O governo terá de receber um ágio de cerca de 29% em relação ao preço mínimo de R$ 1,850 bilhão estabelecido para a privatização do Banespa para não ter prejuízo com a venda, segundo avaliação de técnicos do próprio governo federal. Se o valor alcançado no leilão não chegar a cerca de R$ 2,3 bilhões, a União terá pago muito caro pelas ações que comprou do governo paulista em dezembro de 1999. Em compensação, se o ágio for maior e o preço de venda superar os R$ 2,3 bilhões, quem terá prejuízo será o governo de São Paulo, que receberia mais se ainda fosse dono do banco. Em dezembro do ano passado, o Tesouro Nacional pagou R$ 2 bilhões ao governo de São Paulo por 66% das ações ordinárias do Banespa e se tornou dono do banco. Considerando que o Banespa só será vendido um ano depois da operação feita com o Tesouro, o valor corrigido do que foi pago a São Paulo é cerca de R$ 2,3 bilhões, levando em conta a taxa de juros paga nos títulos do Tesouro Nacional acumulada esse ano.
Como o contrato assinado com o governo estadual foi de venda definitiva, não haverá acerto de contas, qualquer que seja o resultado do leilão. Se o ágio ultrapassar os 29%, a União terá feito um bom investimento, pois terá pago o equivalente a R$ 2,3 bilhões em valores de hoje e recebido mais que isso.
Caso contrário, o lucro terá sido do governo do Estado de São Paulo, pois terá conseguido vender o banco por um preço mais alto que o que ele realmente vale. O secretário do Tesouro Nacional, Fábio Barbosa, afirma que a operação de compra das ações do Banespa teve o preço justo para a época em que foi feita e, portanto, não haveria por que falar em lucros ou prejuízos no leilão.
"Todo negócio envolve algum risco e na avaliação que foi feita do Banespa àquela época foram considerados o valor dos ativos do banco e a expectativa de ganhos futuros e chegamos ao preço justo", explica. O secretário descarta qualquer possibilidade de negociação com o governo paulista, caso o ágio obtido no leilão supere os 29%. Segundo ele, "o contrato está sacramentado para o bem ou para o mal".
Barbosa lembra que, quando comprou o Banespa, a União assumiu todos os riscos do banco, inclusive a possibilidade de a prefeitura de São Paulo, que tinha dívidas com o Banespa, não conseguir renegociar sua dívida e da cobrança da multa que a Receita Federal havia aplicado ao banco e cujo pagamento ainda está sendo discutido. A Secretaria de Fazenda do governo paulista não quis se pronunciar sobre o assunto.
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