Carlos Lombardi demonstra evolução em 'Pecado Mortal'
Carlos Lombardi bem que tenta. Mas Pecado Mortal ainda não conseguiu reconquistar o Ibope dos noveleiros" para a Record. E do jeito que está indo, sempre entre os 6 e 9 pontos de audiência, nem aos dois dígitos tão desejados pela emissora a novela deve chegar. A cada capítulo, é possível perceber que Lombardi está fazendo a parte dele. Escorando-se no que fez de melhor e pior ao longo da carreira, o texto do autor roça a fina ironia dos folhetins clássicos que assinou nos 30 anos que ficou na Globo, caso de Quatro Por Quatro (1994) ou Uga Uga (2000). E ainda consegue ir além. Pois mesmo as cenas de sexo, tão comuns nas novelas antigas, demonstram um grau maior de safadeza e liberdade do autor no trabalho atual.
Tirando o lado sensual e o tom cômico tão peculiares nas histórias do dramaturgo, Lombardi também se arrisca muito bem no drama de tintas pesadas e ambientado nos bastidores do jogo do bicho na década de 1970. E aí está a grande pedra no sapato de Pecado Mortal. Ao contrário do prólogo do folhetim, fiel à estética dos anos 1940, a era disco é muito mal representada nas sequências da novela, onde carros de época convivem com objetos novos, figurinos atuais, pinturas frescas e asfalto tinindo. O resultado é fake e sem sentido. Mais preocupada em dar movimento e forma ao tom ágil da trama, a direção se esquece do elenco e peca por não prestar a devida atenção a quem ainda não se adequou bem ao texto e estilo da novela, caso de Daniel Del Sarto e Gustavo Machado. Em alguns momentos, sobram cenas mal acabadas até para o protagonista Carlão, de Fernando Pavão.
Acostumado a deixar seus folhetins nas mãos das mulheres – é só lembrar de novo de Quatro Por Quatro –, Lombardi conta com um time de peso e que segura as cenas mais tensas de Pecado Mortal sem grandes esforços. É por isso que, no confronto direto, o elenco masculino perde feio. Principalmente, quando as sequências envolvem Simone Spoladore, Paloma Duarte, Betty Lago e Jussara Freire, atrizes que brincam com as nuances e ambiguidades de suas personagens. Mais lembrada pelos tipos densos que viveu no passado e flertando cada vez mais com personagens leves e de comicidade aflorada, Spoladore consegue ser solar e sexy sem perder o lado mais sisudo da promotora Patrícia, papel que resume boa parte das armas do texto de Lombardi, chegando a se enroscar com Carlão cerca de nove vezes por capítulo.
Pecado Mortal – Record – De segunda a sexta, às 22h15
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