Mudanças na F1 podem embaralhar cenário de 2026 e reposicionar Bortoleto com a Audi
Mercedes e Red Bull buscam fórmula para manter hegemonia dos últimos 18 anos, mas alterações regulamentares costumam propiciar surpresas e elevar competitividade
A Fórmula 1 começa um novo capítulo de sua história em 2026. Um novo regulamento que altera padrões de motorização e aerodinâmica promete embaralhar um cenário que contará com novas provas e escuderias. Nesta equação, Gabriel Bortoleto, agora a bordo de uma Audi, tem bons motivos para confiar em uma mudanças de patamar na categoria.
A principal alteração da Fórmula 1 diz respeito aos motores que vão equipar os monopostos. A partir de 2026, deixa de existir um modelo complexo de motores elétricos, que foi unificado, simplificado e passará a responder pela metade da potência dos veículos. Um combustível sustentável passa a abastecer os carros.
Mesmo antes de a temporada começar, já há polêmicas com relação ao regulamento. Veículos de imprensa europeus reportam que Mercedes e Red Bull-Ford teriam encontrado uma brecha que permitiria o aumento da taxa de compressão dos motores, o que geraria elevação da potência dos carros e de performance em cada volta de algo em torno de 0,3 segundo. Ainda estão no campo da especulação os fatores que permitiriam tal aumento na taxa de compressão dos motores sem que interferisse nas medições e inspeções obrigatórias feitas pela FIA.
Se confirmados os prognósticos, os carros equipados com motores Mercedes (Mercedes, McLaren, William e Alpine) ou Red Bull-Ford (Red Bull e Racing Bulls) podem ter certa vantagem. Sendo assim, duas equipes que costumam andar no meio e no fim do pelotão podem brigar por vitórias, casos da Alpine (ex-Renault, Lotus e Benetton) e da Williams, escuderias tradicionais, mas que passaram a acumular derrotas nas últimas décadas.
Mas os componentes aerodinâmicos também fazem muita diferença na Fórmula 1. É aí que outras equipes buscarão se igualar. A Aston Martin, agora equipada com motor multicampeão nos últimos anos da Honda, conta com o mago da aerodinâmica, Adrian Newey, como chefão do time.
Já a Audi, de Gabriel Bortoleto, chega à Fórmula 1 com a meta de repetir o sucesso alcançado em outras categorias. Depois de comprar a Sauber, a fabricante alemã do Grupo Volkswagen, passou os últimos anos trabalhando fortemente no desenvolvimento de seu primeiro carro. Como qualquer iniciante, os primeiros GPs tendem a ser complicados. O grande desafio é conseguir um motor confiável. A Audi estreia como equipe (apesar de usar parte da estrutura deixada pela Sauber) e fornecedora de motor. Desafio dobrado.
"É a primeira vez que a Audi vai estar fazendo um carro e um motor, então vai ser tudo do zero, não vai ser fácil, mas eu tenho total confiança. Tudo que a Audi fez no esporte eles ganharam e eu tenho certeza que tem muito pela frente para ser trabalhado. Eu acho que a gente não vai começar ganhando corrida, mas é uma construção, eu acho que a gente vai estar na direção certa para chegar lá", afirmou Bortoleto em entrevista ao Estadão.
Em 2025, Bortoleto somou 19 pontos, terminando entre os 10 primeiros em cinco corridas: Áustria, Bélgica, Hungria, Itália e México. Sua diferença para o companheiro de equipe, Nico Hülkenberg, um dos mais experientes da F1, foi de 32 pontos. No entanto, em posições de largada (considerando os treinos para as corridas principais e sprints), o brasileiro ficou empatado com o alemão: 15 para cada lado.
Isso mostra que o brasileiro é tão veloz quanto o companheiro de equipe. Mas, numa corrida, há outros fatores que levam a resultados distintos, como escolhas de estratégia de pneus e momento de parada nos boxes. Ao longo de 2025, muitas vezes os planos da Sauber foram diferentes para os dois pilotos e calhou de Hülkenberg ter mais êxito no cumprimento da estratégia.
Quem parece estar fadada a mais um ano de decepções é a Ferrari. Nesse balaio, entram suas clientes: Haas e a novata Cadillac, que só terá motores próprios da General Motors (GM) a partir de 2029. Comenta-se nos bastidores da Fórmula 1 que uma temporada ruim pode fazer com que Charles Leclerc e Lewis Hamilton prefiram respirar novos ares em 2027.
Qualquer aposta em um momento de mudanças de regulamento é arriscada. Indícios não podem ser tratados como certezas. O que se viu em todas as revoluções regulamentares da Fórmula 1 é que sempre surge uma equipe capaz de impor uma hegemonia. Foi assim com a Red Bull e com a Mercedes (motor ou equipe) nas últimas 18 temporadas. Em 2026, elas se mostram novamente favoritas a ditar as regras.