Alckmin diz esperar que Copom comece a baixar os juros na próxima reunião, em dezembro
Nesta quarta-feira, 5, o colegiado decidiu, por unanimidade, manter a Selic em 15% ao ano
BRASÍLIA - O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, disse nesta quinta-feira, 6, em evento em Minas Gerais, que o "grande problema" da indústria são os juros. Ele mostrou expectativa de que o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) dê início à redução da taxa básica de juros, a Selic, na próxima reunião.
O Copom volta a se reunir em 9 e 10 de dezembro, o último encontro de 2025. Nesta quarta-feira, 5, o colegiado decidiu, por unanimidade, manter a Selic em 15% ao ano.
"A taxa de juros muito elevada - esperamos que na próxima reunião do Copom ela já comece a curva de redução - retrai a atividade econômica, especialmente os bens duráveis de custos mais altos", disse Alckmin a jornalistas, completando: "Mas acho que será transitório". O vice-presidente falou à imprensa após participar da inauguração da cervejaria do grupo Heineken, em Passos (MG).
O comunicado do Copom, porém, fechou as portas para um corte em dezembro, e o mercado se questiona se há espaço para o início de uma redução nos encontros de janeiro ou de março do ano que vem.
Alckmin também afirmou que este ano, com um clima mais favorável, o País está tendo uma safra recorde, quase 17% superior à do ano passado. "O que é muito bom, porque ajuda a baixar o preço de alimentos", pontuou. "Também caiu o dólar, então isso ajuda a cair a inflação".
COP-30
Com o início da Conferência do Clima das Nações Unidas de 2025 (COP-30), em Belém (PA), Alckmin disse que o evento traz o desafio de atingir os objetivos do Acordo de Paris. O Brasil apresentou NDCs (Contribuições Nacionalmente Determinadas) para uma redução de CO2 e gases de efeito estufa entre 59% e 67%. "É uma proposta ousada, mas ela é realista, é factível", sustentou.
"No caso do Brasil, a maior emissão é o desmatamento, porque um hectare que você desmata e queima emite 300 toneladas de carbono. E nós vimos, infelizmente, um desmatamento alto na região amazônica. Então, isso reverteu de dois anos para cá. Estamos com menor desmatamento e a meta é desmatamento ilegal zero e recompor a floresta".
Ele ainda disse que o governo está "otimista" com o Fundo de Floresta Tropical para Sempre (TFFF, na sigla em inglês). "Você tem um fundo de recursos para investir nas florestas tropicais. Acho que nós vamos avançar. O planeta tem urgência, a questão do aquecimento global é uma realidade. E para nós, que vivemos no trópico, as consequências são ainda maiores".
O vice defendeu a importância de, na COP, as autoridades globais avançarem no combate às mudanças climáticas. "O Brasil está dando um bom exemplo. Quem é que tem 30% de etanol na gasolina? Acabamos de passar de 27% para 30%. Quem tem 15% de bio no diesel? Só o Brasil. E vamos ser o grande protagonista do SAF, do combustível de aviação sustentável, para substituir o querosene".
Imposto de Renda
Sobre o aumento da isenção do Imposto de Renda (IR), aprovado nessa quarta-feira, 5, pelo Senado Federal e remetido à sanção presidencial, Alckmin disse que a mudança vai melhorar a renda da população brasileira "aumentando ainda mais o consumo e ativando a economia".
Ele ainda afirmou no evento, que contou também com a participação do governador de Minas, Romeu Zema (Novo) que o varejo vai ter uma "boa notícia" com a revisão do Programa de Alimentação do Trabalhador (PAT). Segundo o vice-presidente, essa revisão vai trazer uma redução de intermediação e um ganho importante para o setor produtivo.