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Vida de Empreendedor

Demitida na pandemia, enfermeira investe em jogos de tabuleiro inspirados na ancestralidade africana

Erika Angelo, de 52 anos, investiu na franquia de jogos de tabuleiro africanos

12 out 2024 - 05h00
(atualizado em 14/10/2024 às 10h01)
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Enfermeira encontra renda na venda de jogos africanos após ficar desempregada na pandemia
Enfermeira encontra renda na venda de jogos africanos após ficar desempregada na pandemia
Foto: Gabriella Reis/Terra

Acontece entre os dias 11 e 14 de outubro a Feira do Empreendedor do Sebrae, na São Paulo Expo, localizada na capital paulista. Além do grande público, o evento também conta com a presença de micro e pequenos expositores, que estão apresentando seus produtos e esperam conquistar vendas e visibilidade. Entre eles, está Erika Angelo.

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A enfermeira de 52 anos encontrou renda na produção e venda de jogos africanos. Ao Terra, ela conta que antes de entrar de cabeça na iniciativa, já vendia produtos artesanais no hospital onde trabalhava, em São Paulo. Porém, com a demissão durante a pandemia, ela precisou encontrar uma forma de ganhar dinheiro e resolveu empreender. 

"Eu já tinha procurado o Sebrae para saber como funcionava. Eu já vendia bolsa, necéssaire, essas coisas que eu faço. Em 2020, voltei no Sebrae, me explicaram as obrigações do MEI e do que eu precisava fazer. Aí eu me formalizei em outubro daquele ano vendendo máscaras e tentando fazer mais alguma coisa", detalha. 

Enquanto procurava essa segunda opção para as vendas, se inspirou na filha e encontrou um novo mundo.

"Ela gosta muito de jogo de tabuleiro. Aí, ela falou que queria um jogo de tabuleiro diferente. Fui pesquisar e achei esse jogo aqui, que é um jogo para crianças perto de 6 anos", conta. 

Os jogos em questão têm nomes variados. O primeiro que conheceu se chama “Mancala Awelé”, depois aprendeu o Yoté, Dara, Seega, Queah e Fanorona.
Os jogos em questão têm nomes variados. O primeiro que conheceu se chama “Mancala Awelé”, depois aprendeu o Yoté, Dara, Seega, Queah e Fanorona.
Foto: Gabriella Reis/Terra

Os jogos em questão têm nomes variados. O primeiro que conheceu se chama 'Mancala Awelé'. Depois, ela aprendeu Yoté, Dara, Seega, Queah e Fanorona.

Todos são originários do continente africano, onde eram utilizados para estratégia de caça, pesca e plantio, passados de pai para filho. Depois de conhecer a ideia, logo Erika a apresentou para sua consultora.

"Em 2021, a gente foi chegando na carinha do jogo, do jeito que eu queria que ficasse. Mostrei para ela e ela falou: 'Vamos levar na Feira do Empreendedor 2022'", lembra. 

Ela conta que na época não tinha dinheiro e precisou pegar emprestado R$ 100 para participar da exposição.

"Eu trouxe nove jogos, de três modelos. Vendi seis. Ai eu falei: 'Caramba, pessoal! Tem alguma coisa diferente, porque é analógico, não é virtual, nada'. Além de ter vendido o jogo, percebi a curiosidade das pessoas", descreve. 

Assim, nasceu a "Dayo Jogos Africanos". Na exposição deste ano, Erika veio com 100 jogos de diferentes modelos para vender e os preços variam de R$ 75 a R$ 110. Enquanto dava a entrevista ao Terra, constantemente era parada por visitantes interessados na brincadeira.

Feitos de peças de madeira, ela detalha que a produção custa em torno de R$ 50. É ela quem idealiza os desenhos e faz as pinturas. 

"Eu quero que ele seja acessível, mas eu quero que ele esteja sustentável", diz. 

Foco na primeira infância das crianças pretas

Erika explica que, embora seus principais compradores sejam pessoas interessadas em jogos, ela deseja que as peças sejam utilizadas para a educação de crianças pretas, principalmente.

"Eu acredito que você levando isso para dentro de uma sala de aula, explorando isso, você consiga mudar pensamento e comportamento", diz. "Eu quero vender pra educador, gestor cultural, diretor, pessoal da educação, porque eu quero que coloque esse jogo dentro dos espaços culturais, dentro dos espaços de ensino".

Erika Angelo, de 52 anos, detalha que o amor por sua filha e pela sua ancestralidade a motivou a começar vendas
Erika Angelo, de 52 anos, detalha que o amor por sua filha e pela sua ancestralidade a motivou a começar vendas
Foto: Gabriella Reis/Terra

Ela conta que a motivação em usar o jogo como forma de letramento racial e de luta antirracista veio a partir das experiências da filha de 9 anos, que sofreu racismo na escola.

"A minha filha sofre racismo desde os 4 anos. Tem um estudo de Harvard que fala que o racismo mais grave causa nas crianças depressão e suicídio, e é muito ligado pelas pessoas não conhecerem a história e não terem representatividade. Aí, eu comecei a estudar e fui entender como funcionam jogos assim", explica. 

Em relação aos próximos passos, Erika diz que planeja investir em um estudo voltado para a história africana. Já para os negócios, a ideia é expandir ainda mais. O primeiro passo é o registro de sua marca e identidade visual, detalhe que ainda não conseguiu cumprir. 

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Fonte: Redação Terra
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