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Motores F1 2023: ganhando cavalos no congelamento das regras

Mesmo com o desenvolvimento formalmente limitado, as fabricantes da F1 vão nos limites das regras para conseguir mais alguns cavalos para 23

19 jan 2023 - 16h41
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Unidade de Potência da Honda usada em 2021 e base da atual usada por Red Bull e Alpha Tauri
Unidade de Potência da Honda usada em 2021 e base da atual usada por Red Bull e Alpha Tauri
Foto: Honda Racing / Divulgação

Desde o ano passado, quem segue a F1 tem lido algumas materias de que os fabricantes estariam buscando mais potências de suas unidades para 2023. Quando veio a atualização do regulamento e a definição de que os motores ficariam "congelados" até 2025, muita gente pensou que nada poderia ser mexido. No ano passado nós falamos que não era bem assim...

Como dito, a FIA limitou o desenvolvimento não somente pela definição de versões de partes que podem ser apresentadas, bem como teto orçamentário e de testes. As principais áreas da Unidade de Potência só poderiam ter suas atualizações homologadas até as datas limites, conforme o quadro abaixo:

Quadro atualização itens da UP F1 período 2022/2025
Quadro atualização itens da UP F1 período 2022/2025
Foto: FIA / Regulamento Técnico

Porém, a entidade deixou espaço para algumas mexidas, além de modificações milimétricas na posição do turbo e válvula de alívio, a entidade liberou mudanças em escapamentos (desde que mantidas as especificações iniciais), válvulas e, principalmente, em materiais que impactam em confiabilidade, segurança ou economia (item 5 do Anexo 4 do Regulamento Técnico, que pode ser visto aqui).

Este ponto é que dá brecha para os fabricantes trabalharem. Embora toda e qualquer mudança tenha que ser submetida à FIA e aos conhecimento de todos, mesmo uma mudança que impacte em confiabilidade ou traga ganhos econômicos podem impactar diretamente em ganhos de performance.

Aqui, sempre vale lembrar a história contada por Mark Gallagher, que trabalhava na Cosworth em 2010. Naquela época, os motores também estavam “congelados” e só poderiam ser mexidos pelos mesmos motivos atuais. A Cosworth tinha problema no motor e, ao consertá-lo, melhoriaria o nivel de potência.

De modo informal, Gallagher consultou Charile Whiting, então o todo poderoso técnico da F1, sobre o que fazer. Tranquilamente, Whiting respondeu: leve seu motor para o dinamômetro, arrebente um monte de peças, faça um relatório e descreva a solução.Estes grandões fazem isso e acham que me enganam. Assim a Cosworth fez e o motor teve uma melhora imediata (cabe verificar a melhoria de desempenho da Williams na segunda parte do campeonato justamente após mudanças no motor).

Os italianos do Gazzetta Dello Sport em matéria publicada nesta quarta (18), descrevem possíveis aumentos de potência dos motores para 2023 por conta destas modificações permitidas. Por exemplo: a Ferrari vem com modificações no turbo (que deram muito problema no ano passado), MGU-H e nos radiadores (estes também para melhorar a aerodinâmica das laterais). Há uma discordância nos números, mas já se falou em ganhos de 15 a 30cv.

Já a Mercedes traz algumas alterações já homologadas no ano passado, especialmente em termos de combustível e lubrificantes. O virabrequim e outras partes internas foram mexidas.A Honda teria mudado materiais do MGU-K e H (últimos itens que foram “congelados” em setembro do ano passado) e de outras áreas, o que daria um pouco mais de performance.

A Alpine oficialmente anunciou que modificaria a bomba d’água, que apresentou vários problemas em 2022. Porém, não se sabe se atuou em outras áreas, já que trouxe um motor inteiramente novo e dizem os franceses que focaram performance para depois trabalhar em confiabilidade.

Aqui foi um ponto que a Alpine levantou: o que seria uma verdadeira questão de confiabilidade? Aí, voltamos à história que aconteceu com Whiting e a Cosworth...

Só teremos uma ideia melhor dos ganhos na pré-temporada e nas primeiras provas da temporada. O fato é que, como dissemos ano passado, os motores foram “congelados” mas com fogo ligado. Os técnicos sempre conseguem encontrar maneiras de ganhar performance.

Em 2022, os fabricantes optaram por mais potência. Agora, os ganhos são de confiabilidade e, por um acaso, trazem mais cavalaria...Os ganhos acabam por ser bem marginais em relação à potência geral. Estamos falando de ganhos de 10/20 cv em um universo de 1000cv. Cerca de 1 a 2% do total. Mas em uma situação em que a diferença entre os motores está na casa de 40/50cv, qualquer ganho pode significar vitória.

Parabólica
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