Moto1000GP: Inspirado por Rossi e Hamilton, Theo Manna fala sobre trajetória, desafios e futuro
Em exclusiva ao Parabólica, o piloto contou um pouco mais sobre experiência, preparação e deixou um recado para gerações futuras do esporte
Em exclusiva ao Parabólica, Theo Manna, que vem consolidando seu nome entre os talentos do esporte, contou um pouco mais sobre sua rotina de treinos, inspirações e desafios. A primeira parte da entrevista já está disponível, clique aqui para acessar.
No último fim de semana, o piloto de apenas 19 anos competiu na etapa de Santa Cruz do Sul, onde ficou em primeiro lugar desde o primeiro treino à última corrida, apresentando um excelente desempenho.
Inspirações no esporte
Theo carrega consigo marcas de figuras importantes no meio esportivo e que serviram de inspiração e influência. Entre seus ídolos, dois nomes bem conhecidos se destacam: Valentino Rossi e Lewis Hamilton:
“Tem dois caras que eu admiro muito. Um muito óbvio é o Valentino Rossi, não tem o que falar. Eu assisto ele correr desde pequeno, então se tornou um ídolo. Outro é o Lewis Hamilton, que é muito inspirador. Eles são minhas principais inspirações, tanto que tenho tatuado o 44 e o 46 nos meus pulsos”, revela Theo.
O jovem piloto também refletiu e falou sobre os caminhos que os pilotos brasileiros podem seguir para chegar ao cenário internacional:
“Então sim, você pode fazer o caminho muito tradicional que muitos pilotos fazem, inclusive foi o que o Diogo Moreira fez, começando desde novo na Europa, mas também tem o caminho das motos de SuperBike. O World SuperBike é um campeonato muito forte, um outro mundial além da MotoGP. Agora temos essa oportunidade de usar um desses outros caminhos, coisa que antes era mais limitada.”
Theo também falou sobre suas experiências mais divertidas, mas também desafiadoras. Uma delas, particularmente marcante para o piloto, foi sua primeira participação em provas nos Estados Unidos, onde experimentou, pela primeira vez, competir no Flat Track:
“A galera lá nos Estados Unidos é bem forte e muitos pilotos treinam no Flat Track, pois auxilia na sensibilidade e no físico. Foi bem desafiador porque a galera lá é absurda e é uma especialidade para muitos. Eu nunca tinha competido, então por ter sido a primeira experiência, acredito que tenha sido a mais desafiadora, mas a mais legal também.”
A adaptação à nova moto e a rotina de treinos
A troca de moto no meio da temporada pode ser muito desafiadora. O jovem piloto nos explicou um pouco mais sobre sua adaptação com o novo equipamento, as diferenças técnicas juntamente dos ajustes necessários, a paciência e a sensibilidade:
“A sensação [de pilotar uma moto nova no meio da temporada] é de achar que tudo é diferente. As dimensões, as referências, tudo muda completamente. É como se você saísse da autoescola e trocasse o carro. Muda bastante.”
Mesmo diante das mudanças, sua rotina de treinos permanece intensa e estruturada, sem muitas alterações:
“Eu mantenho o que fazia nas provas antes. Faço bastante treino físico, então vou pra academia todos os dias porque para andar na 1000 é necessário ter um preparo alto. Além disso, também faço treino de supermoto, que é bom para pegar o ritmo. Quando não tenho a oportunidade de treinar com a moto de corrida, treino no kartódromo de supermoto. É uma rotina de treino mesclada.”
A competição com os mais experientes
Enfrentar adversários mais experientes pode ser algo desafiador para jovens pilotos, mas Theo olha para a diferença de idade com naturalidade, sem muita pressão, observando e aprendendo:
“A questão da diferença de idade não me importa muito. Todos estão ali para competir e tentar ganhar, então você nem pensa na idade que o seu adversário tem quando está disputando com ele. Todo mundo ali é rival e está disputando, então eu tento pensar e aprender com eles.”
“Muitos ali são bem mais experientes que eu, então eu busco aprender com eles para assim ter um desenvolvimento maior. Acredito que a experiência ajuda, mas se você está mais rápido que o adversário, vai tentar, pelo menos, passar ele. Apesar de eu ter apenas 19 anos, tenho 10 anos de experiência em motos, sem contar com o kart. Então por mais que diferente, também tenho experiência no mundo das competições e busco usar isso ao meu favor.”, declarou o piloto.
Ao ser questionado sobre possíveis mentores no grid, Theo é direto:
“Acho que não [tenho mentor]. Todo mundo ali é rival e está competindo, e eu estou ali disputando pódio toda hora, então é meio que cada um por si. O que eu aprendi foi que os mais experientes lidam melhor com algumas situações, principalmente as de retardatário nas corridas. Nessa hora a experiência realmente ajuda.”
Além de força física e técnica, o jovem campeão revela que uma de suas maiores aliadas antes da corrida é a calma:
“O que eu costumo fazer é trabalhar minha respiração, meditar bastante. Eu já sou um cara calmo, então não fico tão ansioso, mas eu prefiro entrar nas corridas mais calmo e trabalhar a respiração tem ajudado nisso. Eu também gosto de escutar música, então isso também me ajuda.”
Etapas desafiadoras
Entre os circuitos do calendário, Curvelo é o que Theo considera mais complicado e desafiador: “Com certeza é Curvelo. Acho que é a pista mais técnica, visto que também demanda mais fisicamente. É a pista com volta mais longa, cerca de dois minutos, então você também não tem muito limite ali para erro. É uma pista que não perdoa e é bastante suja fora do traçado.”
Quando questionado sobre os desafios e dificuldades no esporte, Theo afirma que foi encontrar o ponto de conexão com a moto:
“O maior desafio que passei até agora foi justamente encontrar o ponto de pilotagem, onde eu me sinto mais confortável em cima da moto e me divertindo também. Muitas das vezes é bem difícil e estressante tentar encontrar o acerto da pista, porque eles mudam nas motos de acordo com os circuitos. Acontece muito quando você está se esforçando e não encontra o ponto na pilotagem.”
Com a experiência e maturidade de quem já está no mundo das competições há anos, Theo deixa um recado para os jovens pilotos que sonham em trilhar o mesmo caminho, aconselhando a nova geração:
“Um conselho seria aproveitar e se divertir, porque estamos falando de um esporte de alto risco. Então, se você não se diverte, não tem muito sentido estar arriscando sua vida para isso. É aproveitar também todas as vitórias e as derrotas, se acostumar com as falhas e aproveitar todo esse processo.”
Um futuro promissor para o esporte no país
Quando questionado sobre o futuro da motovelocidade brasileira, Theo revela que, para ele, o momento é otimista, citando o crescimento do esporte e destaca que o país pode se tornar uma referência internacional:
“Tenho boas expectativas. A motovelocidade aqui no Brasil está crescendo bastante e temos como exemplo disso os vários pilotos estrangeiros que estão vindo para cá. Então, o campeonato tá crescendo bastante e isso é bem importante pro esporte aqui no Brasil. A gente continua trabalhando para a modalidade continuar evoluindo e acho que vai chegar a um ponto que o campeonato vai ser relevante não só nacionalmente como internacionalmente também.”
A Moto1000GP volta às pistas agora nos dias 25 e 26 de outubro, em Curvelo, Minas Gerais.