PUBLICIDADE

F1: W15 não é a solução para Mercedes voltar a vencer

Com duas provas em 2024, Mercedes ainda não reconhece, mas o W15 tem problemas e olha para si mesma. Reforços chegam da Ferrari

20 mar 2024 - 10h33
Compartilhar
Exibir comentários
Russell e Hamilton no GP da Arábia Saudita: Mercedes ainda sofre para fazer o W15 funcionar
Russell e Hamilton no GP da Arábia Saudita: Mercedes ainda sofre para fazer o W15 funcionar
Foto: AMG Mercedes F1

É dura a vida do mercedista. Um novo mundo vai se criando e não parece ser tão animado. Uma inadequação ao regulamento introduzido em 2022, com vitórias cada vez mais distantes, e este ano veio a notícia de que Lewis Hamilton sai do time no final deste ano para ir para a Ferrari...

A esperança de 2024 residia no W15. Afinal de contas, este projeto significaria a volta efetiva de James Allison ao comando técnico do time. Após a aposta nos “zeropods” e um passo atrás no W14B a partir de Monaco, ventos mais leves pareciam soprar em Brackley.

E quando foi apresentado, o W15 se mostrou convencional, mas rasgando com a linha que o time havia trabalhado nas duas últimas temporadas. O time técnico liderado por James Allison resolveu ser humilde e olhar o que os demais tinham feito. Falamos detalhadamente deste carro aqui, dizendo que poderia ser uma boa abordagem para uma equipe que estava pelo menos 1 ano atrás dos demais em termos de conceito do carro.

A recepção de Russell e Hamilton foi positiva na curta pré-temporada, dizendo que significava uma melhoria em relação ao W14. Toto Wolff falou que o carro tinha “potencial de desenvolvimento” e que ‘ainda teria pelo menos meio segundo para ser obtido”. Mesmo assim, o desempenho não foi tão impressionante assim.

Depois de duas corridas, as sirenes voltaram a acender na Mercedes. Especialmente por conta do desempenho na Arábia Saudita. Embora o problema de arrasto aerodinâmico aparentemente tenha sido resolvido, permitindo o uso de asas menores e ganhando velocidade final, o W15 teve um péssimo desempenho nas curvas de alta velocidade.

Neste momento, Toto Wolff usou um termo que deixa muita gente de cabelo em pé: correlação.

Normalmente, quando uma equipe usa o termo “correlação” para o grande público é porque o carro tem algum problema. Basicamente trata-se dos dados obtidos na pista com aqueles que foram obtidos na fábrica. O objetivo é que ambos sejam o mais semelhantes possível.

E este é um caso que persegue a Mercedes desde a introdução deste novo regulamento. Já em 2022, quando o time veio com o famigerado W13 e os zeropods, foi dito que o conceito trazia um grande ganho de performance, o que não se concretizou. Um dos culpados foi a calibração dos simuladores da fábrica.

Quando o W14 apareceu com sua versão 2.0 dos zeropods e até incorporando algumas coisas da concorrência, se esperava que as coisas tinham sido resolvidas. Longe disso e vimos sim a briga interna vindo à tona, com Hamilton publicamente reclamando que não havia sido ouvido e mais uma vez foi colocada a culpa nos simuladores.

Embora a Mercedes ainda siga com a política de ainda não desprestigiar o W15, este seria o terceiro carro dentro do regulamento que simplesmente não funciona. Como o próprio James Allison falou certa vez em um dos diversos vídeos que são liberados no pós-prova, existe um ponto exato, onde o carro deve alcançar de altura em relação ao solo (o mais próximos possível) para poder gerar o máximo de pressão aerodinâmica. Aqui entra não somente o chassi em si, mas também as suspensões. Afinal de contas, elas são as responsáveis por manter o carro mais estável em relação ao solo.

O que temos visto é a Mercedes não é de hoje tentar andar com o carro extremamente baixo, batendo no chão e perdendo tempo com o efeito de oscilar demais (chamado de “bouncing”). E o que parecia resolvido com o W14B voltou com força no W15.

Não se pode negar que a equipe vem tentando. O W15 foi uma mudança muito radical em relação ao que vinha sendo feito. A aposta em um novo câmbio para melhorar a aerodinâmica na parte traseira e o rearranjo da estrutura do carro para aumentar a previsibilidade de comportamento foram ações que mostram que a Mercedes fez um ajuste forte de rumo. Até porque este carro será a base do projeto de 2025.

O discurso agora é de tentar entender o carro antes de trazer novas peças, o que está previsto para acontecer em Imola. Afinal, os dados que a Mercedes tem obtido é que este carro teria condições de ser, no mínimo, meio segundo mais rápido. Só que até agora este tempo não chega e vai dando trabalho a Hamilton e Russell.

Reforços para salvar o futuro

Mas o time não está parado e uma notícia trazido pela Motorsport nesta quarta dá conta que a Mercedes estaria trazendo dois ex-membros da Ferrari: Simone Resta (que foi Diretor Técnico do time entre 2014 e 2018 e 2019 a 2021) e Enrico Sampo.

Após anos orbitando no mundo Ferrari, Simone Resta vai para a Mercedes
Após anos orbitando no mundo Ferrari, Simone Resta vai para a Mercedes
Foto: F1

Além de significar uma retomada de ação da Mercedes nos últimos tempos, que viu uma revoada de profissionais, seria uma atitude de resolver justamente o problema que ataca o time: as simulações: não é de hoje que a Mercedes tem dados diferentes do que consegue na pista e na fábrica e tem que trabalhar bastante para consertar.

Simulador da Mercedes em Brackley. Um ponto que o time sabe que tem que trabalhar
Simulador da Mercedes em Brackley. Um ponto que o time sabe que tem que trabalhar
Foto: AMG Mercedes F1

A dupla ferrarista esteve por trás da concepção e montagem do Simulador da Ferrari, atualmente um dos mais modernos do esporte motor mundial. Sampo trabalhou diretamente neste projeto e era o responsável direto pela gestão das simulações no time. A chegada de ambos na Mercedes só se dará em 2025, mas ajudará justamente em um momento em que o novo regulamento técnico será implantado...

Mas, por enquanto, resta ao mercedista torcer para que o W15 possa mostrar o seu potencial e trazer o time de volta às vitórias, que não vem desde São Paulo 2022... Se é para olhar para trás, é para esfregar as mãos, pois os ferraristas que vieram para a Mercedes trouxeram bons fluidos para a equipe e garantiram boa parte da dominancia entre 2014 e 2020.

Parabólica
Compartilhar
Publicidade
Publicidade