A pátria de bermudas
Gabriel Medina assume papel de herói nacional no ano em que a Seleção naufragou outra vez
Quando um certo camisa 10 começou o seu reinado no final da década de 50, ninguém descreveu melhor a façanha do menino Rei Pelé do que Nelson Rodrigues. Nas expressões usadas pelo jornalista, escritor e teatrólogo, o Brasil finalmente havia dado um bico no complexo de vira-lata para se transformar na pátria de chuteiras.
O tempo passou, a Seleção parou no penta em 2002, levou de 7 x 1 dos alemães, em 2014, e viu a esperança de dias melhores morrer contra a Bélgica, na Copa da Rússia.
Mas existe o Havaí e existe Gabriel Medina. Se vivo estivesse, Nelson provavelmente cunharia a expressão “pátria de bermudas”, porque não é preciso ser um profundo conhecedor do surfe para perceber a genialidade, a destreza, a concentração e a alegria do garoto que vai completar 25 anos.
Apaixonado por futebol, Medina se apresenta no circuito do surfe com a camisa 10. E até uma bandeira do Corinthians (seu time de coração) apareceu nas areias de Pipeline, enquanto ele era carregado pelos torcedores, após tornar-se bicampeão mundial e, de quebra, faturar a última etapa.
Gabriel entubou os rivais, como já havia feito em 2014, no ano em que levou o primeiro título mundial para o surfe brasileiro. Quatro anos depois, outra vez em ano de Copa, o dez do surfe volta pra casa com o troféu e quem sabe possa inspirar o parceiro Neymar, o dez do futebol, que por enquanto não saiu do zero quando o assunto é Copa do Mundo.
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