Mercosul reforça agenda energética, alimenta esperança por acordo com UE e ignora Venezuela
Comunicado final da 67ª Cúpula realizada em Foz do Iguaçu também fala de regras comerciais para o setor automotivo
Os países do Mercosul destacaram no comunicado final da 67ª Cúpula encerrada neste sábado, 20, a necessidade de avançar na integração dos mercados de biocombustíveis e de promover discussões sobre combustíveis sustentáveis de aviação (SAF).
Os presidentes dos países celebraram o aprofundamento "das iniciativas conjuntas destinadas a promover a criação de um mercado regional de gás natural e dos trabalhos para a harmonização regulamentar e operacional para a comercialização de gás natural".
Também mencionaram a troca de experiências nas áreas de interconexão elétrica, biocombustíveis, energias renováveis e dos minerais estratégicos.
No comunicado, os membros do Mercosul destacam avanços alcançados na área de compras governamentais e ressaltaram a importância de continuar os trabalhos do comitê automotivo.
Neste último ponto, o objetivo é a harmonização das regras comerciais no bloco relativas ao setor. Sobre o setor automotivo, o grupo fala em criar um "mercado regional mais integrado e eficiente".
Os membros do Mercosul reafirmam que é preciso seguir com processo de revisão e de ajuste da Tarifa Externa Comum (TEC).
Segundo comunicado, o "texto do acordo é resultado de um equilíbrio cuidadosamente alcançado após 26 anos de negociações e que sua assinatura daria uma sinalização positiva ao mundo na atual conjuntura internacional, fortalecendo a integração entre os dois blocos".
A cúpula de líderes do Mercosul estava inicialmente marcada para o começo de dezembro. Porém, foi adiada para hoje a pedido da UE, que esperava uma votação no Parlamento Europeu esta semana que desse o aval para o acordo com o bloco sul-americano. Com a recusa da Itália, a assinatura foi postergada.
Venezuela vira assunto, mas passa em branco no comunicado
O comunicado da 67ª Cúpula não fez menção à Venezuela, embora o assunto tenha sido abordado em discursos de ao menos dois chefes de Estado durante a 67ª Cúpula, realizada neste sábado, 20: de Luiz Inácio Lula da Silva, e do argentino Javier Milei - que tiveram opiniões contrárias. O evento não foi transmitido para a imprensa na íntegra.
Na sessão Plenária do Mercosul, Lula disse que uma intervenção armada na Venezuela seria uma catástrofe humanitária para o Hemisfério Sul. "A ameaça de soberania se apresenta hoje, sob guerra, antidemocracia e crime organizado", afirmou.
Já Milei saudou a pressão dos Estados Unidos e do presidente Donald Trump para "libertar o povo da Venezuela".
A Venezuela foi suspensa do Mercosul em 2016 por não garantir a "plena vigência das instituições democráticas".