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A primeira vez da F1 na Flórida não é em Miami. E foi marcante.

A F1 volta à Flórida e a primeira corrida lá tem um peso importante para a categoria, sendo a primeira vez de várias coisas. Entenda.

2 mai 2022 - 08h00
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O GP dos EUA de 1959 foi tão interessante que até mereceu LP
O GP dos EUA de 1959 foi tão interessante que até mereceu LP
Foto: disgogs.com

Após muito trabalhar, a Liberty Media conseguiu finalmente levar a F1 para Miami. Mas esta não é a primeira prova da categoria na Flórida. Mas como assim? Sim! É verdade! E marcou uma grande virada para a categoria e o início de algumas marcantes trajetórias.

O circuito de Sebring recebia a última etapa da temporada 1959 de F1. Localizada a 137 milhas de Miami, a pista foi inaugurada em 1950, após ter sido utilizada de 1941 a 1946 como base de apoio da Força Aérea Americana. Por este motivo, a pista usa concreto ao invés de asfalto e esta característica permanece até hoje.

Vista aérea do circuito de Sebring
Vista aérea do circuito de Sebring
Foto: Wikimedia

Após um hiato de praticamente de três meses após a realização da etapa anterior, o GP da Itália, chegavam três pilotos com chance de título: Jack Brabham, com 31 pontos (venceu em Monaco e Grã-Bretanha); Stirling Moss, com 25,5 pontos (venceu em Portugal e Itália) e Tony Brooks, 23 (venceu em França e Alemanha). O curioso é que Brabham e Moss usavam o mesmo carro, o Cooper/Climax T51, que havia causado furor ao trazer o motor montado na traseira (já falamos dele aqui na série Carros que mudaram a F1 e deve retornar em breve). Mas o australiano era da equipe oficial da Cooper e Moss alinhava pela equipe independente de Rob Walker.

Brabham chegava com vantagem de 5,5 pontos e meio sobre Moss e já com os 5 melhores resultados que contavam para o campeonato (em um total de 9 etapas, contando as 500 Milhas de Indianápolis). Moss só tinha duas opções: vencer e marcar a melhor volta (totalizando 9 pontos. A vitória dava 8 pontos) ou chegar em segundo, torcendo para que Brabham não pontuasse.

Jack Brabham em ação
Jack Brabham em ação
Foto: Nation Museum Australia

Tony Brooks chegava como azarão. Apelidado de “dentista voador” (por sua formação), fez a temporada toda pela Ferrari, só não correndo pela equipe italiana no seu GP local por conta de uma greve que impediu a participação. Sua única esperança era vencer a prova e torcer para que Moss não chegasse em terceiro e Brabham não chegar em segundo.

Moss provou que estava motivado a ganhar o título ao fazer a pole-position, colocando 3 segundos sob Brabham. Além disso, seu Cooper contava com uma nova suspensão traseira e uma caixa de câmbio diferente da equipe oficial, com 5 marchas (Cooper usava 4). Brooks, que também trazia novidades, ficou em 4º.

Stirling Moss (aqui ao lado de Mike Hawthorne, campeão de 1958): talvez o maior piloto da F1 sem título
Stirling Moss (aqui ao lado de Mike Hawthorne, campeão de 1958): talvez o maior piloto da F1 sem título
Foto: F1 / Divulgação

No domingo, dia 12 de dezembro, 19 carros alinharam para 42 voltas. Moss fez valer a pole position e se manteve na liderança, abrindo rapidamente diferença para Brabham. Mas a falta de sorte de Moss mais uma vez lhe bateu à porta: na 6ª volta, com uma diferença de 9 segundos, o cambio do seu Cooper quebrou, fazendo abandonar a prova.

Largada do GP dos EUA de 1959. Da direita para a esquerda: Moss (7), Brabham (8) e Schell (19). Brooks estava com o #2
Largada do GP dos EUA de 1959. Da direita para a esquerda: Moss (7), Brabham (8) e Schell (19). Brooks estava com o #2
Foto: F1 / Divulgação

A esta altura, tudo caminhava perfeito para Brabham. Além do problema com Moss, Tony Brooks tinha se encontrado com seu companheiro de equipe, Wolfgang Von Trips, na primeira volta e teve que ir para os boxes, perdendo qualquer chance de vitória. Para ajudar, em segundo lugar estava seu jovem companheiro de equipe, Bruce McLaren.

O australiano foi conduzindo a corrida com tranquilidade. Mas a sorte que lhe sorria até então, parecia lhe puxar o tapete: na última volta, o motor começa a falhar. O andamento começa a reduzir para tentar chegar. Faltando 500 metros para terminar a prova, o Cooper pára. Brabham sai do carro e começa a empurrar. Logo atrás, Bruce McLaren estava mais preocupado em conter o avanço de Maurice Trintignant, que era companheiro de Moss na equipe Walker. Ao ver Brabham parando, McLaren reduziu o ritmo e quase foi ultrapassado! Mas conseguiu garantir sua primeira vitória na F1!

Enquanto isso, Brabham ia tentando arrastar seu carro até o fim e ainda foi ultrapassado por Tony Brooks. Ainda conseguiu o 4º lugar, que seria descartado, pois seu pior resultado até então tinha sido um 3º lugar.

Brabham empurrando seu Cooper para a chegada. E ao título
Brabham empurrando seu Cooper para a chegada. E ao título
Foto: Cooper Cars / Twitter

Com isso, tivemos diversas situações: 1º título de Jack Brabham, 1º título de construtores para a Cooper e de um carro com motor traseiro e 1ª vitória de Bruce McLaren, sendo por muito tempo o piloto mais jovem a vencer um GP.  Além de ter sido o 3º e último GP disputado pelo brasileiro Fritz D’Orey.

Bruce McLaren comemorando sua vitória em grande estilo....
Bruce McLaren comemorando sua vitória em grande estilo....
Foto: McLaren / Twitter

Sebring recebeu a F1 somente esta vez, mas marcou seu nome para sempre na categoria e no automobilismo. A pista segue ativa, recebendo diversas categorias, incluindo o WEC, e aberta para os mais diversos fãs da velocidade. Para saber mais, clique aqui.

Parabólica
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