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Na economia circular, atuação de uma empresa não termina após a venda de seu produto ao consumidor

Braskem, Unilever, Hering e 3M contaram como lidam com resíduos e subprodutos de suas cadeias em encontro virtual promovido pela Fiesp

22 set 2020 - 19h44
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A atuação de uma empresa não termina após a venda de seu produto ao consumidor. Pelo menos não dentro da economia circular - conceito em que a vida útil de um material, até mesmo de embalagens descartáveis, é prolongado de forma a reduzir o impacto no meio ambiente ao mesmo tempo em que gera ganhos financeiros para a empresa.

Esse foi o tema do encontro virtual promovido pelo Conselho Superior de Meio Ambiente (Cosema) da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) nesta terça-feira, 22, com quatro grandes companhias.

Para o presidente do Cosema, Eduardo San Martin, a tendência é que a economia circular deixe de ser uma iniciativa voluntária e passe a ter amparo na lei. "Podem ter certeza que os países europeus vão exigir que os mercados não europeus com pretensão de exportar para lá devam demonstrar que seus bens estão inserido em práticas de economia circular."

No Brasil, já há empresas que estão avançadas no assunto, mas o consenso é de que ainda é preciso difundir o conceito de economia circular. O Senai, que também esteve presente no encontro, está disponível para informar e auxiliar os pequenos empresários sobre o tema.

A Braskem, do ramo petroquímico, busca estimular desde os seus grandes clientes institucionais a fazer o melhor uso do plástico até as cooperativas de reciclagem. A Unilever tem a meta de reduzir pela metade o uso de plástico virgem até 2025.

A Hering, de vestuário, utiliza seus resíduos têxteis para produzir itens domésticos como almofadas. E a 3M, cujo carro-chefe é a esponja Scotch-Brite, conta com o trabalho de voluntários para reciclar o seu produto mais famoso. Veja:

Braskem

A estratégia da companhia é dividida em cinco etapas, explicou a diretora de Economia Circular da Braskem na América Latina, Fabiana Quiroga: design, gestão de processos, educação dos consumidores sobre o descarte correto, apoio às cooperativas de reciclagem até chegar de fato à etapa da reciclagem. Isso quer dizer que a empresa se preocupa em utilizar água de reuso e energia renovável na produção de insumos até dar apoio aos catadores, que receberam cestas básicas neste ano de pandemia.

Há uma plataforma dentro da área de inovação da Braskem para desenvolver a reciclagem que utilize o máximo possível do plástico. Enquanto a reciclagem mecânica foca na qualidade - na eliminação de odor, por exemplo - a reciclagem química tenta transformar novamente em resina o material que é mais difícil de ser reciclado mecanicamente, com o objetivo de produzir um insumo que não tenha restrição de contato nem mesmo com alimentos.

Além disso, no ano passado, a empresa também promoveu um hackaton com a Kimberly-Clark e a Colgate-Palmolive, que são seus clientes, no qual universitários foram desafiados a criar soluções mais sustentáveis para as embalagens dessas companhias. A expectativa é que a Colgate introduza no próximo ano a embalagem nova, segundo Luciana.

Unilever

A Unilever tem o compromisso até 2030 de reduzir à metade o impacto ambiental da produção e do uso dos produtos. Para isso, a empresa precisa atingir três metas até 2025:

  • Reduzir o uso de plástico virgem pela metade, o equivalente a 100 mil toneladas. A redução se dará com a elaboração de embalagens mais econômicas, que demandem menos matéria-prima, e também por meio da introdução de PCR, como é chamado o plástico reciclado. As embalagens podem conter de 30% a 70% de PCR. Em dois anos, a Unilever já utilizou 6,117 toneladas de resina PCR, o equivalente a 22 aviões A380, maior avião comercial.
  • Reutilizar, reciclar ou compostar 100% das embalagens. Para isso, há produtos concentrados que vêm em embalagens menores; refil at home, como são chamadas as embalagens mais flexíveis nas quais vêm o refil de produtos como o sabonete e, por fim, o refil on the go, no qual o consumidor pode fazer o refilamento no supermercado
  • Coletar e processar mais plástico do que vendem. É possível coletar plásticos por meio de parcerias como as que a Unilever já tem com o Grupo Pão de Açúcar, no qual têm um ponto de coleta voluntário de materiais recicláveis.

Hering

A Hering tem o projeto Trama Afetiva para lidar com os resíduos têxteis. "Quando olhamos para o resíduo com a potência que ele tem, entendemos que é possível que o resíduo se transformasse em objeto de desejo", disse a diretora da Fundação Hermann Hering, Amélia Malheiros.

No primeiro ano, o projeto foi voltado para os resíduos do jeans, que viraram itens vestíveis para a casa, como almofadas. No segundo ano, foi a vez da malharia. Mais recentemente, a fundação fechou uma parceria com a empresa Feltros Santa Fé e juntos elaboraram um protótipo de feltro que leva também garrafa pet, mas ainda não foi comercializado.

3M

Dos 15 mil itens que a americana 3M comercializa no Brasil, a esponja Scotch-Brite é o item de maior venda. "E representa um grande desafio de logística reversa, pois trata-se de um item de grande pulverização que a gente encontra em praticamente todos os lares", disse o gerente de Sustentabilidade, Marcelo Gandurra.

Desde 2014, em parceria com a TerraCycle, a 3M desenvolve o programa de reciclagem das esponjas. Esse programa conta com a figura central dos 6,5 mil brigadistas, como são chamados os voluntários responsáveis pela coleta dos materiais das empresas parceiras da TerraCycle. "Ele coloca as esponjas no correio, que são enviadas para uma central de reciclagem no interior de São Paulo. No nosso caso, o envio mínimo é de dois quilos da esponja. O brigadista define uma ONG para a qual a 3M doa R$ 0,02 a cada esponja reciclada. Já reciclamos quase 2 milhões de esponjas."

Estadão
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