Shein vê retrocesso em taxação de compras internacionais aprovada pela Câmara
A Shein afirmou nesta quarta-feira (29) que vê como retrocesso a decisão tomada pela Câmara dos Deputados ontem, 28 de maio, para a tributação em 20% das compras internacionais de até US$ 50. Segundo a empresa, a decisão de taxar remessas internacionais não é a resposta adequada por impactar diretamente a população brasileira.
Com o fim da isenção, diz a Shein, a carga tributária que recairá com a taxação de compras internacionais para o consumidor final passará a ser de 44,5% - com a isenção essa cobrança se mantinha em torno de 20,82% devido à cobrança do ICMS, lembra a varejista chinesa.
"Ou seja, um vestido que o consumidor da Shein comprava no site por R$ 81,99 (com ICMS de 17% incluso), agora custará mais de R$ 98 com a nova carga tributária, formada pelo imposto de importação de 20% mais o ICMS de 17%", diz a empresa em nota.
A Shein também destaca que o e-commerce, no geral, representa entre 10% e 15% do varejo nacional. Enquanto isso, a parcela do e-commerce de plataformas internacionais como a Shein não alcançaria mais do que 0,5% do varejo nacional, de acordo com estudo de 2024 da Tendências Consultoria.
"Mesmo diante da decisão sobre a taxação de compras internacionais, a Shein reafirma o seu compromisso com o consumidor e reforça que seguirá dialogando e trabalhando junto ao governo e demais stakeholders para encontrar caminhos que possam viabilizar o acesso da população, principalmente das classes C, D e E - cerca de 88% de nossos consumidores, segundo pesquisa do Ipsos - para que continuem tendo acesso ao mercado global", afirma a varejista.
Shein diz que 55% do faturamento no Brasil vem de vendedores locais
A varejista chinesa Shein está empenhada em acelerar a nacionalização das operações no Brasil como parte de um plano que visa atingir 85% das vendas locais até o final de 2026. Até o primeiro trimestre deste ano, a empresa já conquistou um marco significativo, com 55% do seu faturamento total no país, proveniente das vendas realizadas via marketplace apenas no estado de São Paulo.
Enquanto as cifras exatas permanecem em sigilo, a empresa chinesa tem avançado na persuasão de produtores, atacadistas e varejistas brasileiros a aderirem à plataforma online da Shein. Esses esforços ocorrem em meio a polêmicas sobre tributação de remessas internacionais, com entidades empresariais brasileiras contestando recentemente a isenção do Imposto de Importação para bens adquiridos em plataformas internacionais de comércio eletrônico.
A empresa, no entanto, diz que demonstrou disposição em dialogar com o governo brasileiro, comprometendo-se com a nacionalização das operações para lidar com as preocupações de varejistas e industriais locais sobre a concorrência com produtos importados mais baratos. Raul Jacob, diretor de marketplace da Shein, em entrevista ao jornal Estado de S. Paulo, enfatizou o compromisso da empresa em oferecer produtos competitivos a preços atrativos no mercado brasileiro.
Se em São Paulo o marketplace faz sucesso, agora, com os olhos voltados para o futuro, Jacob diz que a Shein planeja expandir esse modelo de operação para outros estados, incluindo Rio de Janeiro, Minas Gerais, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, enquanto continua sua jornada em direção à completa nacionalização das suas operações no país.
Faturamento chega a R$ 10 bilhões, segundo BTG
De acordo com um relatório do BTG Pactual, divulgado no início deste ano, a Shein registrou um faturamento de R$ 10 bilhões em 2023. Essa marca representa uma expansão significativa de mais de 40% em comparação ao ano anterior, quando suas receitas alcançaram R$ 7 bilhões.
O relatório do BTG Pactual destaca que, com exceção da Renner (LREN3), cujo faturamento foi de R$ 11,7 bilhões, a Shein superou em números outras empresas importantes do setor. Entre elas, estão a C&A (CEAB3), com R$ 6,6 bilhões, o Grupo Soma (SOMA3), que inclui marcas como Farm e Animale), com R$ 5,4 bilhões, e a Arezzo (ARZZ3), com R$ 4,8 bilhões em receitas.