Theo Manna conta sobre suas experiências na Moto1000GP
A jovem promessa da motovelocidade brasileira deu uma entrevista exclusiva ao Parabólica e contou sobre sua trajetória, temporada e futuro
Theo Manna é um piloto de apenas 19 anos e que já é bicampeão de Endurance, atualmente corre na Moto1000GP, a maior categoria do campeonato brasileiro de motovelocidade.
O jovem piloto bateu o recorde da pista de Curvelo na última etapa. Nas corridas que aconteceram neste fim de semana, Theo foi P5 na corrida de sábado, após trocar de equipamento no meio da temporada. No domingo, estava em P4 quando a bandeira vermelha foi acionada após um derramamento de óleo. Posteriormente, a etapa acabou por ser cancelada e a pontuação invalidada.
Em uma conversa com as redatoras do Parabólica, o piloto da Ipiranga Bioleve Racing contou um pouco mais sobre essa mudança e as expectativas para o futuro.
Quando perguntado sobre a fase atual da sua carreira, após ter sido vice-campeão na sua temporada de estreia na Moto1000GP, no ano passado, e de já ter participado de corridas Endurance, Theo destacou a diferença entre as categorias em que participou:
“Quando eu entrei na 1000, lembro que foi uma experiência completamente diferente. A gente costuma falar que é até um outro esporte, porque a moto é muito mais potente, tem muito mais freio e mais performance, então a pilotagem muda bastante e eu tive que me adaptar quando vim das 600 (cilindradas)”.
“A primeira vez que eu andei na 1000 foi mais na ignorância, então acho que facilitou o processo de adaptação. Na endurance você pensa mais na longa duração, né?! Eu dividia a moto com o Leandro na época e a gente trocava bastante informação sobre a moto, e ele me ajudou a me adaptar também porque ele já andava faz tempo. Depois, falando da 1000, a gente começou muito bem o campeonato mesmo com as dificuldades. Mas falando de resultado foi um ano muito bom. Fui vice, né?!”
“A gente tem vários desafios porque a 1000 envolve muito mais acerto e detalhe do que as 600. Tem toda a parte eletrônica e todos os outros ajustes que você precisa acertar na moto. Então para me adaptar com isso e com as informações foi um pouco complicado mas foi bom para aprender. Aí neste ano (temporada atual) a gente começou muito bem e consegui bater o recorde da pista de Curvelo”
Theo ainda destacou alguns pontos da endurance que mais ajudaram no começo de sua trajetória na Moto1000GP:
“A endurance ajuda bastante na questão de você encontrar o acerto certo e o seu conforto na moto, porque é uma corrida de longa duração. Você não pode dar tudo do começo ao fim, você tem que acertar a moto. Tem que ter um setup pra ela realmente durar até o fim da corrida e esse foi um dos fatores que me ajudou, porque eu não precisava forçar muito a barra no começo. Era uma tocada um pouco mais suave, então isso me ajudou bastante.”
O jovem piloto contou também qual foi o momento de mais peso na sua carreira e o porquê:
“Pergunta difícil. Acho que o meu primeiro campeonato brasileiro na endurance, porque foi a primeira vez que eu fui campeão brasileiro na motovelocidade. Mas o recorde de Curvelo não fica muito atrás, porque nem eu esperava bater o recorde. Então, acho que essas duas foram as mais marcantes”.
Falando sobre seu futuro, o piloto da Bioleve foi perguntado sobre como enxerga os próximos anos na motovelocidade, se há expectativas de estar em outra categoria no Brasil ou fora do país:
“É difícil dizer. Claro que eu quero ter experiência lá fora, mas acho que o que a gente tá construindo aqui no Brasil desde o começo, com a equipe, tá sendo bem legal. Ter essa estrutura aqui é algo que é bem importante pra mim porque valoriza o esporte no país, e eu acho que a motovelocidade vem valorizando cada vez mais aqui”
“É claro que eu pretendo fazer coisas lá fora e ter experiência com os melhores campeonatos lá na Europa, mas eu tenho que focar mais no presente. No mundo dos esportes tudo acontece muito rápido, é muita questão de oportunidade. A gente fechou com a BMW no meio da temporada, mesmo quando não esperávamos muito. É muita questão de oportunidade”
Falando sobre a mudança de equipamento que aconteceu no meio da temporada, Manna conta sobre o tempo de adaptação com a nova moto e as suas primeiras impressões:
“É bem difícil a gente mudar de moto no meio da temporada, né? Geralmente a gente muda entre uma temporada e outra, então o processo de adaptação tem que ser muito rápido. O tempo de adaptação que eu tive foi pequeno, de mais ou menos, um mês. Eu não sei muito o que esperar dessa primeira corrida.
“Já andei com a moto uma vez, mas corrida é corrida, né? Então só vai ter como saber no fim de semana. Eu tenho altas expectativas, mas como o tempo de adaptação foi muito pouco a gente precisa respeitar. Demora para extrair toda a performance da moto porque toda a equipe precisa se adaptar, então é um processo delicado. Mas eu tô bem animado para andar com ela”
E por fim, reforçou suas expectativas para a estreia com a BMW e primeiras percepções com a nova moto:
“Basicamente tudo é diferente. O que eu mais percebi foi a questão da aerodinâmica na frente, uma coisa que eu ainda preciso me acostumar. A moto se comporta diferente e falando de tocada, a gente vê que é uma moto completamente tecnológica e que vem muito pronta para andar na pista, com adaptações na eletrónica.
“O jeito como se comporta e a aerodinâmica é muito diferente também. Falando da potência, em baixa rotação ela tem muito mais força do que a Kawasaki tinha. Isso é uma coisa que eu gostei bastante e que vai ajudar a gente, principalmente nas pistas um pouco mais travadas”
A Moto1000GP volta às pistas agora nos dias 4 e 5 de outubro, em Santa Cruz do Sul, no Rio Grande do Sul, com Theo ocupando ainda a terceira posição no campeonato e em busca de descontar pontos importantes sob seus rivais argentinos.
