Banco Central deve manter juros em 15% e suavizar tom, mas começar a cortar taxa somente em 2026
Decisão e os novos recados da autoridade monetária serão divulgados na quarta-feira, 17
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) começa nesta terça-feira, 16, a reunião para definir a nova taxa Selic, que será anunciada no fim da tarde de quarta-feira, 17. É unânime a expectativa no mercado financeiro de que o juro será mantido em 15% ao ano.
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Na última reunião, de julho, o BC decidiu manter a Selic no patamar atual e ressaltou que antecipava uma manutenção da taxa por período longo, pregando cautela diante de incertezas geradas pelas tarifas dos Estados Unidos sobre produtos brasileiros.
Bancos e instituições financeiras ressaltam que a decisão desta quarta deve refletir a combinação entre a necessidade de cautela em um ambiente externo ainda incerto e a leitura de que os efeitos defasados da política monetária permanecem em curso, com o processo ainda lento de reancoragem das expectativas de inflação.
Em evento promovido pela Associação Comercial de São Paulo, no mês passado, o presidente do BC, Gabriel Galípolo, afirmou que a "continuidade da interrupção" no ciclo de alta permite ao BC olhar os sinais da economia para corroborar a visão de que o patamar da Selic está restritivo o suficiente para levar a inflação à meta.
Para o banco Itaú, de forma geral, o comitê parece estar ganhando confiança na desaceleração da economia, em ritmo consistente com suas expectativas, de modo que não vê necessidade de ajustar sua visão sobre a taxa de juros no momento. “Isso permite que a autoridade monetária aguarde bastante tempo para sinalizar qualquer prescrição futura sobre possível ritmo e timing de flexibilização.”
A Warren Investimentos também não vê necessidade de ajuste e aponta, entre os fatores que justificam a manutenção, a desaceleração gradual da atividade, o processo de reancoragem das expectativas de inflação, e a acomodação dos dados de crédito, que têm reagido de forma condizente com o estágio atual do ciclo de política monetária.
Recados para o futuro
Com a expectativa de manutenção dos juros de forma unânime, a XP lança o foco sobre o comunicado pós-decisão. Na avaliação dos analistas, os diretores do BC devem reforçar a mensagem de que a taxa básica continuará nos níveis atuais por um “período bastante prolongado”.
“Perseverança deve ser a palavra de ordem do comunicado”, afirma a XP.
No cenário das instituições financeiras consultadas pelo Terra, o corte de juros só começará em 2026, com uma chance muito pequena de cortes ainda este ano."
"Mantemos nossa expectativa de início do ciclo de cortes apenas no 1º trimestre de 2026. Reconhecemos, entretanto, que os riscos aumentaram na direção de um corte antecipado ainda em 2025, o que pode ocorrer caso se verifique uma valorização ainda mais expressiva da taxa de câmbio ou uma desaceleração mais acentuada da atividade", diz o Itaú.
A Warren e a XP projetam o início do ciclo de cortes já na primeira reunião do ano, marcada para janeiro. A Warren indica uma redução de 25 pontos-base. XP prevê cortes de juros a partir de janeiro, com redução até 12,00% ao final de 2026.
“Para que a taxa básica se aproxime do seu nível neutro – que estimamos em 5,5% em termos reais – será necessário um maior progresso no reequilíbrio do hiato do produto e (principalmente) nas perspectivas de reformas fiscais a partir de 2027”, diz análise da XP.