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China X EUA: os 3 pontos da guerra comercial que opõem os países

Washington e Pequim divergem sobre três questões complexas: propriedade intelectual, transferência de tecnologia e acesso a mercados, juntamente com as aspirações industriais de alta tecnologia de Pequim.

18 mar 2019 - 12h09
(atualizado em 19/3/2019 às 14h45)
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A woman works in a steel hub factory in China
A woman works in a steel hub factory in China
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

As negociações comerciais entre os EUA e a China dão sinais de avanços. O presidente americano, Donald Trump, pediu ao governo chinês que suspendesse todas as tarifas sobre os produtos agrícolas dos EUA.

Trump disse ter adiado a imposição de tarifas maiores, marcada para 1º de março, sobre os produtos chineses, devido ao avanço nas tratativas - a taxa de importação passaria de 10% para 25%.

O presidente americano sofreu um forte revés em sua estratégia com a explosão do déficit comercial (diferença entre importação e exportação), que subiu 12,5% de 2017 para 2018 no comércio bilateral com a China e atingiu o ponto mais alto desde a crise econômica de 2008 (US$ 891,3 bilhões, ou R$ 3,4 trilhões).

Mas um acordo entre os dois países ainda parece distante.

Os pontos mais difíceis de aproximação entre Washington e Pequim passam por três questões complexas: propriedade intelectual, transferência de tecnologia e acesso a mercados, juntamente com as aspirações industriais de alta tecnologia de Pequim.

Sem alterar fundamentalmente a estrutura da economia chinesa, os dois países não vão superar suas diferenças em relação a essas questões.

Aqui estão os porquês:

1. Propriedade intelectual

Os EUA acusam chineses de roubar propriedade intelectual de empresas americanas, forçando-as a transferir tecnologia para o país.

Companhias dos EUA dizem que o Judiciário chinês é tendencioso e quase sempre decide em favor de empresas locais em tais disputas. Pequim afirma que essas alegações são falsas.

Trump em reunião com representantes do setor do aço; China é principal alvo da medida adotada
Trump em reunião com representantes do setor do aço; China é principal alvo da medida adotada
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

"Não há lei na China que diga que você deve entregar sua propriedade intelectual a empresas chinesas", diz Wang Huiyao, presidente do Centro para China e Globalização, centro de estudos que assessora o governo chinês.

"Mas o governo está ciente do sentimento americano e pretende punir esses tipos de violações - se de fato acontecerem", afirma.

Para dirimir as ressalvas americanas, Pequim montou um tribunal de propriedade intelectual e está elaborando uma lei que tornaria mais difícil para autoridades chinesas pedirem a empresas estrangeiras que transferiram sua tecnologia.

Legisladores dos EUA reiteram, no entanto, que o Judiciário chinês está sob o Partido Comunista, e as decisões legais seguem o caminho que o Partido quer que sigam, em particular quando uma empresa estatal está envolvida.

2. Acesso ao mercado chinês

O sucesso econômico da China foi construído com base em um planejamento centralizado e voltado para empresas estatais - o oposto de como funcionam as americanas.

Os EUA dizem que a China subsidia de forma injusta suas estatais, com empréstimos baratos que as ajudam a competir no exterior em diversos setores, como o aeroespacial, a fabricação de chips e os carros elétricos, em concorrência direta com empresas americanas.

O presidente Trump critica as práticas comerciais chinesas desde que assumiu o cargo em 2016
O presidente Trump critica as práticas comerciais chinesas desde que assumiu o cargo em 2016
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

Mesmo as companhias privadas chinesas estão em vantagem, dizem os Estados Unidos, porque as estrangeiras que tentam competir com elas na China não têm conexões ou a escala das concorrentes locais em um mercado essencialmente fechado. Para operar no país, é preciso ter um parceiro local.

A China prometeu abrir mais setores de sua economia à concorrência estrangeira, mas a eficácia demanda que suas próprias empresas operem de forma independente.

3. 'Made in China' 2025

Esse plano incomoda os EUA, que veem um desafio direto à supremacia americana em setores-chave, a exemplo do aeroespacial, dos semicondutores e do 5G.

A China enxugou recentemente o programa, mas não sinalizou a intenção de suspendê-lo.

As ambições de Pequim atingem o coração do problema existencial entre os dois lados.

"O que os EUA querem é mudar fundamentalmente a estrutura da economia chinesa", diz Christopher Balding, ex-professor da Universidade de Pequim.

"Quer que a China se torne um país 'normal' impulsionado pelo mercado, como o resto de nós. A China não quer isso."

Ambos os países estão sofrendo com a guerra comercial e as previsões de crescimento global também estão sendo atingidas.

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