Script = https://s1.trrsf.com/update-1739280909/fe/zaz-ui-t360/_js/transition.min.js
PUBLICIDADE

'Tarifaço de Trump' abre oportunidades comerciais e gera alerta para aumento de preços no Brasil

Imposição de tarifas sobre a China passa a valer a partir desta terça-feira, 4. Para o México e Canadá deve entrar em vigor em um mês

4 fev 2025 - 04h59
(atualizado às 08h14)
Compartilhar
Exibir comentários
Donald Trump tomou posse da presidência dos EUA no dia 20/01/25.
Donald Trump tomou posse da presidência dos EUA no dia 20/01/25.
Foto: Reprodução/X @WhiteHouse / Flipar

A guerra comercial deflagrada no último sábado, 1º, pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, contra México, Canadá e China -- além da promessa de sobretaxas contra a União Europeia -- pode abrir novas “janelas de oportunidade comerciais” para o Brasil, avaliam economistas e agentes do mercado financeiro ouvidos pelo Terra

A imposição de tarifas pelos EUA passa a valer a partir desta terça-feira, 4, com taxa de 10% adicionais sobre bens importados da China. Sobre os produtos importados do México e do Canadá, as tarifas de 25% devem entrar em vigor em um mês após um acordo bilateral entre os países anunciado na segunda-feira, 3

Fora do radar de Trump neste primeiro momento, uma vez que o presidente norte-americano afirma que as tarifas são consequência da imigração ilegal e do contrabando de drogas, o Brasil pode se beneficiar da imposição dessas tarifas no curto prazo com o aumento das exportações de produtos agricola e pecuária.

“O Brasil pode se beneficiar ao aumentar suas exportações para os países que foram taxados. Já vimos isso ocorrer anteriormente, por exemplo, nas exportações de soja para a China, que passou a evitar comprar dos Estados Unidos em favor do Brasil. Também há potencial para aumentar as exportações de carne”, afirma José Ronaldo, professor de economia do Ibmec-RJ. 

Lucas Sharau, economista e assessor na iHub Investimentos, ressalta que o momento pode contribuir para o Brasil se posicionar estrategicamente, ocupando lacunas dentro do mercado norte-americano. Isso significa ampliar sua presença nos Estados Unidos, substituindo produtos que sofreram restrições comerciais.

“Se produtos de países sancionados perderem competitividade, o Brasil pode ganhar espaço no mercado americano, especialmente em setores onde concorre com exportadores afetados pelas tarifas. Isso pode impulsionar as exportações brasileiras para os Estados Unidos”, explica Lucas Sharau.

Por outro lado, um aumento da demanda externa pode pressionar os preços no Brasil. “Empresas exportadoras, ao fecharem contratos em dólar, podem priorizar o mercado internacional, resultando em reajustes de preços no mercado interno”, alerta o economista.

Trump cita Brasil como um dos países que ‘querem prejudicar’ os EUA:

Guerra tarifária 

Embora possa existir efeito positivo de curto prazo em alguns países, uma guerra tarifária geralmente não traz benefícios, afirmam os especialistas. Segundo eles, é possível, no entanto, que vejamos um aumento do protagonismo chinês, um fenômeno que já estava em curso.

“Com exceção desse aumento do protagonismo chines, não vejo nenhum país se beneficiando substancialmente dessa medida”, enfatiza José Ronaldo.

A principal consequência para os Estados Unidos é o aumento da inflação, resultante do aumento nos preços. Em relação ao resto do mundo, a principal consequência é uma tendência de guerra comercial e fechamento do comércio internacional, o que é prejudicial a longo prazo para o crescimento global. 

Lucas Sharau prevê que no curto prazo empresas exportadoras para os EUA enfrentarão um aumento nos custos e, em muitos casos, poderão suspender suas exportações, tornando-as inviáveis. Esse cenário pode levar à revisão de contratos e reestruturação de cadeias de suprimentos, gerando volatilidade nos mercados.

“O mercado está em alerta e sente o impacto dessas medidas, que fazem parte da estratégia de Trump para obter poder de barganha em negociações internacionais. Seu método consiste em demonstrar a força econômica dos EUA ao impor sanções, o que gera instabilidade antes mesmo de qualquer negociação ser iniciada”, pontua.

Reciprocidade e Brasil na 'berlinda' 

Na semana passada, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva  (PT) disse que se os Estados Unidos taxarem os produtos brasileiros, em retaliação a uma afronta contra as políticas migratórias de Donald Trump, seu governo fará o mesmo com as mercadorias americanas.

De acordo com Lula, é preciso respeitar a soberania dos outros países. "Se ele taxar os produtos brasileiros, haverá reciprocidade no Brasil em taxar os produtos que são importados dos EUA", afirmou o petista. 

No cerne das políticas de tributação e aumento de taxas de importações, Trump já citou o Brasil como um dos países que cobram muitas tarifas e que querem 'prejudicar' os Estados Unidos

Atualmente, o Brasil importa mais do que exporta para os Estados Unidos, segundo o balanço comercial de 2024 elaborado pela Secretaria de Comércio Exterior (Secex), do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços. Entre janeiro e dezembro do ano passado, as exportações aos EUA cresceram 9,2% e chegaram a 40,33 bilhões de dólares, um recorde histórico. 

Já as importações avançaram 6,9% e totalizaram 40,58 bilhões de dólares, em um déficit de 250 milhões de dólares. Dados tabulados pelo Monitor do Comércio Brasil-EUA da Amcham Brasil apontam que o volume exportado também alcançou níveis inéditos, com 40,7 milhões de toneladas, representando um aumento de 9,9% sobre 2023.

A Casa Branca ocupa a segunda colocação em exportações da balança comercial brasileira, com 14,95% do total, atrás apenas da China, com 21,10%. Ainda segundo análise da Amcham Brasil, o resultado de importações do Brasil de produtos dos Estados Unidos representaram o segundo maior volume da história, atrás apenas dos US$ 51,3 bilhões de 2022.

Veja, abaixo, quais são os principais produtos exportados e importados entre Brasil e Estados Unidos, segundo a Secex:

Exportações

  • Minério de ferro: 25,3%;
  • Óleo de petróleo ou minerais betuminosos: 19,07%;
  • Soja: 11,52%;
  • Carne: 10,6%;
  • Celulose: 9,15%

Importações

  • Válvulas, tubos, transistores e outros; 7,13% do total;
  • Equipamentos de telecomunicações, incluindo peças e acessórios: 5,36%;
  • Veículos: 5,06%;
  • Compostos organo-inorgânicos, compostos heterocíclicos, ácidos nucléicos e seus sais, e sulfonamidas: 4,17%;
  • Inseticidas, rodenticidas, fungicidas, herbicidas, reguladores de crescimento para plantas, desinfetantes e semelhantes: 3,22%.
Fonte: Redação Terra
Compartilhar
Publicidade
Seu Terra












Publicidade