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Acciona e Gamesa lideram disputa para fornecer turbinas a novas eólicas, dizem fontes

27 dez 2017 - 15h53
(atualizado às 17h56)
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As fabricantes de turbinas eólicas Nordex-Acciona e Siemens-Gamesa largaram à frente na disputa por contratos junto aos investidores que ganharam na semana passada leilões de contratos de energia promovidos pelo governo no Brasil, disseram à Reuters duas fontes com conhecimento do assunto.

Turbina eólica usada para gerar eletricidade na cidade de Fortaleza, no Brasil
26/04/2017
REUTERS/Paulo Whitaker
Turbina eólica usada para gerar eletricidade na cidade de Fortaleza, no Brasil 26/04/2017 REUTERS/Paulo Whitaker
Foto: Reuters

Os leilões para atender à demanda das distribuidoras de eletricidade a partir de 2021 e 2023 contrataram cerca de 1,5 gigawatt em novos parques eólicos após o país passar dois anos sem licitações para a fonte, o que acirra a concorrência entre fornecedores por contratos.

Os projetos eólicos que negociaram energia nos leilões demandarão investimentos de cerca de 8,5 bilhões de reais, segundo dados da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE).

Segundo as fontes, que falaram sob a condição de anonimato porque os negócios são privados, a Nordex-Acciona está em negociações avançadas com cerca de 630 megawatts em projetos da italiana Enel Green Power, principal vitoriosa nos certames, enquanto a Siemens-Gamesa negocia com ao menos 500 megawatts em empreendimentos, incluindo alguns parques da Enel e os da francesa Voltalia e da Neoenergia.

"A Acciona e a Gamesa aparentemente foram as grandes vencedoras em termos de market share nesse leilão", disse uma das fontes.

De acordo com a outra fonte, a Siemens-Gamesa ainda está em negociações com a EDP Renováveis, do grupo português EDP, o que poderia levar a até pouco mais de 700 megawatts em contratos para a companhia no caso de sucesso.

Já a norte-americana GE tem buscado negociar 90 megawatts em turbinas com a geradora Omega, enquanto uma parceria entre a pernambucana Eólica Tecnologia e a European Energy tem avaliado a possibilidade de utilizar máquinas importadas da dinamarquesa Vestas, adicionou a segunda fonte.

Procuradas pela Reuters, Nordex-Acciona, Siemens-Gamesa e GE não responderam a pedidos de comentário. A Vestas disse que "tem como política não divulgar contratos que ainda não são firmes e públicos".

A Enel disse que não comenta nomes de fornecedores e que possíveis informações sobre suas negociações são provavelmente especulações de fornecedores.

A Omega disse que não comentará enquanto não formalizar um contrato, o que ainda não aconteceu.

O presidente da Eólica Tecnologia, Everaldo Feitosa, disse à Reuters que não há contrato formalizado para seus parques, mas admitiu que a empresa já utilizou tecnologia da Vestas em outras ocasiões e que a empresa avalia trazer equipamentos do exterior.

A EDP Renováveis disse que não divulga esse tipo de informação. Voltalia e Neoenergia não comentaram.

DISPUTA FORTE

O hiato de dois anos sem licitações para usinas eólicas no maior mercado de energia da América Latina, onde grande parte dos fornecedores do setor possui fábricas locais, gerou uma intensa concorrência que ajudou a derrubar os preços dos projetos da fonte ao menor patamar já registrado no país.

"Tinha um efeito de oferta represada, então houve apetite grande dos investidores... e os fornecedores também muito incentivados a vender. Em minha visão, o investimento (para se construir uma usina) deve ter sido bastante reduzido comparado ao que o mercado vinha fazendo até 2015", disse à Reuters o chefe de project finance em energia do Itaú BBA, Marcelo Girão.

Ele calculou que a taxa de retorno dos empreendimentos ficará na casa de um dígito, mesmo considerando-se que muitos vão conseguir cortar orçamento ou antecipar obras.

Segundo Girão, isso indica que a maior parte dos investidores considerou em suas premissas para a disputa que o Brasil deve ter sucesso em sua agenda de reformas estruturais, apesar de uma possível volatilidade no cenário em 2018, devido às eleições presidenciais.

"Os retornos são apertados, mais baixos que costumavam ser, mas é relativo. Se (o país) continuar no caminho correto, o cenário político continuar estável, o retorno pode ser adequado", apontou.

Girão ressaltou ainda que os vencedores das licitações estão todos associados a grandes grupos multionacionais do setor de energia, o que amplia as possibilidades de os empreendimentos serem entregues sem grandes transtornos ou atrasos.

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