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Casos de preconceito no futebol não param de crescer

Levantamento do Observatório da Discriminação Racial no Futebol mostra que 2018 teve 93 registros de xenofobia, racismo e homofobia

18 dez 2018 - 13h42
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Xenofobia, racismo, homofobia, misoginia e por aí vai. Casos de preconceito no futebol brasileiro aumentam a cada ano, envolvendo não apenas jogadores e torcedores, mas também jornalistas que fazem a cobertura do esporte. De acordo com levantamento do Observatório da Discriminação Racial no Futebol, o ano de 2018 teve 93 registros de pelo menos uma dessas manifestações.

Em 2017, foram 77 casos. Coordenador da entidade, o especialista em gestão empresarial Marcelo Carvalho explica que as pessoas atingidas estão mais dispostas a denunciar as ocorrências. Embora tenha nascido nas redes sociais em 2015 com o objetivo apenas de filtrar os casos de racismo, o observatório passou a englobar todas as situações de preconceito no futebol do País.

De acordo com levantamento do Observatório da Discriminação Racial no Futebol, o ano de 2018 teve 93 registros de pelo menos uma manifestação de racismo, xenofobia, misoginia, entre outras
De acordo com levantamento do Observatório da Discriminação Racial no Futebol, o ano de 2018 teve 93 registros de pelo menos uma manifestação de racismo, xenofobia, misoginia, entre outras
Foto: BRUNNO DANTAS / Gazeta Press

“O silêncio de antes está ficando para trás. Há um nível de conscientização mais apurado hoje e isso é positivo. Muitos passaram a acreditar que não é mais possível tolerar certas coisas no futebol”, diz Marcelo, em entrevista ao Terra.

Sua equipe, nos últimos anos, passou a esmiuçar o levantamento de cada período a fim de elaborar um relatório e entregá-lo ao Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD). O observatório atua somente na esfera esportiva.

De 2018, uma das situações que chamaram a atenção da entidade se deu num jogo do Campeonato Gaúcho, entre Novo Hamburgo e São José. Ao final da partida, o zagueiro Vagner, do São José, se dirigiu até o alambrado do estádio do Novo Hamburgo para discutir asperamente com um torcedor do time local. Alegou para os jornalistas que havia sido chamado de “macaco” e seu clube levou o caso ao Tribunal de Justiça Desportiva do Rio Grande do Sul.

Em primeira instância, o Novo Hamburgo acabou punido com multa de R$ 6 mil pelo ato do torcedor. Mas recorreu da sentença e acabou absolvido.

Em primeira instância, o Novo Hamburgo acabou punido com multa de R$ 6 mil pelo ato do torcedor
Em primeira instância, o Novo Hamburgo acabou punido com multa de R$ 6 mil pelo ato do torcedor
Foto: Reuters

“Infelizmente, a palavra do jogador não está mais servindo como única prova dos incidentes. Em 2014 e 2015, ela prevalecia.”

O observatório pretende fazer algumas campanhas em 2019 e isso pode ser concretizado a partir de uma parceria firmada esta semana com o Bahia. O clube se dispõe a discutir um calendário para o ano que vem com ações integradas.

“O Bahia foi o primeiro clube brasileiro a pensar seriamente num trabalho conjunto conosco. Grêmio, Internacional e Vasco tinham feito ações pontuais. É preciso dar visibilidade a essas questões e os dirigentes do Bahia entenderam isso.

Desde o ano passado, a entidade conta também com outro apoio de peso para suas atividades – a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRS) divide com o observatório a redação dos relatórios anuais.

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Fonte: Silvio Alves Barsetti
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