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Dólar tem maior alta desde março e fecha acima de R$4 com turbulência externa

14 ago 2019 - 17h21
(atualizado às 17h48)
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Uma onda de compra de dólares dominou o mercado brasileiro nesta quarta-feira, com a moeda contabilizando a maior alta diária desde o fim de março e fechando acima de 4 reais pela primeira vez desde maio, em meio a uma forte fuga de risco no exterior causada por crescentes temores de recessão global.

Homem conta notas de dólares
07/07/2019
Nazanin Tabatabaee/ WANA
Homem conta notas de dólares 07/07/2019 Nazanin Tabatabaee/ WANA
Foto: Reuters

O dólar à vista terminou o pregão em alta de 1,86%, a 4,0405 reais na venda.

A valorização é a mais intensa desde 27 de março (+2,27%). O patamar é o mais elevado para um fechamento desde 23 de maio (4,0474 reais).

O dólar não encerrava uma sessão acima de 4 reais desde 28 de maio (4,0242 reais).

Na B3, o dólar futuro de maior liquidez saltava 1,99%, para 4,0465 reais, em novo dia de forte volume de negócios, com mais de 487 mil contratos de dólar futuro para o primeiro vencimento já transacionados. As operações no mercado de derivativos da B3 se encerram às 18h (de Brasília).

Na véspera, 530.805 ativos trocaram de mãos, maior giro desde 17 de maio (557.395 contratos).

A disparada do dólar não ficou restrita ao Brasil. A moeda saltou mais de 7% frente ao peso argentino e subia quase 2% contra rand sul-africano e 1,6% ante peso mexicano, conforme investidores saíram de ativos mais arriscados e buscaram a segurança dos Treasuries, do iene e do ouro.

Em Wall Street, os principais índices de ações caíram cerca de 3%, com o Dow Jones amargando a pior sessão desde outubro do ano passado.

A carnificina nos mercados que catapultou o dólar em todo o mundo decorreu do aumento de temores de recessão nos EUA e na economia global, após a curva de rendimentos dos títulos do Tesouro norte-americano (Treasuries) ter invertido (taxas de longo prazo abaixo das de curto prazo) pela primeira vez em 12 anos.

Essa inversão antecipou todas as últimas recessões econômicas nos EUA.

"A causa é externa, com uma 'ajuda' da Argentina", disse Thiago Silencio, operador de câmbio da CM Capital Markets, citando a turbulência no mercado vizinho. "Mas, diferentemente de altas recentes do dólar, o movimento está ocorrendo sem pressão na liquidez, e isso indica que o Banco Central deve se manter afastado por enquanto", ponderou.

Por ora, o BC tem realizado apenas as rolagens de contratos de swap cambial que expiram no próximo mês de outubro.

A taxa do casado --uma espécie de cupom cambial de curtíssimo prazo-- ficou em torno de 2,8% nesta sessão, bastante alinhada ao padrão histórico. Em momentos de estresse na liquidez, essa taxa chega a rondar 7%.

"Acho que amanhã vai reduzir (o estresse), mas ainda com muita volatilidade", disse Fabrizio Velloni, chefe da mesa de câmbio e sócio da Frente Corretora.

Ele calcula que a aprovação da reforma da Previdência no Congresso associada a um cenário externo "menos turbulento" poderia devolver o dólar para a faixa de 3,85 reais, patamar não visitado desde o começo de agosto.

A volatilidade implícita voltou a subir fortemente. A taxa para três meses foi de 12,46% na véspera para 13,18% nesta sessão, nos picos desde meados de junho. Quanto mais alta essa medida, mais instabilidade no preço do dólar o mercado projeta para o curto prazo.

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