PUBLICIDADE

'Brasil pode ir para hiperinflação muito rápido', diz Guedes

Ministro disse se sentir frustrado por ainda não ter conseguido vender nenhuma estatal

10 nov 2020 - 12h00
(atualizado às 12h08)
Compartilhar
Exibir comentários

O ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou nesta terça-feira, 10, que o Brasil pode "ir para uma hiperinflação muito rápido" se não rolar a dívida satisfatoriamente. No evento "Boas práticas e desafios para a implementação da política de desestatização do governo federal", organizado pela Corregedoria-Geral da União (CGU), ele se disse frustrado por não ter conseguido ainda privatizar nenhuma empresa estatal, como prometido na campanha do presidente Jair Bolsonaro, e defendeu desinvestimentos para reduzir o endividamento público.

Ministro da Economia, Paulo Guedes. REUTERS/Adriano Machado/File Photo
Ministro da Economia, Paulo Guedes. REUTERS/Adriano Machado/File Photo
Foto: Reuters

"Estou bastante frustrado com o fato de estarmos aqui há dois anos e não termos conseguido ainda vender nenhuma estatal. Por isso, um secretário nosso foi embora [Salim Mattar, que deixou o ministério em agosto]. Entrou outro [Diogo Mac Cord] que só tem que fazer um gol pra ganhar; o outro fez zero", afirmou.

O ministro disse que acordos políticos na Câmara dos Deputados e no Senado impediram as privatizações. "Precisamos recompor nosso eixo político para fazermos as privatizações prometidas na campanha", completou.

Sem conseguir levar desinvestimentos nem a venda de imóveis públicos para frente, Guedes ressaltou que o País carrega empresas e bens ineficientes, enquanto tem uma dívida que cresce como "bola de neve". "Se tivéssemos matado a dívida, estaríamos com recursos alocados para fazer transferência de renda", completou.

Também no evento, o ministro da Infraestrutura, Tarcísio Freitas, ressaltou que é preciso bons projetos e editais, elaborados com transparência e que garantam segurança jurídica. "Só conseguimos vender o que o mercado quer comprar. O mercado participará se perceber que há transparência na elaboração de projetos."

Missão de acelerar as privatizações

Em sua fala no encontro, do qual também participaram o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Gustavo Montezano, e o secretário de Desestatização do Ministério da Economia, Diogo Mac Cord, Guedes disse que os dois têm a missão de acelerar o programa de privatizações. "Tem que começar pela Cedae, é um ativo que já poderia ter sido desestatizado", disse, em referência à empresa de saneamento do Rio de Janeiro, que está no programa de recuperação fiscal do governo federal.

Sem citar diretamente, Guedes comentou ainda as eleições dos Estados Unidos e disse que as democracias estão "em transe". "Um candidato questiona se foi eleito, outro diz que tem uma fraude. A inquietação do Ocidente é porque ele não está aguentando a competição [do Oriente]", completou.

Estadão
Compartilhar
TAGS
Publicidade
Publicidade