mas ele me deixou entrar e eu assisti à final. Depois da Copa, ainda passei por países da África, Oriente Médio e Ásia.”

E agora, quando a Copa é no Brasil? Nenê não mostra tanta animação. Sem ingresso para nenhum jogo, desistiu de acompanhar a abertura em sua própria cidade – o esquema de segurança não iria permitir que sua Kombi chegasse perto do estádio. Também não quis ir a Fortaleza e Brasília. Vai tentar ir a Belo Horizonte, nas oitavas. Ao que parece, ele só gosta mesmo quando é muito difícil. “Em 2018, quero ir para a Rússia, e depois seguir até a Indonésia, voar com a Kombi até a Austrália, completando os cinco continentes com ela.”

Fonte: PrimaPagina
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