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Haddad diz que Lula atuará como controlador dos investimentos na Petrobras

Ministro diz que direcionar investimentos da estatal, como, por exemplo, para a transformação ecológica, não lhe parece uma intervenção do governo na companhia

27 mar 2024 - 22h37
(atualizado às 23h06)
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BRASÍLIA - O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta quarta-feira, 27, que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva irá atuar como controlador da Petrobras, tanto em relação à política de preços quanto a de investimentos, para que a empresa invista mais em áreas estratégicas para o governo, como, por exemplo, em um plano de transformação ecológica. A declaração foi dada em entrevista à CNN.

A avaliação do ministro é que direcionar investimentos da Petrobras, como no exemplo da transformação ecológica, não lhe parece uma intervenção na estatal.

"O presidente já falou um milhão de vezes que, tanto em relação à política de preços da Petrobras quanto em relação à política de investimentos da Petrobras, sendo uma empresa estratégica, ele vai atuar como o controlador para que a Petrobras, por exemplo, invista mais em transformação ecológica. É um direito do controlador fomentar a Petrobras nessa direção. O petróleo, se não vai terminar, vai ser cada vez menos usado", disse o ministro.

Segundo ele, o governo está estimulando investimentos "inclusive em pesquisas e desenvolvimento voltadas para hidrogênio verde". "Não me parece que isso seja uma intervenção", afirmou.

Questionado sobre outras empresas, ele mencionou que, no caso da Eletrobras, discutir a representação da União no conselho não é anormal e também não configura intervenção.

O governo Lula tem sido criticado por tentar interferir na gestão de grandes empresas. O exemplo mais recente foi a decisão do conselho de administração da Petrobras de reter o pagamento de dividendos extraordinários aos acionistas, no valor total de R$ 43 bilhões, numa decisão do próprio presidente Lula. O anúncio frustrou o mercado e fez a estatal perder cerca de R$ 56 bilhões em valor de mercado num único dia.

A Petrobras é uma empresa de capital misto cujo maior detentor de ações é o governo brasileiro, que tem maioria em seu conselho (seis dos 11 assentos). Logo após a decisão, o presidente da estatal, Jean Paul Prates, foi às redes sociais rebater os questionamentos. "É legítimo que o CA (conselho de administração) se posicione orientado pelo presidente da República e pelos seus auxiliares diretos, que são os ministros. Foi exatamente isso o que ocorreu", disse.

Haddad mencionou que o papel da Fazenda é o de colaborar para um bom ambiente de negócios no País, o que inclui apaziguar os ânimos do mercado quando há ruídos sobre ações do governo com estatais.

Pautas econômicas

O ministro da Fazenda afirmou que as pautas econômicas no Congresso vão caminhar em 2024. "Tudo anda", disse, sem especificar os projetos. Questionado sobre o impacto das eleições municipais para o andamento desses temas, como a reforma do Imposto de Renda, Haddad disse que a Fazenda não controla o calendário eleitoral e que a Pasta está dedicada a formatar os textos da regulamentação da reforma do consumo.

Para Haddad, papel de Lula não seria intervenção na empresa estatal
Para Haddad, papel de Lula não seria intervenção na empresa estatal
Foto: Wilton Junior / Estadão / Estadão

Esses textos devem ser entregues ao Congresso na primeira quinzena de abril. Ele afirmou que acredita que a regulamentação possa ser aprovada na Câmara no primeiro semestre e que vê espaço para avanço de outros textos da agenda microeconômica.

Haddad reiterou que a Fazenda tem boa relação com o Congresso, uma linha direta, e alertou que só há preocupação quando a polarização coloca em risco pautas que são cruciais para o futuro do País, como a reforma tributária sobre o consumo. Ele relembrou a pressão da oposição para barrar o avanço do texto, que acabou aprovado e promulgado em 2023.

Crescimento em 2024

Haddad afirmou que a economia brasileira crescerá mais em 2024 do que as projeções da Pasta, atualmente em 2,2%. "Nossos técnicos terão de rever projeções, duvido que o Brasil cresça pouco", disse.

Haddad comentou que não vê muita incerteza no horizonte de curto prazo para a condução da política monetária e que a tendência é de melhoria no cenário externo até meados do ano. No Brasil, ele menciona um arrefecimento da inflação, principalmente em alimentos, e a janela de oportunidade para um ciclo positivo de crescimento.

Estadão
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