Cobertura da operação no Rio ressalta uma falha grave na maioria das emissoras
Telejornalismo precisa fazer mais do que noticiar as ocorrências criminais
Ao longo da terça-feira (29), os canais exclusivos de notícias e todos os telejornais da TV aberta priorizaram a cobertura da megaoperação policial contra o crime organizado no Rio.
A overdose de imagens e informações evidenciou um problema que precisa ser corrigido urgentemente: a falta de jornalistas especializados em segurança pública.
Há vários que dominam a economia e a política, porém, raros podem fazer análises consistentes a respeito do funcionamento dos grupos que dominam as comunidades, a dinâmica do acesso às armas pesadas, das políticas de Estado e do papel do Judiciário.
Comentários genéricos, observações indignadas e mensagens de apoio à população não bastam. Por isso mesmo, as emissoras recorrem a convidados, como acadêmicos, ex-policiais e juristas, para ir além de apenas noticiar os fatos.
Na líder de audiência da TV paga, a GloboNews, Octávio Guedes se destacou na cobertura do caos sangrento no Rio pela experiência diária da insegurança pública em seus tempos de editor de jornal impresso.
Ele é um dos poucos que conhecem as engrenagens da estrutura do crime. Não apenas na teoria, também na prática como morador da cidade brasileira mais famosa e famigerada do planeta.
Os canais precisam investir na formação de jornalistas e na produção do jornalismo investigativo para oferecer uma cobertura fundamentada e experiencial sobre essa pauta relevante na vida de milhões de brasileiros vivendo sob o medo — assunto este que poderá nortear a campanha presidencial de 2026.