Cartão de crédito: saiba como não estourar o seu limite
O cartão tem seus pontos negativos e positivos. O pior deles é a taxa de juros alta demais, maior que a de qualquer crédito pessoal.
"Com dinheiro não se brinca!" Já ouvi muito essa frase, principalmente quando o assunto é investimento, atrelado a algum risco. Mas e quando se gasta além da conta? Será que isso é brincar com o dinheiro também?
Olha, se é brincar, eu não sei, mas é bem provável que muita gente não esteja o levando tão a sério... Eu creio que tem uma razão: no início de nossa vida adulta, somos apresentados ao "maravilhoso" mundo do crédito, que é onde podemos comprar, mesmo sem ter dinheiro, podemos pagar depois, em frações tão pequenas que nem sentimos, podemos até seguir comprando, mesmo não tendo feito o pagamento anterior.
Parece um mundo mágico, dos sonhos, e um tanto fantasioso falando assim, mas acredite, essa é a promessa do cartão de crédito em que tantas pessoas acreditam: levar ao infinito e além! Pelo menos, até que as faturas se acumulem, se tornem uma bola de neve impagável e o banco decida que é tempo de voltar pra realidade.
É nessas horas que a gente começa a levar as dívidas mais a sério e a partir daí que o cartão é visto como o vilão das finanças, justamente porque os juros são altos e implacáveis.
Porém, mesmo com essa fama, quase todo mundo quer ter um cartão de crédito, um tanto controverso, concorda? No fundo existe a esperança de que vamos conseguir usar com consciência e ele vai ajudar a materializar nossos desejos de forma mais rápida e fácil.
Para uma sociedade que é ensinada a consumir, o imediatismo está presente o tempo todo, então é difícil mesmo usar o cartão da melhor maneira. Já quem tem pouco espaço é o planejamento, a organização e educação financeira, que deveriam ser peça chave, e ensinados nas escolas e em casa desde a infância.
Por essas e outras eu creio que o cartão em si não é o vilão, ele é o meio de pagamento que viabiliza que a gente erre! Aquele limite ali, dando sopa, praticamente pedindo para ser usado, seduz, e se a gente não tem conhecimento sobre como gerir os tostões. acaba cedendo à tentação. Porque afinal, nunca fomos ensinados a usá-lo corretamente.
Mas, afinal, usar cartão de crédito é bom ou ruim?
O cartão tem seus pontos negativos e positivos. Pra mim, o pior deles é a taxa de juros alta demais, maior que a de qualquer crédito pessoal, que acaba com o orçamento de alguém que cometeu um deslize por um mês ou dois. Também não gosto da opção de parcelamento automático, porque em alguns casos, a pessoa já está prestes a conseguir quitar, mas o parcelamento "facilita" o pagamento em um primeiro momento, e minimiza o senso de urgência de quem queria se livrar logo da dívida. Além de dar a falsa sensação de que agora já pode voltar a gastar.
De positivo eu destaco os programas de benefícios, que em alguns cartões são muito bons, como o de acúmulo de pontos, cash back e descontos - todos deveriam se informar para fazer uso disso, diga-se de passagem. Mas o que eu mais gosto no cartão de crédito é que ele permite uma organização maior dos pagamentos, já que concentra a maioria das despesas variáveis em uma só data de vencimento - claro, quando você tem apenas um cartão.
Para quem tem vários, e com vencimentos diferentes, pode virar bagunça. Inclusive, recomendo cancelar alguns e ficar com um só, que tenha um limite que atenda as necessidades e ajude no planejamento.
Eu prefiro usar cartão de crédito do que o de débito como meio de pagamento, mas faço isso apenas porque tenho um bom controle orçamentário e sei qual é o meu limite de gastos, que não é o mesmo limite de compras do cartão.
Se você ainda tem uma relação complicada com ele, talvez começar a se organizar, gastando só o que tem, e no débito, seja a melhor solução.
Escolha um caminho, mas lembre-se: o cartão (de crédito e de débito) não se gasta sozinho, ele depende da sua ação, por isso use com moderação e apenas para itens necessários, cujo valor caiba no seu orçamento.
(*) Mari Ferreira é especialista em educação financeira, consultora, palestrante, criadora de conteúdo e autora do livro “Tostão Furado: Do Zero à Liberdade Financeira”.