'Espero que o acordo seja impedido', diz articulador da PL do streaming sobre acordo Netflix-Warner
André Sturm, presidente do Sindicato da Indústria Audiovisual do Estado de São Paulo e diretor-geral do Museu da Imagem e do Som, deseja que a união entre as empresas seja impedida pelos órgãos que garantem a competitividade do mercado e vê com bons olhos a chegada da Paramount na disputa
André Sturm, presidente do Sindicato da Indústria Audiovisual do Estado de São Paulo (SIAESP) e diretor-geral do Museu da Imagem e do Som (MIS), espera que o acordo Netflix-Warner seja impedido pelos órgãos que garantem a competitividade do mercado e vê com bons olhos a chegada da Paramount na disputa.
O tradicional estúdio cinematográfico fez uma oferta de US$ 77,9 bilhões para a compra de todas as ações da Warner, ameaçando a proposta da Netflix de US$ 72 bilhões, numa briga cuja resolução deve redesenhar toda a indústria do entretenimento nas próximas décadas.
"A Netflix comprar a Warner é um grande problema. A Warner é um dos estúdios que tem o acervo mais importante e uma empresa que há décadas apoia, investe e distribui grandes cineastas, e que prioriza o lançamento em salas de cinema - algo que a Netflix despreza", afirma Sturm, que também é diretor e roteirista, tendo finalizado recentemente o longa-metragem A Conspiração Condor, com previsão de estreia no circuito comercial em março de 2026.
Ao anunciar a compra da Warner, a gigante do streaming afirmou que iria manter as operações do estúdio, incluindo seus lançamentos nos cinemas. Em conferência com os investidores na sexta-feira, 5, porém o co-CEO da Netflix Ted Sarandos afirmou que as janelas de exibição no cinema iriam "evoluir", dando a entender que o tempo dos filmes na tela grande iria diminuir - o que aumentou receios na indústria. Na última segunda, 8, Sarandos mudou o tom e disse que a empresa está "comprometida a lançar os filmes da mesma forma que eles são lançados hoje".
PL do streaming
Ativista cultural, Sturm é um articuladores do PL do streaming, que foi aprovado pela Câmara dos Deputados e será votada em breve no Senado Federal. O Projeto de Lei 8889/2017 visa regulamentar os serviços de vídeo sob demanda.
Sturm acredita que este seria o plano mais importante da história do audiovisual brasileiro. "A lei cria uma obrigação para uma cota de conteúdo brasileiro nas plataformas. Assim, elas são obrigadas, evidentemente, a comprar esse conteúdo, o que gera uma movimentação econômica", explica.
O gestor acredita que a principal barreira em torno do tema é a desinformação, já que muitos parlamentares se opõem à proposta por puro desconhecimento, confundindo-a com uma simples "taxação do streaming", quando, na verdade, seria um um mecanismo de fomento.
"Todos os setores do audiovisual contribuem com essa taxa que se chama CONDECINE (Contribuição para o Desenvolvimento da Indústria Cinematográfica Nacional). As TVs abertas pagam, as TVs fechadas pagam, as empresas de telefonia celular pagam, as salas de cinema pagam", explica ele. "Mas 60% do valor dessa taxa, as plataformas vão poder reter e vão poder usar o dinheiro para comprar conteúdo brasileiro", complementa.