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Santos já fazia hora extra na primeira divisão

Mal gerido e apegado à falsa mística de “time grande não cai”, Peixe finalmente encontrou o que tanto buscou nos últimos anos

7 dez 2023 - 10h01
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Marcos Leonardo lamenta rebaixamento do Santos
Marcos Leonardo lamenta rebaixamento do Santos
Foto: Gazeta Press

Foram 12 treinadores diferentes nos últimos três anos. Uma média de quatro técnicos por temporada. Por mais insano e imediatista que seja o futebol brasileiro, nenhum clube sai impune com tamanha alternância de comando ditada ao longo da gestão de Andrés Rueda no Santos, rebaixado pela primeira vez em sua história.

O presidente não é o único culpado pela queda, que vem sendo construída há vários anos e por várias gestões com o endividamento exponencial do clube. Todavia, as digitais de Rueda estão por toda parte em uma jornada sofrível que transcende o Brasileiro.

Por três anos consecutivos, o Santos lutou contra o rebaixamento… No Campeonato Paulista. Nem mesmo no cenário estadual o time conseguia se impor, o que culminou na perda da vaga na Copa do Brasil de 2024.

Com um discurso de austeridade, Rueda se gabava do suposto bom trabalho na contenção da dívida, mas seguia acumulando trapalhadas no que deveria ser o carro-chefe de qualquer clube: o futebol. Em campanhas recentes no Brasileiro, o Santos só não caiu antes porque sempre aparecia uma nova revelação da base para salvar a lavoura, como Lucas Veríssimo, Kaio Jorge, Deivid Washington, Ângelo e Marcos Leonardo.

Neste ano, o Santos mostrou que não aprendeu nada com os evidentes sinais de tragédia anunciada. Começou a temporada sob o comando de Odair Hellmann, sucedido por Paulo Turra e Diego Aguirre, que, juntos, somaram apenas 12 jogos. A solução de emergência foi entregar o comando ao interino para todas as horas, Marcelo Fernandes, que sofreu a maior goleada do clube em mais de 15 anos: o 7 a 1 para o Inter.

Ao promover Fernandes, quem perdeu totalmente o comando e o rumo foi a diretoria santista. Casos de indisciplina se tornaram recorrentes, que resultaram no afastamento de jogadores como Nathan, Lucas Pires e Soteldo, reincidente por mau comportamento dentro e fora de campo. Para completar, na penúltima rodada, Marcos Leonardo e Jean Lucas chegaram atrasados na concentração.

Reflexo do péssimo planejamento do futebol, marcado pela infame e infrutífera passagem de Paulo Roberto Falcão, o Santos cai justamente no Brasileirão que homenageou o Rei. Depois de cumprir à risca a famosa cartilha do rebaixamento, acabou sendo um verdadeiro milagre ter se agarrado por tanto tempo à falsa mística de “time grande não cai”, enquanto a realidade indicava que a equipe já fazia hora extra na primeira divisão.

O Santos de Pelé não merecia cair, nunca. O Santos de Rueda e companhia, castigado por gestões que dizimaram o clube, finalmente encontrou o que tanto buscou nas últimas temporadas. E agora precisa se resignar com a Série B menos de um ano depois de perder o maior ídolo de sua história.

Fonte: Breiller Pires Breiller Pires é jornalista esportivo e, além de ser colunista do Terra, é comentarista no canal ESPN Brasil. As visões do colunista não representam a visão do Terra.
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