Fusão Petz-Cobasi, aprovada no Cade, cria grupo com faturamento de R$ 7 bi e 483 lojas
Negócio entre as empresas do setor pet foi aprovada com a condição de venda de lojas que representam 3,3% do faturamento combinado
Com a aprovação da fusão Petz-Cobasi pelo plenário do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), o grupo terá de se desafazer de 26 lojas localizadas no Estado de São Paulo que representam 3,3% do faturamento da companhia combinada nos últimos 12 meses até o terceiro trimestre. Segundo o site das empresas, apenas em SP, a Petz tem 125 lojas, e a Cobasi, 149.
O Acordo de Associação estabelece a combinação de negócios entre as duas empresas, que será implementada por meio da incorporação das ações da Petz pela Cobasi. Em decorrência da operação, a Petz se tornará subsidiária integral da Cobasi. Os acionistas da Petz receberão 52,6% das ações da nova empresa, e os acionistas da Cobasi, 47,4%.
A empresa criada deverá ter R$ 7 bilhões em faturamento no varejo voltado a produtos para animais de estimação, além de 483 lojas e pelo menos 20 marcas, como ZeeDog, Petix, Spike!, que pertencem à Petz, e Flicks, da Cobasi. A ideia é que Paulo Nassar, cofundador e CEO da Cobasi, se torne presidente executivo, e Sergio Zimerman, fundador e CEO da Petz, vá para a presidência do conselho.
As duas empresas alegam que a operação tem como objetivo permitir capacidade de redução de preços ao consumidor, melhor atendimento e um portfólio mais completo de produtos e serviços a seus clientes, por meio da combinação do parque de lojas e e-commerce, aumentando a capilaridade de pontos de venda e de entregas.
Ao longo da análise feita pelo Cade, os CEOs das duas empresas sustentaram perda de competitividade com a expansão dos marketplaces a partir da pandemia.
A aprovação se deu nos termos do voto do conselheiro-relator, José Levi Mello do Amaral Jr., acompanhado pelos demais conselheiros, com exceção da conselheira Camila Cabral. Já a conclusão da operação está sujeita ainda à verificação ou renúncia das condições suspensivas pelos respectivos conselhos de administração.
Em nota conjunta, as companhias disseram ter recebido a notícia "com satisfação". "A combinação das duas empresas fortalece a capacidade de investimento, amplia a eficiência operacional e cria condições para acelerar a inovação, a expansão do atendimento e a oferta de produtos e serviços de ainda mais qualidade em todo o País", disseram as companhias que irão se unir.
"Petz e Cobasi reiteram seu compromisso com o desenvolvimento do mercado pet brasileiro, com a livre iniciativa e com as melhores práticas de governança e concorrência", completaram.
A Petz informou que a consumação da operação está sujeita à verificação (ou renúncia, conforme o caso) das Condições Suspensivas pelos Conselhos de Administração da Companhia e da Cobasi e ao advento da Data de Fechamento.
Remédio insuficiente
Após aprovação da fusão entre Petz e Cobasi pelo Cade, a terceira maior varejista do setor de pet shops no Brasil, Petlove, disse que a condicionante de venda de 26 lojas no Estado de São Paulo não é remédio suficiente para criar um rival efetivo capaz de equilibrar o jogo competitivo.
"Agora, apenas o tempo dirá os efeitos dessa decisão, uma decisão irreversível que transformará o mercado pet para sempre", disse a Petlove em nota.
A empresa, que atuou como terceira interessada na análise empreendida pelo Cade, chamou a fusão de "o maior acontecimento do setor nos últimos anos". "A empresa resultante, com mais de R$ 7 bilhões de faturamento, terá uma escala e um domínio territorial impossíveis de serem replicados por qualquer outro player. Não existe concorrente do mesmo porte", criticou.
A companhia disse ser a mais próxima das rivais, ainda assim, três vezes menor que elas. "Depois da Petlove, todos os demais players são trinta vezes menores que a nova empresa formada. Ou seja: Petz e Cobasi, juntas, terão posição monopolista em centenas de mercados no Brasil", sustentaram.
"Acreditamos profundamente na competição. Entendemos que, em um mercado justo e equilibrado, há espaço para todos. E sabemos que inovação, qualidade e experiência surgem quando empresas precisam disputar o coração dos clientes, e não quando operam sem rivais à altura", completaram.