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No auge técnico e dono do melhor carro, ninguém para Hamilton em 2020

Lewis Hamilton atingiu um padrão tão alto de desempenho na F1 que já ficaria difícil para qualquer adversário fazê-lo parar, mesmo com equipamentos iguais, agora tendo nas mãos o melhor carro do grid, essa missão se torna impossível

30 jul 2020 - 05h02
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A festa de Lewis Hamilton após a vitória no Hungaroring
A festa de Lewis Hamilton após a vitória no Hungaroring
Foto: Mercedes / Grande Prêmio

O heptacampeonato está encaminhado.

É bem verdade que o início de temporada foi tumultuado e quase enganou aquele fã menos avisado. Quase. A expectativa de uma briga mais ferrenha com o companheiro Valtteri Bottas se diluiu em menos de uma semana. E a esperança de um embate direto com Max Verstappen se desfez de maneira ainda mais veloz. Hamilton impõe um padrão tão alto de performance que, mesmo alguém com o mesmo carro, fica difícil imaginar a chance de um confronto direto. Parece que quanto pior o cenário, melhor o inglês se sai. Além disso, nada extra pista o incomoda, embora isso não seja uma novidade. O diferente agora é a forma ainda mais poderosa com que toca sua carreira. Dentro e fora dos autódromos.

Hamilton até reconheceu que viveu um começo de campeonato aquém do que esperava.  Apesar de ter liderado todos os treinos livres do GP da Áustria, foi derrotado por Bottas na classificação, por míseros 0s012. Ainda assim, uma perda que machucou. No domingo, foi punido por desrespeitar uma bandeira amarela, largou de quinto e passou a corrida toda perseguindo o finlandês, mas sem nunca representar uma ameaça de fato. No fim, ainda precisou se defender dos ataques de Alex Albon. Os dois sofreram um toque, e Lewis se deu mal, com nova sanção dos comissários. Terminou a corrida somente em quarto, enquanto Valtteri celebrou a vitória e ensaiou o retorno de um revigorado Bottas 3.0.

Só que Lewis respondeu rápido à adversidade, como parece ser um de seus pontos fortes. E na mais alta qualidade. Na segunda corrida no Red Bull Ring, o inglês até sofreu um pouco na sexta-feira. O W11 surgiu arisco, difícil de ganhar ritmo e exigiu do hexacampeão. Mas aí veio o sábado e, com ele, a chuva. Na real, uma tempestade. Em condições normais, a pista molhada ajuda a minimizar o equipamento e dá a chance de o talento aparecer. Mas o que o britânico fez naquela classificação encharcada esteve longe disso.

Naquele dia, provou que é muito maior que o excelente carro construído pela Mercedes. Hamilton não cometeu nenhum erro em todas as vezes que foi à pista. Em certo ponto pareceu que a visibilidade nula e o aguaceiro só existiam para os demais, tamanho domínio da máquina e dos efeitos da intempérie. O trabalho incansável de Max Verstappen, reconhecido também por sua exímia destreza na chuva, apenas reforçou a impressão de que Lewis se tornara imbatível. A diferença no cronômetro foi de 1s2.

Hamilton ergue o punho cerrado no pódio do GP da Estíria. O inglês venceu e protestou no pódio
Hamilton ergue o punho cerrado no pódio do GP da Estíria. O inglês venceu e protestou no pódio
Foto: Pirelli / Grande Prêmio

A pista seca do domingo tirou qualquer chance de uma corrida mais equilibrada, e Hamilton venceu sem drama. Era o primeiro triunfo da temporada e em uma pista em que o inglês não tem grande afeição. O mesmo não se pode dizer da Hungria, etapa que aconteceu apenas sete dias depois. Lewis se dá muito bem no Hungaroring e conduziu a situação lá com habilidade única. Não só cravou a posição de honra do grid, mas sobrou na corrida. Ainda no início, foi capaz de, em três voltas, abrir mais 8s para o segundo colocado, Verstappen. Ninguém mais o pegaria naquele dia. Nos giros finais, ainda se deu ao luxo de fazer um pit-stop extra apenas para cravar a volta mais rápida da prova e arrebatar mais um pontinho na classificação.

Foi também a oitava vitória no circuito húngaro e a terceira consecutiva. Aliás, nenhum outro piloto ganhou mais que Lewis em Budapeste. O GP da Hungria foi de marcas importantes também: Hamilton soma agora 90 poles, um recorde absoluto, e 86 triunfos. Agora, restam apenas cinco para alcançar Michael Schumacher, que comanda essa estatística. O que parece apenas uma questão de tempo.

Hamilton deve bater o recorde de vitórias de Michael Schumacher ainda nesta temporada
Hamilton deve bater o recorde de vitórias de Michael Schumacher ainda nesta temporada
Foto: Mercedes / Grande Prêmio

Portanto, é justo dizer que Hamilton está, sim, em uma liga própria em 2020 e que o sétimo título está praticamente garantido. E isso acontece mais por seu talento, dedicação e trabalho do que pelo carro que conduz. É fato que a Mercedes deu ao britânico talvez o melhor modelo que já tenho feito em Brackley - e seguramente o equipamento mais eficiente do grid -, mas só Lewis é capaz de ir além. Sorte de Toto Wolff e companhia, azar da concorrência.

Ainda, diante da ruína da Ferrari, de uma Red Bull misteriosa e inofensiva e de uma Racing Point aprendendo a ser grande, fica difícil imaginar um adversário sério, alguém que possa pará-lo. O Bottas 3.0 não existe e está abaixo do carro que pilota. Assim, parece cada vez mais claro que o inglês de 35 anos está solitário em um confronto contra números. Os números de Schumacher. O recorde que vai colocá-lo como o maior vencedor de todos os tempos.

Grande Prêmio
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