Motores F1 2026: Muitas especulações, poucas certezas
Em um momento em que as notícias são escassas, especulações ganham espaço e fazem parte da disputa da F1 2026
Não é de hoje que os motores da F1 são considerados verdadeiras joias de engenharia. Podem até existir Unidades de Potência (deixa usar aqui a nomenclatura oficial) mais potentes e até mais barulhentas, bem como. Entretanto, o que a F1 conseguiu nos últimos tempos é algo impressionante.
Até este ano, a F1 tem um motor de pouco mais de 1 litro e meio, que tem um aproveitamento térmico de mais de 50% e gera mais de 1000 cv, com 16% de origem elétrica, vinda de reaproveitamento e pesando cerca de 150kg. Foi um grande passo no desenvolvimento de programas de gestão de energia, queima de combustível e construção de baterias. Embora algumas situações usadas até este ano sejam uma ode à engenharia, mas de pouca viabilidade comercial (sim, estou falando do MGU-H, que ajudou a não ter atraso de uso da potência do turbo, porém ajudou a tirar o barulho...).
O regulamento para 2026, graças às montadoras, foi um passo mais à frente. Parecia simples, pois a arquitetura básica seguiu a mesma (1,6 litros, 6 cilindros em V a 90º e com uma única turbina) e teria a retirada do MGU-H, que era o principal elemento de recuperação de energia. Porém, a quantidade de energia elétrica praticamente triplicou, levando ao uso de uma bateria maior, além da aplicação de combustível sintético e uma redução da potência da parte a combustão...
Junte-se a isso uma redução do tanque de combustível (de 100kg para cerca de 70kg) para garantir que os carros ficassem mais leves e um controle estrito do fluxo de combustível, garantido por dois medidores de vazão...
Mesmo com um regulamento mais controlado tecnicamente, o estabelecimento de um teto orçamentário e de recursos para os fabricantes e a participação de todos os envolvidos (F1, FIA e Fabricantes) em um grupo de discussão, sempre há a possibilidade de brechas...
E este é a busca do esporte a motor desde sempre. A F1 então sempre foi caracterizada pela busca dos limites das regras. Aí começamos a entrar na questão do espírito da lei. Embora muitas vezes as regras não estejam sendo quebradas, a ideia que gerou aquela situação acaba por ser descumprida. O famoso caso de “se não está claramente proibido, então é permitido”.
Aqui se enquadram nos últimos tempos a questão das asas flexíveis. E vimos ao longo do tempo tantas outras situações. Há de se reconhecer que vários casos são analisados de acordo com o cliente (aqui entra o famoso “acordão” da Ferrari no início de 2020 sobre a questão do fluxo de combustível em 2019).
O caso mais recente seria o da compressão dos motores, especialmente Mercedes e Red Bull. Os alemães teriam encontrado uma forma de ter uma compressão por cilindro maior do que os 16:1 estabelecidos por regulamento e medidos em temperatura ambiente. O regulamento até 2025 prevê uma compressão de 18:1. Esta redução também veio pelo fato de o combustível sintético ter um rendimento menor (embora tenha a mesma octanagem do combustível dos regulamentos correntes) e fazer com que o consumo seja menor em relação aos atuais por conta da capacidade.
Caso esta situação seja verdadeira, fica a questão: a Mercedes teria interpretado o regulamento de uma forma “diversa”, considerando que o motor teria a medição em temperatura ambiente, mas não em funcionamento. Aí entrariam questões de rendimento de materiais e tantas outras. Especula-se que este comportamemnto daria até 15 HP a mais. O que significaria cerca de 1,5% da potência total estimada dos motores (cerca de 1000 HP).
Sinceramente, é muito pouco, ainda mais diante de um regulamento onde muda-se muita coisa e as interpretações aerodinamicas serão bem diversas e certos detakhes ainda eram discutidos até outro dia. Aqui entra a questão da narrativa. Sabemos que na F1, corridas são ganhas fora da pista. Vimos muitas coisas sendo jogadas ao longo do tempo e, embora uma parte tenha sido confirmada, outra serviram de cortina de fumaça ou simplesmente não foram devidamente confirmadas...
Ao mesmo tempo, uma narrativa que começou a aparecer ao mesmo tempo do que a dos motores foi sobre combustíveis. Na mesma linha, começou a se dizer que a Petronas não teria um dos melhores produtos do meio, o que tiraria a vantagem da Mercedes sobre a questão da compressão....
O que se sabe oficialmente é que a FIA vem trabalhando com os fabricantes e que as versões finais de 2026 ainda estão em homologação. Diz-se que a Federação manteria a situação como está e trabalharia dentro do programa de equalização dos motores para verificar qualquer tipo de distorção (isso será explicado em breve por aqui).
Em tempos de grandes mudanças de regulamento e sem notícias de relevância, qualquer coisa acaba tomando espaço. O quadro ainda não é claro, mas muitas vezes a montanha acaba parindo um rato e a vida segue como se nada tivesse acontecido....