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Cancelamento de corridas se torna uma rotina para usuários da Uber e 99

Idec vê aumento no número de passageiros insatisfeitos com aplicativos de transporte e atribui críticas ao preço 'irreal' adotado pelas empresas nos últimos anos no Brasil

14 set 2021 - 17h01
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BRASÍLIA E SÃO PAULO - Passageiros que usam aplicativos de motorista particular estão mais insatisfeitos com a experiência de chamar um carro pelas plataformas, em razão de cancelamentos de corridas e do tempo de espera. O termômetro é feito pelo Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), que percebeu um aumento dessas reclamações nos últimos meses, mesmo período em que o preço do combustível disparou no Brasil.

Coordenador de mobilidade urbana do Idec, Rafael Calabria, atribui essas críticas ao preço "irreal" e "surpreendentemente baixo'' que as plataformas exerceram durante os últimos anos no Brasil. Essa cobrança superficial agora se traduz numa má qualidade dos serviços, segundo ele. "Quando o preço é irreal, não consegue sustentar por muito tempo. Ele atrai pessoas por um tempo, mas depois começa a mostrar impactos ruins nesse preço artificial", diz.

A avaliação de Calabria vai ao encontro com o relato de motoristas que passaram a não ver mais vantagens em fazer viagens em certos períodos do dia ou da semana. Com isso, os passageiros sentem na ponta o problema de oferta de carros.

A analista de redes sociais Camila Nishimoto, de 25 anos, costuma usar o Uber para se deslocar na Grande São Paulo. Ela relata que percebeu um aumento considerável no preço das corridas nos últimos tempos e também uma maior dificuldade em conseguir um carro. "Se tornou rotina ter vários cancelamentos dos motoristas até conseguir um que aceite a corrida", afirma.

Para o coordenador no Idec, é importante entender que há um sentido em haver uma correção no preço cobrado por corrida nessas plataformas. Em Brasília, a passageira Regina Picoli sentiu a diferença no bolso. Ela lembra que, em agosto, uma viagem do aeroporto de Brasília até sua casa lhe custou cerca de R$ 30. Nesta segunda-feira, 13, o preço cobrado foi de R$ 40. "Agora eu vi que aumentou bastante", disse ela.

Com um reajuste dos valores, o Idec avalia que as cidades deverão passar por uma nova acomodação no transporte de passageiros. O cidadão vai precisar refletir melhor em qual trajeto compensa usar os aplicativos de corrida individual.

Larissa Silva de Lima, de 26 anos, trabalha com edição de vídeos para publicidade e já pratica a "reacomodação" citada pelo coordenador do Idec. Para ela, o que está compensando no momento é combinar o uso transporte público com o uso do aplicativo, para que os valores das corridas não fiquem tão altos.

"O que faço geralmente é diminuir o tempo do trajeto que eu faço com a Uber. Pego ônibus ou metrô até onde consigo, e então pego Uber somente no resto do trajeto, para pagar menos. Também não estou usando Uber sempre, diminuí as viagens. Quando é uma corrida de trabalho, consigo reembolso com a empresa, mas se não for, também fico horas antes simulando as corridas, para saber qual horário está mais barato", explica.

Estadão
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